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Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição – Statham ainda em forma!

Assassino a Preço Fixo 2 - A Ressureição

Jason Statham volta a encarnar Arthur Bishop em Assassino à Preço Fixo 2: A Ressurreição (Mechanic: Resurrection). Não amigo leitor, sua máquina do tempo não funciona e você não está de volta a 1986. Essa chamada de abertura, cujo título evoca um herói de ação em um título esdrúxulo – pelo amor de Bronson, tem algum título de continuação mais anos 80 que “A Ressurreição”? – diz tudo o que precisamos saber sobre o filme: o Bishop de Jason Statham vai sentar a lenha em quem vier pela frente para resolver os planos rocambolescos do vilão da vez, Riah Crain (Sam Hazeldine) e salvar a mocinha, Gina (Jessica Alba) no final do dia. Mais clássico – e mais simples – que isso não fica.

A brincadeira com Charles Bronson aí em cima não é à toa – o eterno Paul Kersey da série Desejo de Matar estrelou a versão original de 72. Mas claro, seu protagonista era muito mais conciso nas suas ações do que o acrobático caminhão de músculos de Statham. O que fica de comparação em relação ao original é a maneira como esse matador age, característica mantida nessa continuação – Bishop é mais do que um mero assassino, possuindo uma imensa e abrangente quantidade de habilidades, que o permite matar da maneira como seus clientes pedirem. Isso servia muito bem para o aspecto físico mais frágil de Bronson, que não permitia grandes extrapolações em combate, mas acaba servindo apenas como mais um detalhe para Statham, cujo porte e treinamento em artes marciais na vida real permite apresentar um personagem que simplesmente vai devastando as linhas inimigas na base da porrada.

Assassino a Preço Fixo 2 - A Ressureição

De resto, é basicamente a mesma pegada do original e da versão anterior de 2011 – uma desculpinha banal para ver pilhas de bandidos mortos. Na trama desse aqui, vemos Bishop se escondendo na gloriosa Rrio de Xanerô, também conhecida por aqui como Rio de Janeiro, tentando curtir a aposentadoria do seu estressante “emprego”. Mas claro, como com todo bom herói de ação, seu passado volta para lhe morder o traseiro – de novo – e ele acaba fugindo para a Tailândia para não ter que realizar mais um serviço (incidentalmente, a única atriz tailandesa do filme, Yaying Rhatha Phongam, é também a única pessoa a não aparecer na Tailândia – ela aparece apenas na cena do Rio. Sensacional…). Lá, ele recebe o auxílio de Mae (Michelle Yeoh) para salvar uma bela e inocente jovem, Gina, vítima de um suposto marido violento. Porém, ao salvar a jovem, Bishop descobre que ela na verdade é parte do plano do vilão, Crain, para forçar Bishop a realizar um último trabalho. Para salvar a bela do fogo cruzado com seu passado, Bishop resolve partir para o ataque.

Não há muito o que falar sobre um filme desses. Os atores todos estão no automático – de certa forma, parecem até estar se divertindo – e não cabe uma avaliação muito profunda. Eles fazem aquilo que precisam fazer: Statham bate (muito), Alba é a donzela em perigo – com direito a um murro aqui e outro ali, porque você sabe, mulheres não podem parecer fracas hoje em dia – Yeoh faz a estrangeira exótica, Hazeldine faz o vilão aparentemente-europeu-unidimensional.

Assassino a Preço Fixo 2 - A Ressureição

A única exceção mais divertida é a breve participação de Tommy Lee Jones como o traficante de armas Max Adams. O estilo extravagante do personagem já é por si só uma isca cômica do filme, saindo um pouco do padrão “quebra-tudo” exibido até ali. Mas a virada que ele oferece também ajuda a dar uma levantada no ânimo do filme no seu último ato – não que seja nada genial, mas como estamos próximos do fim da exibição, o rompimento do estático padrão de pancadaria linear prévio é interessante.

A nota realmente curiosa na parte da equipe fica pelo diretor, Dennis Gansel. Responsável pelo maravilhoso A Onda, é até estranho vê-lo dirigindo um filme de ação genérico como esse. Não que ele faça um trabalho ruim – tudo está no lugar, salvo um probleminha ou outro de edição – mas é bizarro ver alguém que tem uma obra que, em breve, será considerado um clássico moderno – entre um de seus primeiros filmes, é bom lembrar – fazer um negócio genérico como Assassino a Preço Fixo 2.

Assassino a Preço Fixo 2 - A Ressureição

As coreografias de luta – parte importantíssima, em se tratando do que estamos falando aqui – são bem divertidas e ágeis. Statham, já na casa dos 50, está bizarramente em forma, contando com grande agilidade e força ainda para realizar suas próprias cenas de ação, sem o uso abusivo de dublês. Espero eu chegar nessa idade assim – e não na forma decrépita atual.

Apesar de tudo isso, em alguns momentos o filme é um tanto cansativo, mal de toda obra exclusivamente de ação. Como não existe nenhum grande roteiro por trás, o amigo leitor que não estiver muito no clima da pancadaria pode se encher um pouco com Bishop rodando o mundo para fazer basicamente a mesma coisa em todo lugar. Até porque, em alguns momentos a coisa toda fica bastante exagerada e muitas coisas irreais começam a acontecer para permitir que o herói sobreviva. Nos gloriosos anos 80, quando ninguém ligava para o fato de a metralhadora do herói ter um pente com 150 mil balas e a dos vilões apenas duas e tudo que o envolve ser feito de titânio à prova de balas enquanto o que envolve os vilões é de isopor, isso passava. Mas, hoje em dia, com esse tipo de herói caindo em desuso, o que é muito exagerado acaba sendo apenas cafona. Por essas e outras, a outra franquia de Statham, Os Mercenários (cujo terceiro filme teve uma crítica publicada na época), faz questão de rir desse tipo de coisa, senão cansa.

Assassino a Preço Fixo 2 - A Ressureição

Assassino a Preço Fixo 2: A Ressurreição é feito para aquele sujeito, como eu e você, que de vez em quando precisa desligar o cérebro e ver um sujeito em melhor forma que nós descendo o sarrafo em um punhado de pobres figurantes. Se você não estiver na pegada desse tipo de coisa, nem perca seu tempo e seu rico dinheirinho, amigo leitor. Statham e outros heróis de ação como ele remetem a uma parte muito específica dos nossos gostos, e não dá para assistir a qualquer hora, senão estraga.

Ah, tem a Jessica Alba de biquíni, mergulhando nas águas cristalinas da Tailândia. Eu devia ter começado com isso, né?

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