Um grande momento dos mangás em O Preço da Desonra
A editora Pipoca & Nanquim fez um favor ao mercado brasileiro com a publicação de O Preço da Desonra, trazendo o trabalho de Hiroshi Hirata para os fãs dos Quadrinhos japoneses. Não apenas mais um mangá de samurai, a edição se destaca pela bela desconstrução da figura mítica destes guerreiros. Assim como em Lobo Solitário, é um trabalho meticuloso de pesquisa, que brinda seus leitores com uma imersão reveladora na cultura nipônica, mas não sem entregar também cenas dos mais belos grafismos violentos, algo esperado neste tipo de leitura.
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Aqui, somos apresentados a um lado menos nobre desta casta privilegiada de guerreiros, já que tudo gira em torno das “promissórias de vida”. Esse recurso era usado nos campos de batalha, onde alguém derrotado e prestes a ser morto oferecia dinheiro ao seu algoz em troca de sua vida poupada. Um contrato selado em sangue, literalmente, muitas vezes com a esperança de que o tomador da dívida nunca aparecesse novamente para cobrá-la. Mas, como em todos os negócios inacabados do passado, as coisas retornam quando menos se espera.
Sendo uma mancha na vida destas pessoas, não raro, eles simplesmente ocultavam esse arranjo e seguiam suas vidas, negando a existência da dívida. A figura do tomador Hanshiro, que liga os contos independentes da edição, é o ronin que realiza o serviço terceirizado. Extremamente competente no uso da espada, nada o impede de realizar seu trabalho, mesmo que precise confrontar os devedores. Isso cria um pano de fundo absolutamente interessante no mangá, onde Hirata se ocupa das fragilidades humanas presentes em uma sociedade tão rígida em um período histórico complicado.
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