Um ponto alto da carreira de Bogdanovich em A Última Sessão de Cinema
Dentro do período que ficou conhecido como Nova Hollywood, A Última Sessão de Cinema (The Last Picture Show) ocupa um lugar de destaque. Lançado em 1971, o longa do então jovem e promissor Peter Bogdanovich impressionou pela sua qualidade técnica e narrativa, em um contexto melancólico em sintonia com uma época de decepção para o povo dos EUA. Baseado no livro de Larry McMurtry, o filme tem como trio protagonista Timothy Bottoms, Jeff Bridges e Cybill Shepherd, encarnando a falta de perspectiva adolescente no início dos anos 1950 em uma pequena cidade texana.
A opção pela fotografia em preto e branco, mais uma trilha sonora diegética com a pungência do country da época na qual o filme se passa, criou uma atmosfera inesquecível. As desilusões dos jovens, com referenciais adultos que carregam inúmeras mágoas e passam isso para a geração seguinte, tem um um peso palpável neste roteiro adaptado pelo próprio diretor. Além das boas atuações no núcleo adolescente, exceção, talvez, a alguns momentos de Cibyll Shepherd, o elenco mais velho conta com belíssimas performances de Cloris Leachman, Ellen Burstyn (O Exorcista) e Ben Johnson (Meu Ódio Será Sua Herança).
A presença de Ben Johnson, aliás, traz mais conteúdo metalinguístico ao filme. Interpretando Sam, dono do único cinema da cidade e prestes a fechar, o veterano de westerns de décadas passadas acaba servindo para evidenciar a passagem da Hollywood clássica para a nova fase. Não por acaso, o último filme exibido em sua pequena sala é Rio Vermelho, com John Wayne. São detalhes como esses que fazem de A Última Sessão de Cinema uma grande experiência e um filme que não perdeu sua força com o tempo.
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