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Anões Vol. 1 – De cabeça (quente) na fantasia!

Anões Vol. 1 acrescenta ideias interessantes às velhas figuras dos parrudos guerreiros

Existem poucas coisas tão vorazes quanto a necessidade por Fantasia dos fãs do gênero. Uma pena (ou não) Tolkien – e talvez também Gary Gygax – não terem vivido mais para ver o que se tornou o “monstro” que eles ajudaram a criar. Por definição, a alta fantasia é algo que não possui limites. E talvez por isso, mesmo voltando à velhos tropos constantemente, ela encontra jeitos de nos surpreender. Talvez por isso Anões Vol.1, de Nicolas Jarry e Pierre-Denis Goux, mesmo não possuindo histórias que sejam absolutamente surpreendentes, conseguem atrair a atenção dos leitores.

Compre clicando na imagem abaixo!Anões Vol. 1 - Mythos

Nesse sentido, ponto para a editora Mythos, que entendeu a proposta da editora original, a Soleil, e decidiu lançar Anões pelo seu selo Gold Edition (o mesmo de Elric – O Trono de Rubi) num formato colossal – 32 x 22,8. Isso é particularmente importante, pois o que realmente envolve o leitor no volume é justamente a arte de Goux, um autêntico orgasmo nerd no que toca a paisagens, figurinos, ambientação, etc. É aquele tipo de cenário e personagens que em algum momento todo jogador e/ou mestre de D&D vai usar a seu favor.

Seu traço é consistente e grandiloquente – que, de muitas formas, condiz com a tradicional natureza da raça-tema deste volume. Embora tenhamos citado o Professor no começo do artigo, o ideal é esquecê-lo aqui; nada da sutileza das raças e da magia da Terra-Média existe em Anões. O negócio, como dissemos, é alta fantasia hardcore – esse mundo transpira mágica por todos os poros, e os limites das ações são bem mais abstratos.

Narrativamente, isso tem uma função. Afinal de contas, por genial que seja, ninguém que ver fanfic de Tolkien – os três filmes d´O Hobbit provam isso. Os velhos clichês sobre as clássicas raças são isso: clichês. E mesmo os fãs de fantasia, por mais que gostem dos seus padrões, gostam de ver algo acrescido à eles. É um dos motivos, já que estamos falando de anões, pelos quais uma série de livros como Os Anões, de Markus Heitz, fazer tanto sucesso. No volume em questão, temos duas histórias que, já na saída, brincam com isso: a narrativa de Redwin, um anão que não respeita a base familiar porque o pai – em tese – não respeita as tradições da raça; e a narrativa de Ordo, um anão assassino e furtivo; para quem joga D&D, sabe que anão é uma das últimas raças que imaginamos para um ladino.

Anões Vol. 1 - Mythos

Ou seja, nada da mesma história de guerreiros ferozes e honrados que respeitam a família e as tradições. Jarry quer ver o circo dos diminutos personagens pegar fogo. Não obstante, o fato de serem histórias encerradas em si próprias evita um perigo sempre recorrente em narrativas fantásticas – a ambição grandiloquente da fantasia que acaba nunca amarrando devidamente suas pontas e metendo os pés pelas mãos (eu não falei em Game of Thrones. Você pensou nisso sozinho). São contos relativamente curtos, cuja única conexão é a ambientação. Ainda nessa inevitável comparação, parecem one-shots bem resolvidos de RPG. Sem grandes pretensões, e por isso mesmo divertidos na sua concisão.

Arte para fãs

E o fato de o trabalho de Jarry e Goux ser justamente uma HQ – o que adiciona o sempre envolvente elemento visual aos tropos fantásticos – faz com que essa série, que conta ainda com Elfos e Orks, seja um prato cheio. Mesmo que não se goste muito da história, é possível tranquilamente passar os olhos e se deleitar com as formas e cores de Goux, muito bem dispostas. Sim, existe uma questão de gosto – aqueles poucos acostumados à alta fantasia talvez torçam um pouco o nariz aos excessos que surgem em profusão nas páginas. Para os fãs do gênero, é tudo o que querem.

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O único porém em relação ao volume talvez seja seu preço, levando em conta  também o fato de não haver nenhum extra – sequer uma mini-bio dos autores – para valorizar a HQ. O tratamento visual de luxo da Mythos poderia equivaler ao tratamento conceitual, mas nada que prejudique realmente o volume.

Então, afie seus machados e parta para sua loja de quadrinhos mais próxima, amigo leitor. Só cuidado para não rolar aquela falha crítica na hora de olhar a sua conta bancária…


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