Dupla Explosiva é uma besteira, mas serve como entretenimento
Há filmes em que o espectador precisa saber qual é a proposta e o que vai encontrar. Quando se vê a sinopse de Dupla Explosiva (The Hitman’s Bodyguard), o pensamento é que será, no mínimo, um bom entretenimento, porque algo sério e profundo seria difícil. Pois bem, mesmo com alguns erros, o longa se mostra funcional como uma diversão leve.
Michael (Ryan Reynolds, de Deadpool) é um ex-agente da Interpol que é especializado em fazer serviços de proteção para os seus clientes. Meses após falhar em uma missão, é chamado pela sua ex-noiva, Amelia Roussel (Elodie Yung, a Elektra do Demolidor da Netflix), também da Interpol, para que proteja o seu novo cliente: Darius Kincaid (Samuel L. Jackson, de Kong), um assassino de aluguel que concordou em depor contra o presidente da Bielorrússia, Vladislav Dukhovich (Gary Oldman, de Mente Criminosa), acusado de crimes contra o próprio povo.
Bom, a sinopse já diz tudo, não? E o roteiro não traz nada de novo e nem se pretende a isso. Ele tenta fazer uma espécie de buddy movie (filme de parceiros) com humor negro e se saí até que bem. Claro, desde que o espectador ignore a falta de sentido da história, com todos os clichês de filmes de comédia com ação, além de alguns furos difíceis de engolir (Como Samuel L. Jackson tomar um tiro na canela e, sangrando muito, depois pular e matar três caras). Mas há boas piadas durante o longa que divertem em boa parte, todas envolvendo um humor bem ácido com palavrões e violência.
Aliás os grandes problemas do filme estão na direção de Patrick Hughes (Os Mercenários 3). Mesmo com boas sequências de ação – em especial, uma luta em plano sequência com Ryan Reynolds – e comédia, exagera no tom por vários momentos em ambos os casos: a ação fica muito exagerada e a comédia cai no mau gosto vez ou outra. Os péssimos efeitos especiais também prejudicam, mas Hughes faz um trabalho melhor que seu filme anterior com a tumar do Stallone, que – vamos combinar – não é difícil e mais que sua obrigação.
Uma boa química!
Como é um filme de parceiros, se espera que, pelo menos, a dupla de protagonistas não decepcione e isso se torna a grande qualidade de Dupla Explosiva. Por mais que Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson estejam fazendo personagens mais estereotipados com os seus tipos marcantes, eles mostram uma química muito interessante. Reynolds usa caras e bocas e tem um jeito mais cínico, como visto em Deadpool, e Jackson fala gritando e jogando “motherfuckers” para todo lado. Por mais que o tipo de humor dos dois seja diferente, isso que o torna funcional e combina com os seus personagens: enquanto Kincaid é impulsivo, Michael se mostra um homem mais frio e pragmático.
Dos coadjuvantes, merece destaque Salma Hayek que, por pouco tempo, consegue as cenas mais engraçadas do filme. Já Gary Oldman parece estar em um filme diferente, pois o tom da sua atuação indica um personagem mais rico, o que fica só na aparência, já que é o mais estereotipado do filme. Evidentemente, o ator solta seus famosos gritos.
Não há mais o que dizer sobre Dupla Explosiva. É uma diversão bobinha. Quem quiser uma boa dose humor negro e ação em uma história estúpida, com dois atores com boa química, não vai se decepcionar. Quem espera algo a mais que isso, pode guardar o seu dinheiro na carteira. Além de divertido, é um filme honesto.