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Ascensão de Prometeu – Quebrando paradigmas!

Robert Anton Wilson desafia leitores em Ascensão de Prometeu

Parece adequado começar esse texto citando Herman Hesse, já que suas obras mais lembradas, Sidarta e O Lobo da Estepe, enfocam processos psicológicos. Mais ainda pelo segundo ambientar parte de sua narrativa em um local que só admite a entrada de raros e loucos. Sendo assim, já deixamos claro que Ascensão de Prometeu (Prometheus Rising, originalmente publicado em 1983) não é uma leitura de ficção, embora seu autor – Robert Anton Wilson, ou simplesmente RAW – também tenha produzido esse tipo de literatura ao longo dos seus 74 anos.

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É realmente difícil mensurar o alcance e a variedade da obra deste norte-americano, falecido em 2007. Além de escritor, RAW foi filósofo, psicólogo, futurista e pesquisador, com convicções anarquistas que ficam claras quando se mergulha nos seus escritos. Uma personalidade fascinante, que mereceria um texto dedicado somente a ele. Aliás, entre seus poucos textos que chegaram ao Brasil, alguns podem ser encontrados na coletânea Futuro Proibido. Mas sobre o que é nosso livro aqui em questão?

Primeiramente, para muitas pessoas, principalmente os revendedores, faltam parâmetros de julgamento. Por isso, Ascensão de Prometeu acaba perdido em prateleiras de auto-ajuda ou esotérico, junto com vários outros títulos da editora Madras, responsável por essa edição nacional. O nicho de público que se interessaria por ele jamais o descobriria por acaso, justamente por esse motivo. Agora, digamos que você faça parte de uma parcela de leitores que se interessa por, simplificando dentro dos limites impostos pela linguagem, psicologia pouco ortodoxa. Se isso chamou sua atenção, talvez o livro seja mesmo para você.

O que RAW propôs em seu livro é, novamente simplificando, uma espécie de manual que expande parâmetros de interpretação do mundo e de nós mesmos. Nada dito como absolutamente concreto ou impositivo, na verdade. Partindo dos oito circuitos neurológicos de Timothy Leary, semântica, auto percepção e outras abordagens inusitadas, o texto faz sua exposição e nos convida a uma série de reflexões, propondo exercícios a cada capítulo. Parece uma espécie de terapia de choque em termos de entender nossa visão da realidade, que não necessariamente é compartilhada pelo nosso próximo.

Não é algo que tente explicar o mundo, tratando seus leitores como leigos. Tampouco tenta forçar algum tipo de doutrina junto com essas ideias. Na verdade, pouco importam as crenças e valores de cada um, já que esses processos fazem sentido dentro de uma lógica comportamental, que também não é condicionamento de forma alguma. Parece confuso para quem não conhecia, e de fato o é quando tentamos descrever, mas é muito necessário um esforço de compreensão, já que o fim do primeiro capítulo e seus exercícios já causam muito estranhamento, o que leva a desistências. Quase foi o caso deste que vos escreve.

Resenha de Ascensão de Prometeu - Robert Anton Wilson

Robert Anton Wilson (1932 – 2007)

Um esforço necessário para os dias de hoje

Mesmo quem não concordar com Ascensão de Prometeu, ou achar tudo uma bela farsa, deve dar o braço a torcer em, pelo menos, um tópico. O autor não faz julgamentos sobre valores religiosos ou políticos que alguém possa ter, estimulando de forma prática a tentativa de ver o mundo pelos olhos do outro. Em tempos de polarização agressiva, nem é preciso explicar o quanto esse esforço é válido, não importando a via.

No fim, para quem ainda tiver dúvidas sobre o que encontrará nestas páginas, além de capítulos detalhados sobre os circuitos de Leary com complementos, podemos definir os exercícios como psicodramas com apenas um participante. Esforços que encontram até um eco nas práticas de Magia do Caos, uma associação que aparece naturalmente quando falamos em RAW, ainda que ele nunca use o termo.

A relação deste raciocínio com G. I. Gurdjieff, que tem uma ligação direta com Alejandro Jodorowsky, acaba gerando mais interesse e agregando um valor a mais para os iniciados. Quem leu A Jornada Espiritual de Um Mestre pode encontrar intersecções entre as experiências do artista chileno e a proposta de Ascensão de Prometeu.

Chega a ser uma tarefa ingrata tentar explicar aqui o que Robert Anton Wilson ofereceu com o texto. Porém, se essas poucas palavras serviram para aguçar sua curiosidade, é bem provável que você se enquadre nos raros e loucos citados no primeiro parágrafo. Mesmo assim, é bom já ter em mente que nada seria capaz de preparar alguém para essa aventura interna.

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