Um Dia para Viver é feito com carinho para os fãs de ação descabeçada
Os anos oitenta nunca morrem. Em Um Dia para Viver (24 hours to live, 2017), percebemos que reviver os saudosos sucessos da época dos brucutus é uma onda que está longe de acabar. Depois de trazer de volta os filmes de aventura, como Jumanji, de terror como IT, e reviver os filmes adolescentes (Goonies, ET, Karatê Kid) em formato de séries, como Stranger Things e Cobra Kai, o cinema americano tenta criar novas franquias no bom e velho formato do supersoldado que tenta se redimir de seu passado de assassino.
O filme é sobre um ex-mercenário de um grupo chamado Montanha Vermelha, que se aposentou após o assassinato de sua esposa e filho por conta de suas atividades na África. Quando um delator pode entregar as atividades ilegais do grupo e de senadores que o apoiam, o velho assassino é convocado para fazer o que faz de melhor: matar. Mas um imprevisto coloca um relógio em sua vida, e ele tem apenas 24 horas para se redimir do passado e salvar inocentes. Básico.
Nesse novo projeto do diretor e dublê Brian Smrz, com o bom ator Ethan Hawke nada é novo. Tudo já foi visto em antigos filmes de velhos brucutus com Arnold Shwarzenegger, Jason Staton, Bruce Willis, Jet Li, Silvester Stallone e mais recentemente com Liam Neeson e Keanu Reaves. Mas é exatamente isso que faz um filme de gênero. Resgata elementos reconhecíveis que o identificam e agradam aos fãs.
O roteiro de Ron Mita e Jim McClain é bem amarrado e os diálogos são bem feitos, cumprindo com muita técnica exatamente a formulinha básica de filmes de ação. O filme toma algumas liberdades artísticas para não explicar o quanto ambas as organizações envolvidas (Interpol e Montanha Vermelha) são desleixadas com suas próprias seguranças, e assim possibilitando que a estória flua. Alguém mais atento vai notar tais “furos”, mas isso sempre vai existir em roteiros de filmes de gênero. Aceite e divirta-se.
A ação é bastante frenética, mas é bem coreografada e os movimentos não são forçados. Pelo menos, não demais. A fotografia é bem bonita, e aproveita bastante os cenários que viajam pelo continente africano, China e costa americana.
Ethan Hawke, apoiado pela atriz chinesa Qing Xu, entregam uma performance dentro da média, mas algumas vezes cai um pouco na pieguice – que nos anos 80 eram interessantes, mas que hoje se tornaram “over”.
Um bom presente é a participação de Rutger Hauer, que continua impressionante.
Por fim, Um Dia para Viver não traz nada de novo ou de memorável. É uma cópia da cópia bem feita, mas que não traz um potencial de franquia como a série Bourne. É apenas um genérico que dura na memória exatamente o que o título anuncia.