Ano passado, Maze Runner: Correr ou Morrer inaugurou a versão cinematográfica da série de livros de James Dashner, voltados para o público adolescente. Ignorando as características e méritos do material original, e do quanto foi modificado ou permaneceu fiel na transição para as telas, o filme de estreia saiu-se bem. Se não foi nada memorável, tampouco foi desprezível, mas levando em consideração os roteiristas e o diretor iniciantes, o conjunto acabou ganhando mais alguns pontos, o que dava um pouco de ânimo a alguém não iniciado nos livros – eu, por exemplo – a conferir a continuação.
Dos três roteiristas anteriores apenas um ficou, T. S. Nowlin, cujo próximo trabalho anunciado é justamente o terceiro exemplar da franquia. O diretor Wes Ball permaneceu na função e Maze Runner: Prova de Fogo (The Scorch Trials) chegou, infelizmente frustrando quem esperava alguma evolução nesta história. O ainda desmemoriado Thomas (Dylan O’Brien), Teresa (Kaya Scodelario) e o resto dos adolescentes que escaparam do labirinto no filme anterior são resgatados, levados a um complexo administrado por Janson (Aidan Gillen, Petyr Baelish em Game of Thrones), cujo objetivo é encontrar a cura para o vírus Fulgor, conceito explicado no final do filme anterior.
Como aquele ar de “Nada é o que parece, então desconfie de tudo” já foi constituído na série, ninguém vai surpreender-se em logo descobrir que Janson não contou toda a verdade, ainda mais vivido por um ator meio marcado por um papel de fingido. Fora isso, ele também não esconde seu sorriso maléfico cada vez que abre a boca. A segurança do local é, de uma forma conveniente, bastante deficiente e o grupo foge, mas ao encarar o mundo exterior – e os infectados pelo vírus – a narrativa se transforma em uma história de zumbis, utilizando-se dos clichês mais manjados que todos nós conhecemos. Entram na dança até mesmo a jornada até um lendário grupo de sobreviventes, vivendo em algum lugar misterioso que precisa ser alcançado, e a apresentação de um personagem que aparece como egoísta, mas o público já percebe que no fundo ele é bonzinho e mostrará isso na hora certa.
Mais uma vez, vamos ignorar o quanto do que foi citado é fiel ao texto original, pois isso não é desculpa para um mau roteiro e direção. O espectador não precisa prestar muita atenção, desde o começo, para perceber os buracos nestas situações, e o que sobra é tão previsível que não há como se empolgar em reviravolta alguma. Mais longo que o anterior, o subtítulo Prova de Fogo chega a ser quase irônico, já que o final custa a chegar depois que a história atinge sua metade. Como a mania grandiloquente dos estúdios não sossega, a duração é de 131 minutos, seguindo o raciocínio de que passar de duas horas é garantia de alguma coisa boa. Neste caso, de cansaço apenas.
Com mais um filme já programado, Maze Runner: Prova de Fogo termina novamente em aberto, como já esperávamos. Não conseguindo ser um filme ao menos interessante, ele parece indicar que o bom resultado anterior foi um acaso, e que a franquia cinematográfica toda só deve interessar mesmo aos fãs mais radicais dos livros. Pelo sucesso financeiro desta produção, e da próxima, é bom que existam muitas pessoas nesta categoria, já que a via inversa parece bem mais improvável.