Olhos do Deserto é o típico filme que não agrega nada
Quando se é critico, assistindo a vários tipos de filme, as reações podem ser muito diferentes. Encontramos produções que amamos e fazemos textos enormes para defendê-los, justificando essa reação para os leitores. O inverso também pode acontecer, gerando até piadas quando a obra é considerada muito ruim. Porém, há alguns que são tão sem graça que é impossível sentir amor ou ódio, ou algo entre os dois extremos, provocando tédio – no máximo. Esse é o caso de Olhos do Deserto (Eye on Juliet), um filme que deixa seu público indiferente quando termina.
Gordon (Joe Cole, do remake de O Segredo Dos Seus Olhos) é um jovem que mora em Detroit. Logo após o término de seu relacionamento, ele mergulha em seu trabalho, operar hexapods – uma espécie de robô aranha – em um oleoduto localizado no Norte da África, para assegurar a segurança do local. Um dia, Gordon encontra a jovem Ayusha (Lina El Arabi) perto do oleoduto e começa a se interessar pelos dramas da menina: ela está sendo forçada a se casar com um homem com o triplo da sua idade e pretende escapar com o seu namorado. Gordon vai se interessando cada vez mais pelos problemas de Ayusha. Como um bom samaritano, ele decide ajudar de todas as formas a pobre menina.
Para começar, a história – além de chata – não sustenta um longa. Mesmo curto, com menos de 100 minutos, percebe-se que não há substância no roteiro escrito pelo diretor Kim Nguyen. Se repete sempre nos mesmos dilemas, não há variação de conflito e os personagens são mal desenvolvidos e com puco apelo. É uma história que poderia até ser interessante para um curta ou média-metragem. Para um longa, o material se mostra muito pobre. Um ponto que demonstra isso é o excesso de clichês e de previsibilidades.
Não bastando a pobreza do roteiro, a execução mantém a mesma falta de inspiração. A direção de atores é fraca, com um casal inexpressivo de protagonistas, especialmente o rapaz. Visualmente, onde poderia oferecer algo, é completamente nulo. A composição dos planos e o trabalho de mise-en-scène demonstra uma falta de imaginação e de talento de Nguyen, parecendo que seu trabalho é só posicionar a câmera no melhor ângulo, mas nem isso consegue. Execução tão pífia quanto o roteiro.
Qual o Significado?
No meio da total pobreza vista em Olhos do Deserto, uma pergunta paira no ar. Quais as intenções de Kim Nguyen com esse filme? Podemos tirar duas conclusões:
- Mostrar uma obsessão de um cara maior de idade por uma menor, de maneira romantizada e bonitinha, sendo essa uma visão bem questionável;
- Mostrar a “bondade” de um norte-americano em meio à cultura “selvagem” dos muçulmanos, o que seria outro conceito deturpado do realizador;
Ou seja, não bastando ser um filme chato e sem graça, o roteiro se mostra errado e equivocado nos próprios significados que ele deixa no ar. O que só comprova que o filme não sabe o que abordar ou como fazê-lo.
Esse é Olhos do Deserto. Um filme que se acha profundo, mas é medíocre e esquecível.