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IDIC – A bela mensagem vulcana em Star Trek!

A lógica e a ética caminham de mãos dadas em Star Trek com o IDIC vulcano

O triângulo e o círculo; diferentes formas, materiais e texturas, que representam quaisquer duas coisas que se unem para criar a verdade e a beleza.” – Spock explica o IDIC, em Star Trek

Nós vivemos tempos difíceis. Muitas pessoas se sentem cada vez mais isoladas dentro de conflitos binários que se disseminam com mais e mais força; de coisas frívolas, como esportes e entretenimento, até coisas importantes como política. Mas é justamente nesses momentos de dificuldade que devemos refletir sobre aquilo que queremos para o futuro do mundo e da nossa espécie. E é no futuro – ao menos, no da ficção – que encontramos uma ideia de por onde começar: Infinita Diversidade em Infinitas Combinações, o lema da raça Vulcana, de Star Trek.

A primeira menção a essa expressão surge na forma de um objeto – mais especificamente, um pingente usado por Spock, no quinto episódio da terceira temporada da série original, “Não existe beleza na razão?”, em que o personagem explica que a filosofia da raça vulcana se baseia na ideia de que a pluralidade de elementos que existem no universo é o que permite a existência de tanta riqueza dentro dele. Para os vulcanos, mesmo algumas coisas que parecem opostas e contraditórias podem se unir para gerar beleza e conhecimento.

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Gene Roddenberry, criador de Star Trek, imaginava um futuro onde a humanidade havia abandonado as disputas políticas e religiosas mesquinhas, assim como a necessidade de acumular bens materiais, de focando na valorização das inúmeras crenças e culturas do universo, na busca pelo conhecimento e no aperfeiçoamento individual. Na utopia futurista do autor, cada novo mundo, nova forma de vida ou nova civilização encontrada não era vista com desconfiança ou com medo, mas como uma oportunidade única.

Os vulcanos, por exemplo, seriam uma espécie de oposto dos seres humanos. Enquanto nós somos uma espécie dirigida por nossas emoções e desejos, os vulcanos se orientam puramente pela lógica e pela razão, o que faz com que muitos humanos os vejam como seres frios e calculistas. Entretanto, conforme vamos conhecendo essa raça, percebemos que a racionalidade deles não é matemática e estritamente objetiva. Ela é uma racionalidade filosófica – ou seja, eles são seres lógicos, sim, mas essa lógica é orientada por uma ética, que privilegia a união e a diversidade como caminhos para o progresso.

Além de um cinismo tardio

Esse lema, Infinita Diversidade em Infinitas Combinações, não foi cunhado em uma epifania dentro de uma sociedade perfeita. Pelo contrário, no cânone de Star Trek, os vulcanos quase destruíram a si mesmos em um período de enormes guerras que devastaram seu planeta. Eles somente sobreviveram graças aos esforços de um cientista e filósofo conhecido como Surak, que ensinou aos povos do planeta Vulcano a sabedoria conciliatória necessária para interromper os conflitos.

Sabedoria essa baseada na lógica e na razão sim, mas estas também sendo baseadas na ética. Do alto de sua sabedoria, ele pronunciou: Infinita Diversidade em Infinitas Combinações, demonstrando que, para que possa existir paz e prosperidade, é necessário deixar para traz as características negativas de sua própria cultura, e valorizar as benéficas.

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Para quem não fala vulcano (francamente, hein?), aí está escrito: Kol-ut-Shan; ou: “Infinita Diversidade em Infinitas Combinações”!

É verdade que muitos poderão ver tal lema com cinismo e desprezo – a crença de que a humanidade é inerentemente falha e fadada ao fracasso. Essa compreensão ética transpõe o inevitável paradoxo – a falsa crítica exposta por esses cínicos – de que a tolerância pressupõe tolerar a intolerância. Mas é aqui que reside a beleza desse tema: a filosofia de Surak em Star Trek pode facilmente recusar uma estrada niilista, mas para a lembrança de duas verdades colaterais – primeiro, uma compreensão implícita de que seu plano é promover a sobrevivência e a coexistência, fornecendo um caminho para transcender uma espiral descendente de aniquilação cultural, em vez de sucumbir a ela; e em segundo lugar, como uma injunção explícita para contemplar a validade das alternativas, evitando um falso conflito binário.

Roddenberry não foi o primeiro escritor a pensar dessa forma. F. Scott Fitzgerald diz que “o teste de uma inteligência de primeira linha é a capacidade de manter duas idéias opostas ao mesmo tempo e ainda manter a capacidade de funcionar“, o que claramente responde à crença de Aristóteles de que “[é] a marca de uma mente educada poder entreter um pensamento sem aceitá-lo”, ou um lembrete da defesa da democracia de Voltaireposso não concordar com uma palavra do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dize-las”.

Ou, como disse o próprio Roddenberry: “Intolerância no século 23? Improvável. Se a humanidade sobreviver todo esse tempo, nós teremos aprendido a nos deleitar com as diferenças essenciais entre pessoas e entre culturas. Nós iremos aprender que as diferenças entre ideias e e atitudes são parte da excitante variedade da vida, e não algo a se temer.”

 Assim, podemos assumir que é uma característica das mentes sábias promover a concordância entre os opostos. Que a verdadeira beleza da existência está valorizar a Infinita Diversidade em Infinitas Combinações!

Vida Longa e Próspera!


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