Chegamos à metade de Cavaleiro das Trevas III – A Raça Superior. Está acompanhando a minissérie? Já leu as resenhas anteriores?
Segue a resenha do quarto número, repleto de SPOILERS, evidentemente:
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Depois da rebelião de Lara, filha do Superman com a Mulher-Maravilha, no capítulo anterior, esperávamos muita luta e destruição para este número. Realmente é o que acontece, o que pode satisfazer muita gente que curte ver o Super apanhando. Lembrando que não estamos falando apenas da adolescente revoltada, mas de Quar e centenas de acólitos, o que cria um problema de proporções alarmantes.
Depois de um início interessante, coisa que é difícil deixar de citar conforme a história avança, é incrível como o texto de Azzarello e Miller transita entre o óbvio, o incoerente e o ingênuo. Mulher-Maravilha ainda não entrou na briga, Ray Palmer reaparece perdido no mundo subatômico, Flash surge, Superman derrotado – porém, com brechas para a inevitável volta – e a comissária Yindel recrutada para uma aliança com Bruce Wayne e Carrie Kelley.
Essa “derrota” do kryptoniano poderia ser melhor elaborada, afinal, temos uma multidão de seres com o mesmo nível de poder que ele, capazes matá-lo, pelos danos que vemos durante a luta. Como é uma HQ pretensamente mais adulta e elaborada, não há como explicar por qual motivo os vilões não o teriam rasgado ao meio, preferindo uma situação característica de uma era mais ingênua dos super-heróis.
Ainda batendo na tecla da multidão kryptoniana que domina o planeta, também soa absurdo que eles ordenem que o Batman seja entregue. Ignorando que ele parece em ótima forma, comparado com sua primeira aparição na HQ, essa aura de “Chuck Norris” criada em torno do personagem é bem incômoda, pois aqui o colocam para resolver algo pior que o apocalipse, coisa que ele deve fazer até o fim da história. Além disso, não é estranho o povo de Kandor preocupar-se com ele? Pior ainda… eles mesmos não tem recursos para encontrá-lo e precisam que o povo da Terra faça isso por eles? Será que isso pode vir a ser explicado mais à frente? Tomara, mas não acredito muito nisso…
Piorando um pouco esta edição, a mini-revista protagonizada por Carrie Kelley, como Batgirl, se liga diretamente com o que vimos neste Livro Quatro. A moça finalmente “recebe o diploma” de vigilante e vai atrás do Aquaman. Piora porque, diferente do Livro Um, onde a arte de MiIller estava mais caprichada, aqui ele faz seus desenhos largados que marcam sua fase recente como artista.
Realmente algo muito ruim, também na escolha das cores, contrastando com o bom trabalho de Andy Kubert na narrativa principal. Ainda que Kubert seja obrigado a seguir um ou outro maneirismo de Miller, como o tamanho exagerado de Bruce Wayne, que funcionava melhor no traço estilizado de Miller no primeiro Cavaleiro das Trevas, é o trabalho dele que ainda segura essa minissérie.
Aguardando o quinto sem muito entusiasmo.