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A Maldição da Chorona – Lenda revisitada!

Folclore mexicano serve de base para A Maldição da Chorona

As expectativas para A Maldição da Chorona (The Curse of La Llorona) eram baixas. Muito desse pessimismo era fruto das decepções com um dos últimos spin-offs do universo de Invocação do Mal, o facilmente esquecível A Freira. Mas, diferente de seu anterior, essa nova empreitada ambientada na mesma realidade da franquia mostra um bom resultado pelas mãos do diretor. Michael Chaves.

Crítica A Maldição da Chorona

A base da história é inspirada em uma lenda mexicana do século XVI, sobre um espectro com traços femininos que chora desesperadamente nas noites de lua cheia. Porém, a trama se passa em 1973, e tem como protagonista a assistente social Anna (Linda Cardellini, de Vingadores: A Era de Ultron). Ela e os filhos são assombrados por uma versão atualizada da Chorona que, conforme nos informa o roteiro, afogou seus filhos movida pelo ciúme e vaga em busca de novas crianças para ocuparem o lugar de suas crias.Vale lembrar aqui que a lenda já foi levada para o cinema em sua terra natal algumas vezes, sendo as mais conhecidas La Llorona (1960), de René Cardona, e La Maldición de la Llorona (1963), dirigida por Rafael Baledón.

Ao apresentar o passado da criatura, a narrativa insere o espectador no cotidiano e nas relações familiares dos personagens principais e mergulha-nos no embate contra o sobrenatural. Algo tradicional, mas eficaz.De quebra, a história também nos leva à questões, e com certeza críticas, ao abuso infantil. A Chorona tem a capacidade de materializar a própria mão quando toca uma criança, queimando-a logo em seguida e deixando a situação de qualquer mãe em xeque quando se trata dos cuidados com os filhos.

Crítica A Maldição da Chorona

Acertos e erros no uso do som

Um problema presente na linguagem do longa está no quesito som. Há cenas que utilizam o recurso para provocar o suspense, iniciando com agudos (às vezes mixados com o choro da criatura) que aos poucos é tomado por um crescente que culmina em graves, elevando o clímax e provocando o temor no espectador. Utilizar recursos sonoros em filmes de terror é extremamente complicado, já que a possibilidade de entregar o momento do suspense é quase inevitável. E é exatamente o que acontece em algumas cenas de A Maldição da Chorona.

Nesse pequeno problema há um ponto positivo. Da mesma forma que o som, em muitos momentos, desestabiliza o clímax, em outros o diretor simplesmente deixa-o fluir, provocar o espectador, possivelmente sabendo sobre as suas falhas, e aposta a energia da narrativa na composição das imagens, trabalhando o suspense e elementos surpresa a partir da fotografia. Há, no início da projeção, um plano sequência que percorre a casa de Anna, apresentando os personagens e inserindo o espectador no universo do sobrenatural. Também é interessante notar a precisão do foco e o uso da profundidade de campo nos momentos finais.

A Maldição da Chorona tem como produtor o também diretor James Wan (Aquaman), que também já teve suas incursões pelo terror. Conforme já foi discutido por alguns críticos, o produtor estaria criando um universo sobrenatural próprio, seja dirigindo ou produzindo longas de outros colegas, sempre fazendo menções e inserindo conteúdos em uma mesma linha temporal, os anos 1970. Basicamente, é o que a Marvel e predecessores fazem no cinema.

O interessante é justamente conceber um universo cinematográfico em filmes de terror já que no passado tentativas como Alien/Predador e Freddy/Jason falharam e projetos similares foram abandonados logo em seguida. A Maldição da Chorona está inserido nesse universo concebido por James Wan e uma cena no filme, principalmente, atesta esse comentário e cria alicerces para a execução de referências a outros trabalhos. Agora é aguardar pelas próximas criaturas sobrenaturais da franquia e quem sabe, um dia, uma “Guerra Infinita” entre elas.

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