Osamu Tezuka e o mal estar de toda uma sociedade em Ayako
Ayako, do mangaka Osamu Tezuka, é mais do que simplesmente uma obra-prima; é um recorte da condição humana tornado papel, uma janela portátil e acessível para um passado que muitos prefeririam esquecer. Não há como fazer apresentações muito sutis sobre a peça – Tezuka, quando começou a publicar esta história, já havia muito passado pelo período de colocar panos quentes na sua arte e na sua sociedade.
Publicado entre 1972-73, Ayako talvez seja a obra mais imersa no período pessimista – e, portanto, altamente crítica – do mangaka. Ela apresenta a mesma complexidade narrativa e ousadia na diagramação dos quadros, mas é, tematicamente, incomparavelmente mais densa do que suas obras anteriores. Ao desenvolver a história da família Tenge, Tezuka nos apresenta um breve recorte da sociedade japonesa enquanto fato, não enquanto ideia – algo que só os maiores gênios são capazes de fazer. Lançado pela Editora Veneta (Jeanine, A Louca do Sagrado Coração), é uma HQ indispensável.
Na trama, a pequena Ayako Tenge é testemunha involuntária dos segredos sórdidos de sua família, que incluem assassinato, traições e incesto. Sendo a engrenagem menor e mais frágil da delicada estrutura que sustenta os privilégios da família Tenge, isso é um perigo – pois, no período de imediato pós-guerra, onde a história tem início, qualquer privilégio é um luxo de poucos. Assim, a família decide que Ayako deve suportar o fardo desse conhecimento. A punição por uma frágil combinação de informação e inocência? Ser trancafiada no porão da família por mais de duas décadas.
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