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Elvis Presley e a Revolução do Rock – Por dentro de Graceland!

Autor francês entregou uma das melhores biografias de Elvis Presley

Escrever sobre uma personalidade que já partiu há décadas é um desafio, com certeza. Potencializado pelo fato da vida desta mesma pessoa já ter sido revirada e investigada de tudo quanto é jeito, gerando inúmeras biografias de vários tipos e tamanhos. Se estivermos falando de Elvis Presley, a coisa complica ainda mais, por conta da complexidade envolvida na curta trajetória do homem que popularizou o Rock’n’roll, mas também é visto por alguns como o primeiro grande “traidor” desta “causa”. Neste caso, foi preciso alguém de fora para escrever com distanciamento, encontrando assim um viés que justificasse o projeto.

Fruto da pesquisa do especialista francês Sebastian Danchin, Elvis Presley e a Revolução do Rock (Elvis Presley Ou La Revanche Du Sud) foi lançado originalmente em 2004, quase trinta anos após a morte do Rei. Publicado no Brasil pela editora Agir em 2010, o robusto volume de 512 páginas merece o lugar na estante dos admiradores de Elvis ou simplesmente interessados em música. Para os que gostam de pesquisar sobre os primórdios do Rock, faz uma dobradinha interessantíssima com outra biografia: Jerry Lee Lewis: Sua Própria História.

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Resenha da biografia Elvis Presley e a Revolução do Rock

Já deixando claro, o foco de Danchin não é em sensacionalismo ou teorias da conspiração de qualquer tipo. O escritor mira, e acerta, no homem por trás da lenda criada. Uma pessoa com seríssimos problemas psicológicos, apesar do enorme talento, que não soube assimilar seu sucesso e acabou tragado por ele mesmo. Não é o caso de relativizar os excessos de alguém que, em seus últimos anos, já havia perdido o senso de realidade ao ponto do delírio, mas compreender o caminho que o levou a isso.

Logo, o livro não perde tempo com fofocas de nenhum tipo, intrigas de estúdio ou detalhes que não acrescentariam nada ao retrato do ser humano vulnerabilíssimo por trás do ídolo. Existem outras ótimas biografias que preferem transitar por outro caminho, inclusive por um enfoque maior na música, mas Elvis Presley e a Revolução do Rock consegue destacar-se por manter-se em uma linha sóbria, mas ainda assim provocar o lado emotivo do leitor. Isso, claro, pelo seu biografado ser uma figura multifacetada ao extremo.

A virada do caminhoneiro de Tupelo, Mississipi, a ícone da música é coberta pelo texto, desmistificando os detalhes românticos que ainda permanecem na cabeça de algumas pessoas. Óbvio que não faltam histórias inusitadas que realmente aconteceram, pois a curta vida de Elvis foi repleta delas. Um desses casos, aliás, virou até filme. Os leitores se divertem, mas também acompanham melancolicamente o aumento do grau de instabilidade do Rei através dos anos.

Resenha da biografia Elvis Presley e a Revolução do Rock

O especial de TV 68 Comeback Special

A vida real e seus plot twists

Como se a vida real fosse um roteiro com pontos de virada definidos, mesmo os conhecedores da trajetória de Elvis podem se emocionar em alguns trechos. O episódio envolvendo o mítico especial de TV em 1968 é um deles, quando o ídolo quase rompeu o ciclo de exploração que sofria nas mãos do empresário, o famigerado Coronel Tom Parker. O autor é hábil em retratar a importância daquele momento, deixando-nos a especular o que teria acontecido se decisões diferentes fossem tomadas.

Não faltam coadjuvantes que desempenharam papéis-chave neste drama, além do próprio Coronel. A maioria deles desprezível, pela forma como se aproveitaram de alguém que tinha pavor da solidão e da falta de adoração do público. O contraste entre estes traços quase infantis e a ostentação de quem dá aviões de presente é mais um ingrediente especial neste caldeirão.

Chegando ao fim da linha em 1977, Sebastian Danchin surpreende mais uma vez, quando uma personalidade inusitada aparece na biografia. O relato do funeral de Elvis ganha contornos mais emocionantes pela participação de ninguém menos que James Brown, que fez questão de comparecer. O depoimento deste outro ícone da música não é importante apenas pela carga dramática que confere ao texto, mas ajuda as gerações seguintes a terem uma ideia do impacto que a trajetória artística e a morte do Rei tiveram.

Seja você fã ou admirador ocasional, tendo lido outra(s) obra(s) sobre o assunto ou não, Elvis Presley e a Revolução do Rock merece seu tempo por ser uma biografia honesta e bem escrita. Vale a leitura não só pelo seu viés especial, mas pela destreza de seu autor na fluidez. Nos parágrafos finais, não estranhe se os versos de My Way vierem à cabeça. Evidentemente, não interpretada por Frank Sinatra.

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