Olá novamente! Hoje falaremos de Fate Sistema Básico, uma matéria um pouco diferente das apresentadas aqui anteriormente. Como o próprio nome diz, Fate Core – ou como lançado no Brasil Fate Sistema Básico – é um sistema básico de RPG. Dã! Mas calma, amigo leitor… O que eu quero dizer é que ele não traz ambientações e cenários, e sim somente mecânicas. Ou seja, um livro de regras gerais para ser usado em qualquer cenário.
Fate é um sistema genérico de RPG baseado no sistema FUDGE (Free-form Universal Donated Gaming Engine) e foi concebido para que os jogadores não fossem limitados pelas várias rolagens de dados. Sua 1ª versão foi criada por Fred Hicks and Rob Donoghue, e 10 anos depois sua 4ª versão produzida pela Evil Hat é lançada no Brasil.
Como já disse, FATE foi criado pela Evil Hat Productions e publicado em meados de 2013 nos Estados Unidos, e fez grande sucesso, sendo um dos 10 rpgs mais jogados de 2014. Premiado no mesmo ano pelo Ennies (a premiação anual da Gen Con em excelência de RPG de mesa) em diversas categorias – entre elas Melhor Jogo (Ouro – FATE), Melhor Sistema de Regras (Ouro – FATE), Melhor Jogo para Família (Ouro – FAE) e Produto do Ano (Prata – FATE).
O projeto FATE foi financiado pelo Kickstarter recebendo mais de U$400.000 de uma meta de U$3.000. No Brasil, Fate foi lançado pela Editora Solar Entretenimento, fundada em 2014, exatamente para nos presentear com esse título, sendo publicado em 2015 via financiamento coletivo pelo Catarse, atingindo R$43.660 de sua meta de R$22.000, tendo sido apoiado por 367 grandes contribuidores da causa.
Uma curiosidade é que em seu financiamento coletivo foi adicionado um sorteio de 2 jogos: O Reino de Bundhamidão e Contágio – Cardgame – ambos autografados por seus game designers para ajudar a realização do projeto. E também foram incluídos nas metas cenários exclusivos desenvolvidos por game designers brasileiros como Igor Moreno, Vinícius Encho Chagas, João Mariano, Rafael Beltrame, Fabiano Saccol, Rafael Meyer, Alan Silva.
O Sistema
O FATE é um sistema de RPG genérico com regras amplas, simples e funcionais. Seu grande destaque é sua maleabilidade – que permite a criação de cenários, aventuras e adaptações com grande facilidade, abrangendo basicamente quaisquer gêneros e temáticas de jogos. Até então muitos sistemas se propõe a isso, mas então porque FATE vai além?
Em FATE não há as características comuns dos RPGs mais conhecidos. Ele faz uso dos Dados Fate, dados especiais com símbolos de + e – com faces em branco; fichas e um sistema de criação de personagens pautado na descrição de suas características, sem se ater às restrições. Isso traz grande liberdade de criação aos jogadores no melhor estilo “seja quem você quiser, como quiser”.
E apenas isso? Não! O genial de FATE são os Aspectos, que são simples afirmações sobre o seu personagem. Caso estivesse escrevendo sua história os aspectos seriam como você o descreveria e o fizesse interessante. Mas outros sistemas usam isso, não? Sim, mas em FATE estes aspectos são mecanicamente relevantes pelo uso de Fate Points. Outra coisa genial dos Aspectos, além de seu uso na interpretação e mecânica simultaneamente, é que você também pode usar ele contra outro personagem. Digamos que seu personagem aprendeu feitiços de fogo com xamãs dragões do crepúsculo ascendente – você pode usar esse Aspecto para lançar bolas de fogo, e usar os pontos de Fate para ganhar +2 em sua rolagem. O contrário também pode acontecer – caso lute com um personagem que use magias de gelo, você pode aceitar sua “fraqueza” e receber em troca um ponto de Fate.
Assim, a variação dos pontos de fate é um processo no qual sua narrativa e Aspectos entram em contato com a mecânica, fazendo a interação realmente importar. Os jogadores precisam de pontos de fate para fazer coisas legais, mas para recebê-los você não pode simplesmente se esquivar de conflitos. Na verdade, quanto mais dramático o conflito que você encoraje o seu DM a te envolver, mais coisas legais você poderá fazer em resposta.
Para o mestre, o envolvimento é dinâmico e fácil de se sustentar. Toda ação que o personagem faz pode ser enquadrada como um ataque, defesa, vantagem ou superar um obstáculo. Cada uma dessas quatro ações tendo seu próprio processo de resolução. Outra facilidade de FATE são os ganchos, temíveis e obscuros. Os mestres sempre os colocam no caminho dos jogadores, para serem sumariamente dispensados. Existem parágrafos e parágrafos de como se lidar com isso e em FATE você pode simplesmente atribuir uma vantagem como “gancho” no personagem. Essa vantagem é um Aspecto que pode ser usado como modificador ou justificar alguma narrativa. No turno do personagem, ele pode tentar remover a vantagem oquê pode vir a ser um obstáculo enorme. Outro princípio seria o Fate Fractal, que explora a ideia que te permite tratar basicamente tudo no jogo como se fosse um personagem.
Uma das poucas desvantagens do sistema seria para se enquadrar em histórias de horror, já que a falta de controle absoluto sobre as ações pode não ocasionar a tensão que este tipo de jogo tanto precisa. Existe também outro ponto negativo (ou nem tanto) – em outros sistemas o jogador pode simplesmente dizer “Eu faço isso” e o mestre magicamente irá atribuir dificuldades e narrar os acontecimentos. Em Fate, nem sempre o “Eu faço isso” irá funcionar. Para atingir o potencial de FATE o jogador precisa entender como seus aspectos funcionam para gerar o potencial máximo na narrativa, caso o jogador não o faça, o GM pode acabar sendo sobrecarregado ao focar mais sua atenção em como os aspectos de determinado personagem funciona.
O Livro
A versão nacional possui a mesma qualidade gráfica e de acabamento da edição americana, com a diferença de que contém cenários, exemplos, artes e personagens totalmente nacionais. São 300 páginas em papel couché A5, com capa dura colorida e miolo p&b. Mais uma grande diferença no projeto FATE são que suas ilustrações foram feitas por ilustradores brasileiros, as quais não perdem em nada para as originais. Algo que torna a versão nacional ainda mais especial.
Lançado juntamente com o Fate Sistema Básico, existe o Fate Acelerado (FAE), uma versão simplificada e elegante do jogo, própria para grupos iniciantes e/ou partidas mais rápidas e casuais. Este material é perfeitamente adaptável e de bom uso para o ensino de RPGs e jogos em geral para novos públicos.
Fate e Fae podem ser adquiridos em cópias físicas e digitais. Inclusive, para aqueles que não se importam com a língua inglesa, a Evil Hat disponibiliza as cópias digitais pelo sistema “Pay what you want” (Pague o quanto quiser).
FATE é sistema simples, intuitivo, e o melhor de tudo: maleável. Ele pode embalar aventuras de grande, média ou pequena complexidade e, por ser fácil de aprender, é recomendado para jogadores novos e mesmo os mais experientes, sem perder a diversão!