Um clássico dos anos 80, Asas do Desejo foi além do contexto da época
Existem filmes que trazem uma iconografia que se torna até mais famosa do que eles próprios. O icônico longa alemão Asas do Desejo (Der Himmel über), de 1987, é um desses casos, cujo visual foi utilizado no clipe da música Stay (Faraway, So Close!), do U2. Além de uma referência com esse alcance, o filme é um dos grandes momentos do premiado cineasta Wim Wenders, bastante influenciado pelo momento político mundial, retratado através da Berlim antes da queda do Muro.
Asas do Desejo acompanha dois anjos, Damiel e Cassiel, que observam a cidade enquanto seguem sua existência, inspirando os seres humanos alheios à sua existência. Quando Damiel, vivido por Bruno Ganz, se apaixona pela trapezista Marion, passa a questionar se deve ou não abrir mão de sua condição e viver como mortal. Poderia ser apenas mais uma história de amor entre tantas, mas o filme é carregado de ricos simbolismos sobre a dualidade, intimamente ligados com a Berlim dividida, mas essa carga contextual não foi bastante para deixá-lo datado.
O filme de Wenders se sustentou muito bem com o passar dos anos, não apenas pelo brilhantismo técnico e atuações, que capturam belamente a melancolia dos personagens. Isso porque as questões de dualidade envolvidas nesta trama ultrapassam a condição política de qualquer época, mantendo-o ainda muito relevante como obra cinematográfica. A poesia e o lirismo se unem a qualquer reflexão intelectual que possa surgir dali, mas de forma bastante harmoniosa, em uma experiência bastante rara para qualquer espectador.
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