“Bem-vindos ao Complexo Alpha, um lugar de maravilhas, perfeições e oportunidades! Graças ao benevolente Computador, seus habitantes têm tudo o que necessitam (trabalho, comida, sono), são poupados de aspectos inúteis da vida (sexo), encorajados a deixar de lado o que pode atrapalhar a perfeição atual (ideias próprias, por exemplo). Atrapalhar a perfeição criada pelo Computador é traição. Traição é punida com morte”. Bem vindos a Paranoia!
Algumas poucas informações Nivel Ultravioleta.
Paranoia é um RPG de mesa com a temática futurista de ficção científica. Originalmente criado por Greg Costikyan, Dan Gelber, e Eric Goldberg, foi publicado pela primeira vez em 1984 pela West End Game em suas três primeiras edições, e a partir de 2004 sendo publicado pela Editora Mongoose. No Brasil a segunda edição foi traduzida pela Devir, em 1995.
Existem hoje 6 Edições:
1984 (1ª Edição)
1987 (2ª Edição)
1995 (5ª Edição)
2004 (Paranoia XP)
2009 (25ª Edição de aniversário)
Uma nova versão que está sendo entregue este ano. Financiada via Kickstarter, tem como designer principal ninguém menos que James Wallis, autor do exótico RPG As extraordinárias aventuras do Barão de Munchausen. Recebeu nesse financiamento £217,517,00 Euros, de um objetivo de £30,000,00 Euros, com o auxílio de 4,380 agentes na campanha.
Também foi premiado em 1984 pelo Origins Award por Melhores Regras de RPG, e indicado ao Hall da Fama em 2007 (juntamente com o grande Vampiro – A máscara).
Mas o que este velho senhor nos trás de diferente?
Imagine um mundo criado por Kafka, Stalin, Orwell, Huxley, Sartre e os irmãos Marx. Adicione uma boa dose de humor negro e jogue tudo em um cenário distópico. Isto é Paranoia.
Neste mundo futurista e um pouco estranho, após várias guerras e conflitos, um grande cidadão subiu ao poder para comandar tudo. Ele apenas tinha um problema: ele não era humano, e sim um computador, e com um pequenino detalhe – ele não bate muito bem das ideias.
Sendo assim, o jogo se passa no futuro em que uma inteligência artificial chamada O Computador ou Computador Amigo comanda o Complexo Alpha, para proteger e preservar todos os cidadãos contra tudo que pode prejudica-los. Mas O Computador não consegue diferenciar amigos e inimigos. Obviamente, os personagens não sabem disso.
O Computador também controla o fluxo de informações. Inicialmente os jogadores assumem o papel de agentes-atiradores do Computador procurando e eliminando ameaças a sua autoridade, e/ou controle sobre mutantes e membros de sociedades secretas.
Em Paranoia, os jogadores são incentivados o tempo todo a mentir, trapacear e trair os seus colegas. Precisam conviver, e sobreviver a desafios como burocracia insana, hierarquia cruel, ciência sem moral, armas letais e missões suicidas. Mas acredite: isso tudo é extremamente divertido!
O Computador é seu amigo.
Bem, mais ou menos, já que nem ele sabe quem é amigo ou inimigo. O Complexo Alpha é um gigantesco bunker subterrâneo, com corredores, salas, túneis e estruturas. Para manter o controle de tudo, O Computador utiliza uma impossível rede de processos burocráticos, drogas e desinformação para sustentar a utopia de um mundo perfeito e organizado para seus habitantes. Tudo na maior pegada THX 1138!
No entanto, existem pessoas querendo acabar com a paz duradoura e seu papel é impedir isso. Mas quem são os traidores? De acordo com o nobre Computador, quase todos. Não estar feliz, estar sujo, ser comunista, deixar de relatar uma missão, possuir objetos pessoais não autorizados, ser mutante, ser membro de uma sociedade secreta, não respeitar normas de cores, estar com o cadarço desamarrado, faltar com respeito a níveis superiores, fazer falsa ameaça de traição e, não esquecendo, cutucar o nariz, são alguns exemplos de traição. E traição é sempre punida com morte.
Todos os habitantes do Complexo Alpha são identificados por Níveis de Segurança baseados em cores. Você, que é um Agente Atirador recém formado, é Vermelho. Em seguida, vem o Laranja, Ouro, Esmeralda, Azul, Índigo, Púrpura e o Ultravioleta. Neste nível de segurança, estão os Altos Programadores, os ‘puxa-saco’, ‘protégée‘ do Computador. Se você se encontrar em um corredor pintado de uma cor acima do seu Nível de Segurança, será considerado um traidor. E é por essa grande dificuldade que você começa o jogo com seis clones, já que a facilidade para morrer é muito grande.
Confie no Computador. Ele só quer a sua felicidade.
Como O Computador é meio demente, e o mestre pode apreciar um pouco demais ver os jogadores se matando, Paranoia é um jogo onde a representação vale mais que o sistema em si. O próprio nome do sistema de combate faz jus a isso. O Sistema Tático Dramático é bastante simplificado. Então não esqueça de sempre fazer um dramalhão para sair das encrencas e se possível… culpar outra pessoa. O sistema é baseado em D20, e a nova versão de James Wallis é baseada em cartas.
Não espere feitos heróicos ou grandes campanhas em Paranoia, já que é pouco provável que vocês sobrevivam tanto.
A nova Versão
A nova versão de Paranoia conta com algumas mudanças. Ela será lançada em um BOX contendo cartas, de equipamentos, itens e mutações. Ela foi concebida para que fosse ainda mais simples e fácil de jogar, utilizando apenas um dado e com jogos de aproximadamente 10 a 15 minutos. Utilizando o sistema que James Wallis chama de Minimum Effort, Maximum Fun.
Em relação ao cenário existe apenas uma mudança – o século 21 se aproxima do Complexo Alpha e os terroristas consolidaram seu lugar como a maior ameaça. Mas o comunistas ainda estão a espreita, e as grandes capacidades de vigilância benevolente do Computador se tornaram tão abrangentes quanto pensados em 1984.
Você é feliz, cidadão?
Paranoia é um RPG bastante simplificado e fácil de jogar, dinâmico e divertido. Seu aprendizado leva muito pouco tempo, já que metade do livro é basicamente destinada ao mestre e sua aventura introdutória (versão nacional). Se você procura boas risadas, regadas a humor negro e insano, Paranoia é seu jogo. O livro pode ser um pouco difícil de se encontrar, já que está fora de linha, mas sempre vale dar aquele olhadinha nos usados.
E lembre-se sempre: O Computador é seu amigo. Você está feliz?