O ARTIGO A SEGUIR ESTÁ REPLETO DE SPOILERS!
*
*
BREAKING BAD deixou saudade. Após cinco excelentes temporadas, a série criada por Vince Gilligan se foi, mas deixou um legado e uma eterna fonte para discussões, que sempre causa muito burburinho na internet.
E agora é a vez do Formiga Elétrica colocar mais lenha nessa fogueira, chamando a atenção para um fato que poucos capturaram nestes anos que se passaram: Estaria BREAKING BAD ligada de maneira simbiótica ao riquíssimo e inusitado universo cinematográfico dos irmãos Coen?
Joel e Ethan Coen, nascidos em Minneapolis, Minnesota em 1954 e 1957 respectivamente, revolucionaram o cinema como o conhecemos, desde que suas primeiras produções como ARIZONA NUNCA MAIS e AJUSTE FINAL chegaram aos cinemas, no final da década de 80.
Com uma filmografia repleta de histórias tragicômicas envolvidas no mundo do crime, e protagonizadas por personagens sempre no fio da navalha, a própria essência das produções dirigidas e escritas pela dupla já remete ao tema explorado por Gilligan em sua magistral série. O humor-negro, a cobiça e a fraqueza humana no que se relaciona a dinheiro, temas sempre presentes na filmografia dos Coen, também aparecem forte na série de Gilligan, que assim como nos filmes dos Coen, traz protagonistas complexos, com um pé na caricatura, cuja imprevisibilidade e explosões de violência são incrivelmente semelhantes.
Tem mais: O deserto onde se passa boa parte da trama de Breaking Bad remete imediatamente à esquizofrênica comédia de bom coração dos Coen ARIZONA NUNCA MAIS (1987) e também à sua obra-prima ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ (2007). As semelhanças entre Jesse Pinkman (Aaron Paul) e o “Dude” (Jeff Bridges) do antológico O GRANDE LEBOWSKI (1998), e os diversos bandidos de quinta categoria evolvidos nas bizarras teias de coincidências que acabam desencadeando acontecimentos bizarros nas tramas, também permeiam os dois universos.
Mas como aqui no Formiga Elétrica nós “chamamos de careca e emprestamos o pente” (não se ofenda, Walt), que tal sermos ainda mais específicos nas características e nos elementos que ligam BREAKING BAD aos filmes dos Coen? Então vamos lá:
MALA DE DINHEIRO:
No Oscarizado ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ o dinheiro que movimenta a trama primeiro está escondido embaixo da casa. No exemplar FARGO (1996), o dinheiro do resgate está enterrado. Em BREAKING BAD, o dinheiro de Walt (o espetacular Bryan Cranston) é primeiro escondido embaixo da casa, e depois também é enterrado no deserto.
CARRO-BOMBA:
Num dos primeiros episódios da série, Walt prepara um carro para explodir enquanto ele caminha devagar em outra direção, quase igual a explosão da farmácia em ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ.
FRIEZA DOS BANDIDOS:
A frieza e inteligência aplicadas para o crime são as características mais gritantes dos apavorantes vilões Gus Fring (Giancarlo Esposito) em BB e Anton Chigurh (Javier Bardem, vencedor do Oscar pelo papel) em ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ.
ATÉ OS TÍTULOS SÃO IGUAIS:
O título do episódio final da primeira temporada de BREAKING BAD é “A NO ROUGH STUFF TYPE DEAL”, que é a exata expressão utilizada por William H. Macy em FARGO para descrever como ele quer que os negócios sejam feitos.
ESPERANDO O BEBÊ:
Em BREAKING BAD, a mulher de Walt, Skyler (Anna Gunn) passa quase duas temporadas ostentando a mesma barriga de grávida que a xerife Marge Gunderson (Frances McDormand, vencedora do Oscar pelo papel) exibe em FARGO.
Continua AQUI!