Continuação de Life Is Strange está sendo elogiada por especialistas
A Square Enix está buscando superar alguns tabus que ainda cercam o tema da depressão com seu jogo Life is Strange: Before the Storm. A narrativa de aventura explora os problemas de uma adolescente como luto e solidão, permitindo aos jogadores se colocarem no seu lugar. O primeiro episódio de uma história de três partes acoabou de ser lançado. É o mais recente jogo que procura desestigmatizar condições de saúde mental – um tópico que alguns críticos apontam como sendo mal-trabalhado por muito títulos anteriores.
Life Is Strange desafiando tabus
O novo jogo é um prelúdio para o premiado jogo de 2015, Life is Strange. Como o seu predecessor, ele se foca nas pressões sociais e familiares que pode afetar qualquer conforme esses fazem a passagem da adolencência para a vida adulta. Mas enquanto o primeiro título envolvia viagens no tempo e comunicação diplomática com outros personagens, Before the Storm tem uma abordagem oposta.
Não existe mudança no passado, e a trama se trata muito mais de lidar com as coisas como são, no lugar do que poderiam ser. Os jogadores assumem o papel de Chloe Price, que está deprimida após tanto a morte de seu pai quanto com a mudança de sua melhor amiga. Os jogadores podem retrucar nas situações, e encarar as consequências – os diálogos podem tanto tirar Chloe de situações difíceis, como piorá-las.
“No seu lugar e pelos seus olhos, nós podemos ver o que está acontecendo com os adolescentes hoje,” disse Zak Garriss, escritor-chefe da desenvolvedora do game, Deck 9 Games, para a BBC. “Saúde mental não aquilo sobre o que muito falamos na maior parte das culturas. Existe um tabu cercando a depressão. Nós queremos desafiar esse tabu e dizer: está OK não estar OK.”
Trazendo esperança
Chloe eventualmente faz uma outra amiga – Rachel Amber – que a ajuda a lidar com a sua dor. Os desenvolvedores esperam que isso inspire pessoas a enfrentar emoções dolorosas de cabeça erguida, e que elas se abram para falar sobre como se sentem.
“Na história de Chloe se sentir dentro de uma prisão, você pode ver como tudo pode mudar num piscar de olhos“, disse Garriss. “Quando você está realmente sofrendo, parece que você vai se sentir daquela maneira para sempre. Você nunca sabe o que vai mudar num piscar de olhos, e eu acho que essa é a coisa mais importante para as pessoas que estão lutando contra a depressão e a solidão se lembrarem.”
Videogames sempre foram criticados no passado por representar casos extremos de doença mental, normalmente envolvendo internos homicidas de hospitais psiquiátricos, ou tratando a sanidade como uma espécie de recurso finito, como se fosse uma espécie de barra de energia que se precisasse manter cheia. Entretanto, tem sido feitos outros esforços notáveis para lidar com esse tema de maneiras mais empáticas.
Normalmente, são tentativas feitas com orçamentos menores – exemplos passados incluem:
- A aventura gráfica Actual Sunlight, sobre um homem em sobrepeso que lida com a depressão
- O RPG baseado em texto chamado Depression Quest, no qual o jogador faz escolhas sobre como lidar com a sua condição
- O título line-art Neverending Nightmares, que foi inspirado no caso de desordem obsessiva-compulsiva do próprio desenvolvedor.
Mais recentemente, Hellblade: Senua’s Sacrifice apresentou um personagem que sofre de psicose. Para ajudar a assegurar que suas alucinações parecessem realistas, os desenvolvedores do título entrevistaram diversos pacientes com condições mentais, assim como receberam a consultoria de um psiquiatra do ramo.
Grandes sequências
O que faz de Life Is Strange: Before The Storm notável é que ele está sendo lançado por um dos maiores nomes da indústria. A Square Enix é responsável por franquias imensas, incluindo Final Fantasy, Dragon Quest e Kingdom Hearts. Mas a companhia japonesa destacou que a série Life is Strange atraiu mais seguidores no twitter do que suas marcas mais famosas e bem-estabelecidas.
“A maneira mais tradicional que profissionais de saúde mental agem é esperando os jovens virem até eles – e isso não tem apelo com esse público,” diz o psicoterapeuta Aaron Balick. “Homens jovens e garotos tem menos probabilidade de entrar no consultório. Se você consegue se aproximar dessa audiência e encontrar as pessoas no seu próprio nível, então é uma boa abordagem. Se você pode chamar a atenção deles através dos meios com os quais eles se engajam, então é um bom começo.”
O Formiga Elétrica também leva esse assunto bastante a sério. Se você conhece alguém – ou se você sofre – dessa terrível doença que é a depressão, não tenha medo ou vergonha de buscar ajuda de um especialista. A vida vem em primeiro lugar!