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Prévia e entrevista de WARREN ELLIS sobre BLACKCROSS, uma mistura de super-heróis e horror!

Inspirado por uma viagem a Pacific Northwest (PNW), região noroeste da América do Norte, e seu clima à la Twin Peaks, o britânico Warren Ellis escreveu Blackcross, que conta com a arte de Colton Worley. É uma história sobre pessoas aparentemente comuns, assombradas por “outros” e entidades que querem “entrar”. Blackcross é parte do Projeto Superpowers*, da editora Dynamite, uma releitura de heróis da Era de Ouro, mas Ellis deixa claro que neste caso, o sobrenatural vem primeiro, lembrando que as histórias de super-heróis sempre foram um híbrido de elementos de outros gêneros. Segredos, fantasmas, um possível serial-killer, tudo isso está em Blackcross, chegando às lojas gringas em 04 de março.

*Um encadernado foi publicado aqui pela Devir.

Blackcross  Dynamite

Segue a entrevista de Warren Ellis para Hannah Means Shannon,  do Bleeding Cool,  sobre essa HQ, além de uma extensa prévia bacana da arte:

Existem tantos super-heróis e personagens de aventura criados durante a Era de Ouro… O fato de que muitos foram virtualmente esquecidos tem um significado emocional para você? Dar a eles uma nova forma de vida soa como uma coisa positiva?

Não acho que isso se aplique especificamente neste caso, já que essa linha de personagens, caindo em domínio público, teve uma série de retomadas ao longo dos anos. Mas eu encontrei esse grupo inusitado de propriedades estranhamente fascinantes, tropeçando nelas enquanto pesquisava durante os anos 90. Eles tinham essa peculiaridade genuína de pulps, que eu associo aos quadrinhos de super-herói daquela era.

Por que lhe ocorreu situar Blackcross em uma cidade pequena de Pacific Northwest? Quais os tipos de vantagens ou influências que essa localização tem para criar uma história como essa?

Honestamente, eu acho que grande parte disso foi por eu estar viajando pela PNW quando essa ideia veio. Twin Peaks (o seriado de TV criado por David Lynch) também entra no meio, pois quando você cruza uma pequena cidade no pé do Monte Hood, com grandes pinheiros por toda parte, você não pode evitar de pensar em Twin Peaks. Ou mesmo em Portland, sério, com a névoa em volta das florestas montanhosas, no outro lado de Willamette. Lindo, frio, remoto. Ótimo lugar para uma história de fantasmas.

Blackcross  Dynamite

Por que você acha que existe, na cultura pop, um esforço reconhecível de criar narrativas de serial killers com elementos ocultos?

Isso provavelmente está aí desde antes de Jack, O Estripador, certo? Procuramos por padrões em tudo, como espécie, e precisamos entender o motivo por trás do comportamento específico de um serial killer, então a tendência é que inventemos padrões para isso. “Oculto” significa escondido e secreto. Existe um pouco mais oculto do que assassinato em série.

No primeiro número de Blackcross, temos algumas ressonâncias misteriosas entre a associação de símbolos e nomes para assassinos e símbolos e nomes para super-heróis.  Essa é uma linha tênue que separa os dois, em sua opinião?

Nenhum vilão é um vilão em sua própria mente. Todo mundo é o herói de sua própria história. As diferenças estão em suas necessidades e na distância que eles estão preparados a percorrer para alcança-las. Eu tive essa ideia meio séria – falei sobre isso em Nova York há um ano ou dois – esse assassinato é todo sobre o assassino melhorando sua qualidade de vida.

Blackcross  Dynamite

Blackcross é um quadrinho de horror? A frase “Você tem que nos deixar entrar” é o bastante para deixar alguém sem dormir, com certeza…

Imagino que provavelmente seja. Certamente é uma história sobre assombração. Em algum nível, é provavelmente também sobre identidade, mas isso também está ligado ao elemento de possessão. Estou sendo um tanto vago, eu sei, mas estou tentando evitar explicar a coisa toda antes que seja publicada…!

O primeiro número de Blackcross parece quase super-carregado de medo de vários tipos. Você considera o medo limitador ou um fator de motivação na vida?

Isso é algo que eu tenho revirado na minha cabeça por uns anos, de um jeito menor. Eu acho que é limitador. Ele nos paralisa. Torna difícil pensar. Paul Virilio tinha essa noção que o medo é a ferramenta administrativa da sociedade sobre a população – e ainda, que a velocidade é a agência do medo. Padrões e métodos interagem tão rapidamente que sua velocidade, eventualmente, faz que suas ações pareçam aleatórias à população. E quando  não podemos discernir um padrão, então começamos a temer ações aleatórias dos céus. De ataques de drones a eventos financeiros. Pequenos eventos de medo podem ser motivacionais e até mesmo produtivos, claro. Mas eventualmente se torna ameaçador – a aceleração do medo, como disse Juha van’t Zelfde  – e o pavor imobiliza e deprime.

Desculpe. Essa é a primeira coisa que faço hoje, e normalmente eu  penso sobre essas coisas ao invés de dar entrevistas, então você tem aí um meio raciocínio e um passeio filosófico codificado…

Blackcross  Dynamite

Tudo bem, Warren. Obrigada pelo passeio. Mas agora estou aterrorizada, então obrigada por isso.

Você pode falar mais sobre os personagens centrais? Como você ajusta esse grupo de pessoas no centro desta “história de fantasmas super-heróica”?

Bem, essa é a parte simples, que veio de uma conversa sobre usar essa linha de personagens, e então eu busquei uma ideia que os ajustasse. Todas as pistas então no texto original. Bob Benton, o Terror Negro, era uma farmacêutico, por exemplo, e uma cidade pequena precisa de um farmacêutico. Era sobre encontrar pessoas reais enterradas naqueles personagens e desenvolve-las, pois isso é muito sobre um grupo de pessoas comuns sendo assombradas por estranhas figuras de Outro Mundo. Um tipo diferente de “história de origem”, talvez.

Você acha que histórias de super-heróis podem, ou devem, ser combinadas com muitos outros gêneros, gerando narrativas diversificadas?

Bem, elas sempre tem sido. A ficção super-heróica   em si começou como uma combinação de três ou quatro outras formas ficcionais. Eu não acho que haja uma forma “pura” de ficção super-heóica, e se isso vai continuar, vai precisar de um novo gás. Eu considero Blackcross como o inverso – é uma história de fantasmas usando elementos de super-heróis. Vamos conferir se consigo algo novo aí.

Segue a prévia de Blackcross #1, cortesia da Dynamite:

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