A Ficção Científica emocionalmente cativante de Flores Para Algernon
Na esmagadora maioria dos casos, a Ficção Científica se ocupa de temas muito além da esfera individual. Esse foco faz com que o gênero se afaste de jornadas dramáticas que se apoiam em um ou mais personagens específicos, já que são objetivos muito diversos. Porém, existem exceções muito bem vindas neste tipo de literatura, mesclando um conteúdo intelectual denso e profundo com elementos dramáticos consistentes, sem apelação. É exatamente isso que Daniel Keyes conseguiu com o aclamado Flores para Algernon (Flowers For Algernon).
Lançado em 1966, desenvolvendo a ideia a partir de um conto que o autor publicou sete anos antes, o livro nos apresenta o deficiente mental Charlie Gordon, um homem de trinta e dois anos com a percepção de uma criança em idade pré escolar. Rejeitado pela família e mantendo-se sozinho como consegue, Charlie é escolhido como o primeiro ser humano para um tratamento que aumenta sua inteligência a um nível inimaginável em poucos meses. Infelizmente, ele percebe que isso não garante a aceitação que ele esperava, encontrando identificação apenas na cobaia anterior, o rato Algernon.
Daniel Keyes (1927-2014)
(Confira também nossas últimas resenhas do catálogo da Aleph, como Poeira Lunar, Justiça Ancilar eEncarcerados)
Flores Para Algernon tem a sensibilidade de nos colocar na pele de seu protagonista. Narrado através dos relatórios que Charlie prepara para o experimento, encontramos inúmeros erros de gramática no início do livro, compreendendo a severidade de sua deficiência. Aos poucos, o progresso se torna evidente pela sua escrita que vai ajustando-se até o nível de alguém bastante culto. Compartilhamos seu sofrimento e torcemos por ele de uma forma que seria mais difícil com outra estrutura narrativa.
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