Curiosamente A Caça é um filme de 2012, mas está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro na premiação de 2014. Sem dúvida representa uma razoável surpresa ter aparecido entre os indicados. Não só pelo ano em que foi realizado, mas pelo conteúdo também.
A premiação de 2014 do Oscar passou longe de ter grandes novidades. Participam das indicações Martin Scorsese, Leonardo DiCaprio, Cristian Bale e (que grande surpresa!) Meryl Streep, para citar alguns (re)indicados ao longo dos últimos anos. Que fique claro uma coisa. Não estão em filmes ruins, muito pelo contrário, ainda não os vi, mas provavelmente são filmes de ótima qualidade em vários aspectos. O ponto não é este e sim, a importância da surpresa, da novidade, do diferente…
Cada vez mais incomum no Oscar o “ser ousado”, neste caso A Caça poderia ajudar. Ganhar a estatueta um filme com assunto sobre pedofilia poderia trazer o “frescor” surpreendente que a premiação precisa. Assim veremos…
Este filme já foi lançado no Brasil e quem ainda não teve a oportunidade de assisti-lo, não sabe o que está perdendo… Não se intimide pelo assunto, o filme tem clima pesado, mas só, não há cenas repulsivas.
O diretor, Thomas Vinterberg, que já anteriormente fez o ótimo Querida Wendy e o bom Submarino, é mais lembrado como um dos precursores do movimento Dogma 95 junto à Lars Von Trier (comentando bem por cima, este era um movimento que andava na contramão do cinema mainstream. Abdicava de efeitos especiais e trilha sonora, por exemplo, para fazer filmes da forma mais natural possível). Seu primeiro e principal filme, Festa de Família, impulsionou esse movimento e marcou sua carreira também. Apesar de ter feito bons filmes depois, como os outros que citei antes, ainda se esperava algo tão marcante quanto o primeiro. Parece que agora foi.
Em A Caça, Mads Mikkelsen, ator principal, interpreta um assistente geral de uma escola de crianças em uma comunidade fechada. Pai separado, luta para ter seu filho mais perto. Entre boas amizades e um novo romance, sua vida terá uma mudança brusca quando a filha de seu melhor amigo, o acusa de pedofilia.
Em poucas palavras, para descrever um pouco do que você verá, se ainda não viu, a história é tão impactante quanto Festa de Família e parece que nestes temas Vinterberg consegue mostrar seu maior valor. O roteiro é daqueles que não se vê furos, tudo se encaixa. Linear, a história avança de tempos em tempos sem se preocupar em dar grandes explicações do “quando” (não precisa) e, mesmo com tema pesado, é fácil de ser digerido, acredite. Vale também reforçar a atuação do elenco e do sempre expressivo Mads Mikkelsen como ator principal.
O desfecho chegou a decepcionar alguns, mas não a mim. Há muito espaço para reflexão ao final. Segue o trailer abaixo:
Agora, se a Academia irá premiar A Caça, não sabemos, mas seria uma premiação importante para mostrar que um Oscar mais ousado também pode dar ibope.