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Constantine – A Fagulha e a Chama

Constantine - A Fagulha e a Chama

Constantine – A Fagulha e a Chama

Se você acompanhava as histórias de John Constantine, dentro do título Hellblazer, e andou afastado nos últimos tempos, pode ter uma leve curiosidade sobre como ficou o personagem dentro da fase Novos 52, fora do selo Vertigo. Provavelmente, a esperança que algo realmente bom surgisse era tênue, e, de fato, o pessimismo se provou correto. O encadernado Constantine –  A Fagulha  e a Chama reúne as edições de 1 a 6 de Constantine, originalmente publicadas em 2013 nos Estados Unidos e é o primeiro arco do personagem na reformulação dos Novos 52, agora muito mais interligado com os eventos que acontecem com outros super-heróis mais famosos da DC Comics.

A trama mostra John Constantine em busca de um artefato conhecido como a Bússola de Croydon, que possui o poder de revelar a localização de qualquer recurso místico. O objeto foi dividido em três partes, cada uma em uma localização diferente, e é procurado não só por Constantine, mas por outros magos com objetivos maléficos.

Constantine - A Fagulha e a Chama

Constantine – A Fagulha e a Chama reapresenta o personagem Papa Meia-Noite. Uma figura tão emblemática no passado e agora tão genérico.

Mesmo simples, a sinopse do arco Constantine – A Fagulha e a Chama poderia gerar um arco bem eficaz para reapresentar o personagem. Infelizmente, o que temos é uma avalanche de tropeços que tornam a história enfadonha, desconexa e apelativa. Em primeiro lugar, o texto tenta colocar Constantine como alguém perigoso de se ter por perto, pois todos que andam com ele acabam perdendo a vida. Esse elemento, tão intrínseco ao personagem, é colocado de maneira tão jogada e excessivamente verborrágica na narrativa que o leitor não consegue embarcar no clima tenso, nem comprar o remorso de John. Outro ponto que podemos destacar é que não sentimos em momento algum que há qualquer perigo realmente sério acontecendo. O protagonista consegue escapar de todos os problemas de modo muito fácil, sem falar na quantidade absurda de conveniências de roteiro (conhecidos por Deus Ex-Machina). Até mesmo quando este leva um tiro, no quadrinho seguinte está novo em folha – mesmo sem ter conjurado nenhum tipo de magia de cura.

Os roteiristas Jeff Lemire (responsável pelo Homem-Animal reapresentado em Novos 52) e Ray Fawkes (Liga da Justiça Sombria) fazem um trabalho corrido e desconexo. Além dos problemas citados acima, a história não possui um ritmo adequado e ainda conta com participações de outros personagens, como Shazam e Zatanna, que não são em nada relevantes para o contexto proposto e soam apelativos demais. Não é nem possível relevar este último ponto e dizer que o texto não ficou bom por causa de uma exigência editorial, pois tudo permanece ruim nos demais momentos em que Constantine age só. Diversos outros equívocos da HQ poderiam ser colocados aqui, mas, para isso, eu teria que revelar alguns spoilers da trama.

Constantine - A Fagulha e a Chama

Sem comentários…

Os desenhos do brasileiro Renato Guedes ajudam o leitor a digerir um pouco essa história – eu disse um pouco. O traço é seguro e bem resolvido fisionomicamente. Alguns enquadramentos exageram na dramaticidade e algumas decupagens são repetitivas ou não valorizam o momento, tornando o conjunto genérico.

Constantine – A Fagulha e a Chama reintroduziu o personagem no ambiente Novos 52 de maneira equivocada, com uma qualidade que não condiz com todo o potencial que o protagonista possui. O roteiro é tão mal concebido que fico me perguntando se os escritores não estavam sob influência de algum espírito maligno que odeia a nona arte. Isso poderia render uma história bem melhor inclusive.

Já leu nossa resenha sobre Hellblazer – A Maldição dos Constantine e Hellblazer – Morte e Cigarros?

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