Ahh, as franquias de horror!
A bola da vez agora é o terceiro capítulo que finaliza (ou não) uma trilogia iniciada em 2010 por James Wan, diretor mais conhecido por seu sucesso Jogos Mortais.
A definição do título Sobrenatural: A Origem por si só já ajuda alguns desavisados a não serem pegos de calças curtas. Logo de cara você sabe que encontrará maus espíritos atazanando a vida dos personagens principais e ainda o termo “A Origem” já entrega que este novo longa se trata de um prequel (história que antecede o filme de 2010, mesmo sendo realizado depois).
Nesta nova trama da trilogia, Wan trabalha somente na produção e deixa a direção para o roteirista dos dois filmes anteriores, o parceiro de longa data, Leigh Wannell. Ele escreveu Jogos Mortais em 2004, Gritos Mortais em 2007, Sobrenatural 1 e Sobrenatural: Capítulo 2. Todos dirigidos por James Wan.
E o que acontece nesta terceira parte? A adolescente Quinn Brenner (Stefanie Scott) sente que sua falecida mãe está tentando entrar em contato diretamente do além. Resolve bater na porta e pedir auxílio a Elise (Lin Shaye, presente nos três filmes), uma médium que está tentando deixar para trás seu lado mediúnico, porém Elise se sente compelida a proteger Quinn. Sean (Dermot Mulroney) é o pai de Quinn que luta para manter a família unida e, após vivenciar o ataque de uma entidade sobrenatural maligna sobre sua filha, convoca um time de paranormais junto a Elise para solucionar esse probleminha…
Por incrível que possa parecer, Whannell até consegue entregar um longa competente, dentro de sua proposta. Isso é válido, afinal somos bombardeados semanalmente por lançamentos (sem fim) de representantes do gênero que não servem de muita coisa. Mesmo assim, é importante deixar claro que Sobrenatural: A Origem não apresenta nada de novo, muito menos para a própria franquia, que explora o mesmo tema nos três filmes (mais alguém cansado aí?). A questão é que se o comum tem coerência e boa estrutura, dentro gênero que está, pode ser bem mais satisfatório do que uma obra pretensiosa qualquer. É neste cenário que se encaixa este longa.
O que você pode esperar desta criação de Whannell é um trabalho razoável, que traz uma efetiva tensão, principalmente na primeira metade do longa. Os atos seguintes da história expõem os conflitos dos personagens com a turma “do outro lado” e conseguem, na maior parte, evitar os sustos fáceis e apelativos, trazendo algumas cenas que podem realmente assustar. Há química entre o elenco e a narrativa evolui coerentemente, mas devemos deixar claro que como obra cinematográfica, o resultado é mediano mesmo. Esse resultado, pelo menos, é bem melhor comparado a diversas outras opções no mercado.
A escolha do elenco também tem seus méritos. Ver a veterana Lin Shaye (Quem Vai Ficar com Mary), que talvez nunca tenha aparecido em um papel com tanto destaque como este, é um interesse a parte aqui. A mocinha Stefanie Scott (Sexo sem Compromisso) também está bem no seu papel e o canastrão Dermot Mulroney (Efeito Dominó) não compromete.
Como em qualquer filme de terror hoje lançado, devemos ter um, dois (ou três) pés atrás. A expectativa fica ainda menor se a opção é o terceiro capítulo de uma franquia de horror. Acontece que, com surpresa, Sobrenatural: A Origem supera essa expectativa contra e entrega o que promete, mesmo sem inovar, é claro. Bem provável que não estará em sua memória no dia seguinte, mas aí também já é querer demais…