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Paraíso Perdido – O tempo também…

O filme Paraíso Perdido não quer dizer nada!

Quando se conta uma história, é preciso deixar evidente seu valor simbólico. Pode ser sua moral intrínseca ou o exercício do gênero como terror, comédia, etc… Mas ela precisa dizer alguma coisa para que o espectador crie alguma empatia e compre os personagens. Nesse ponto, o novo longa de Monique Gardenberg, Paraíso Perdido, peca por não ter absolutamente nada a dizer, chegando a ser uma completa perda de tempo.

Crítica do filme Paraíso Perdido

Odair (Lee Taylor) é um policial civil que cuida da mãe surda, a ex-cantora Nádia (Malu Galli, de Aos Teus Olhos). Uma noite, Odair defende a drag queen Imã (Jaloo) de um ataque e acaba sendo contratado pelo avô de Imã, José (Erasmo Carlos), para ser guarda costas de seu neto, uma das estrelas do clube Paraíso Perdido. Além de Imã, todos os membros da família do patriarca são estrelas do clube, como o seu filho Angelo (Julio Andrade, de Malasartes e O Duelo com a Morte e Redemoinho). Quanto mais Odair fica próximo da família, mas percebe que tem algo em comum com os artistas.

A sinopse é interessante, não? Pena que ficou só na sinopse, porque na prática é uma chatice sem fim. O roteiro, assinado pela diretora, é inchado de personagens e situações que se pretendem muito interessantes, mas são rasteiras e mal desenvolvidas. Nenhum personagem se desenvolve de maneira satisfatória – com a exceção de Odair – e o filme enche linguiça cuspindo mais e mais personagens e revelações arbitrárias. Nada mais que auto indulgência pretensiosa e vazia. Um grande apanhado de histórias que não sabe para qual direção seguir.

Falando em direção, se Monique Gardenberg mostra que não tem uma bússola para o roteiro, o mesmo pode ser dito sobre a câmera. Apesar de uma direção de arte interessante e uma fotografia competente, a direção nunca chama atenção, mas não no sentido de uma condução naturalista. Parece que a diretora não tem controle narrativo sobre o ritmo – que demonstra um problema sério na montagem – e não sabe qual história quer contar. A decupagem não tem a menor inspiração. Apenas poucos planos realmente se destacam e adicionam algo à narrativa.

Crítica do filme Paraíso Perdido

Quando se tem um bom elenco…

O que deixa o espectador acordado em Paraíso Perdido é o seu elenco. Encabeçado por dois dos melhores atores da atualidade, Lee Taylor e Julio Andrade, eles conseguem em suas composições transformar tanto Odair quanto Angelo em personagens interessantes. Principalmente o primeiro, que consegue criar um tipo que convence como durão, mas se mostra sentimental. Isso se deve ao rosto expressivo de Taylor e sua composição calculada. Por outro lado, Julio Andrade consegue demonstrar todo o amor envolvido tanto na arte que pratica quanto pela sua família.

Todos no elenco conseguem criar algo a mais com seus papeis, apesar da pobreza deles. Como o personagem interpretado por Seu Jorge, que é completamente inútil, mas seu esforço o valoriza. Malu Galli, uma excelente atriz, também faz um ótimo trabalho, principalmente por ter uma ótima química com Lee Taylor. Todo o grupo se mostra na mesma sintonia e bem entrosado. Até o grande Tremendão, Erasmo Carlos, está convincente no seu papel como o patriarca na família.

Mesmo assim, não é possível ignorar os personagens desnecessários, cujos intérpretes não tem o que fazer para salvar sua participação. Um exemplo é o papel de Humberto Carrão, nunca devidamente explorado, mas principalmente o de Marjorie Estiano. Parece que seu único objetivo é participar de cenas sensuais com Lee Taylor e Hemila Guedes, momentos que também não acrescentam nada.

Poderíamos trocar o título Paraíso Perdido por Tempo Perdido. Uma estética interessante e um elenco muito bom em sintonia, mas tudo desperdiçado em um filme sobre nada. O “Perdido” do titulo serve como uma referência ao conteúdo do filme.

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