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Monstros: Uma entrevista com Vilões do Terror!

Nosso intrépido repórter se atreveu a entrevistar os piores vilões do terror – e sobreviveu pra contar

Assassinos famigerados, temidos tanto no plano físico quanto no astral. Entrevistamos cinco dos mais famosos “monstros” da história. Embora nenhum deles seja inumano (à exceção de Chucky), todos fazem jus ao título, devido às atrocidades que cometeram. Para mergulhar na imperscrutável mente desses vilões do terror, o Formiga Elétrica foi até o Asilo Arkham, em Gotham City, para descobrir o que pensam – se é que pensam.

vilões do terror

Em meio a corredores amplos e devidamente escoltados pelo Comissário Gordon e pelo psiquiatra Leonard Samson, adentramos as entranhas do Asilo Arkham, o manicômio judiciário mais capacitado a abrigar superseres de (in)sanidade mental ímpar.

Como três dos entrevistados não puderam falar, por limitações outras, tivemos a assistência do Professor Charles Xavier para investigar suas mentes e servir de intérprete.

Formiga Elétrica – Como vocês se sentem tendo feito tudo o que fizeram?

Freddy Krueger – Você deveria se perguntar como EU me sinto por ser filho de uma freira estuprada por um demente.

vilões do terror

(Uma interessante técnica que mescla regressão e imersão atávica. Como Krueger, em sua forma astral, habita o Inconsciente Coletivo, foi possível encontrar a memória de sua mãe.)

Charles (Chucky) Lee Ray – Cara, eu já não sentia muito quando tinha forma humana. Imagina no corpo de um boneco, que nem coração tem (risos).

Jason Voorhees (Psicografado por Charles Xavier) – Já não era fácil ser uma criança deformada. Menos fácil ainda ter sido deixado pra morrer afogado enquanto o casalzinho que supostamente tava lá pra tomar conta de mim e das outras crianças tava trepando. Por que tu acha que eu tenho predileção por casalzinho apaixonado?

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Leatherface (Psicografado por Charles Xavier) – Geral da minha família faz barbaridade e eu fui educado assim. Fora que eu sempre fui um monstro numa família de monstros. Tu qué o quê, porra?!

Michael Myers (Psicografado por Charles Xavier)  Na minha primeira vez eu ainda era criança. Era Dia das Bruxas e eu nunca fui muito fã de doce…

Formiga Elétrica – Então vocês justificam suas atrocidades pelo histórico de vida de cada um?

Chucky – No meu caso, não. Sempre fui ruim, que nem beira de rio em final de enchente. Tava encurralado, cheio de tiro no peito, e vi nesse boneco uma chance de viver pra sempre. Se é que se pode chamar isso de viver…

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Freddy Krueger – Bom, não é todo mundo que encontrou vida na morte…

Jason Voorhees – Sofri bullying desde que se chamava “zoação.” Morri afogado e, quando dei por mim, já tava grande. Não tenho nem memórias de adolescência. Eu sou o caso de Master-Blaster mais escroto da história, já que não tenho Master nenhum. Fora que faz um frio do cacete em Crystal Lake.

Leatherface – Eu fiz alguma atrocidade?

Michael Myers – Acho engraçado que só é considerado atrocidade numa via de mão única. Ninguém aqui é santo, eu sei, mas todos sofreram atrocidades antes de se tornarem o que são. Menos eu e o boneco aí (referindo-se a Chucky). E eu falei na época que não gostava de doce, porra!

vilões do terror

Formiga Elétrica – Com exceção de Leatherface, que deu um upgrade na “carreira”(com um último filme lançado em 2017 somente sobre sua vida), todos vocês parecem estar meio em baixa, né?

Chucky – Eu sempre estive em baixa, né?

Freddy Krueger – Eu tava em baaaixo mesmo! Lá no quinto dos infernos. Dei uma ideia no idiota do Jason pra tocar o terror na molecada, pra eles voltarem a ter pesadelo e me alavancar de sei lá qual círculo do inferno que eu tava. Mas é foda! A molecada hoje não se assusta com as mesmas coisas de antigamente.

Jason Voorhees – Eu não sei porque fui dar ouvidos a esse FDP! No final só serviu pra gente ser humilhado, sair na porrada e vir parar aqui.

Leatherface – Quê que é upigreidi? Tá me tirando?

Michael Myers – Tô pensando em dar um rolé no Brasil. Geral usa máscara no Carnaval. Mais fácil dichavar*(risos). Imagina?! Cinco dias pra barbarizar (gargalhadas macabras)! E ainda tem a quarta-feira de cinzas…

*Disfarçar em carioquês

Nota do psicógrafo: Os eventos registrados em câmera pelo recente documentário Halloween ocorreram depois desta entrevista. Ele não visto desde então.

Formiga Elétrica – Então vocês acham que monstros como vocês não assustam mais como antigamente?

Michael Myers – A gente nunca assustou ninguém. Nem dava tempo de ninguém ficar assustado.

Leatherface – Te garanto que sem a máscara é pior.

vilões do terror

(Na imagem, a foto do momento em que Leatherface foi apanhado, registrado pelo aparelho celular de um policial.)

Jason Voorhees – Sóóó…

Freddy Krueger – Cara, o problema nem é o medo. Os jovens de hoje dormem menos. Fora que esses remédios que impedem de sonhar são foda! Mal sabem eles que o Alzheimer os espera. (risos)

Chucky – Olha esse mundo como tá, bróder! Cê acha que alguém vai ter medo de monstro?

Formiga Elétrica – O Modus Operandi de vocês é bem diferente um do outro. Vocês poderiam falar um pouco sobre isso?

Freddy Krueger – Eu simplesmente esperava os otários dormirem e cortava o Cordão de Prata, separando a alma do corpo físico. A luva com as garras era só pra compor o visual. Sabe como é, né? Faz o inconsciente atuar a meu favor.

Jason Voorhees – Nem sei o que é Modus Operandi. Só ia lá e descia a porrada!

Michael Myers – Eu ficava passando devagariiinho de carro, de rolê. De máscara, claro, pra botar um terror. À noite, que geral fica com o cu na mão, eu atacava. Você se espantaria com a quantidade de gente que deixa a porta de casa aberta e vai dormir.

Chucky – Que mané Modus Operandi, rapá! Que papo é esse?

Leatherface – Não sei que porra é essa, mas o meu dom é de família, né?

Formiga Elétrica – Ainda a respeito do Modus Operandi, faremos uma pergunta para cada um individualmente. Freddy, como você sabe o que é Cordão de Prata se não é brasileiro?

Freddy Krueger – Cara, sinceramente, o Kardecismo é tão ridículo que só fez sucesso no Brasil. O país de vocês é assim mesmo. Até o Positivismo, que não rendeu o menor “ibope” na França, virou igreja no Brasil. Como eu sei disso tudo? Habito o mundo dos sonhos, cara. Absorvo o Inconsciente Coletivo de geral. A humanidade pra mim é uma biblioteca.

Formiga Elétrica – Jason, você tem intenção de algum dia diversificar o tipo de vítima para além de jovens enamorados?

Jason Voorhees – Essa pergunta é engraçada, porque, se você reparar, nesse último Dia dos Namorados de vocês eu nem matei ninguém. Valentine´s Day sempre foi minha data favorita. Bicho não tem graça porque é instintivo e não entra em pânico igual gente.

Formiga Elétrica – Você diversifica bastante o seu Modus não é, Chucky?

Chucky – Jow, que mané modess é esse, rapá?! Tá maluco?!

Formiga Elétrica – Me refiro à maneira como você trucidava suas vítimas.

Chucky – Aaaah… Tá dizendo que eu sou o mais versátil da cambada aqui? Bom, o Jason é um boçal e o Leatherface, um retardado. O Myers é meio caladão e o Freddy é o mais rebuscado mesmo…

Formiga Elétrica – Leatherface, a despeito do que disse o Chucky, essa máscara já demonstra uma bom nível de subjetividade da sua parte.

Leatherface – O que eu sei é que a minha cara é feia pra dois caralhos e eu sempre me amarrei em máscara. No Halloween eu sempre preferia as tricks do que as treats. Não tinha dinheiro pra comprar máscara, daí eu “doityourselfizei ” a minha própria.

Formiga Elétrica – Michael, se você ampliasse um pouquinho o seu senso de justiça, poderia se tornar um anti-herói como Rorschach (assassino serial que integra a equipe Watchmen).

Michael Myers – “Expressão inexpressiva” é massa, né? A máscara dele é mais “da hora”, mas sou mais a minha. Ele se baseia naquele psiquiatra suíço, né? Ninguém sabe quem foi esse tal de Rorschach

Formiga Elétrica – Se quase todos vocês são superseres e alguns nem fazem parte do plano físico, como foram pegos?

Michael Myers – Aquele policial FDP me perseguiu a vida inteira pra meter bala no meu peito. Sorte que eu não morri. Depois eu que sou o maníaco. Por que ele não tá aqui também?!

Jason Voorhees – Na hora do desespero, parceiro, até moleque dá porrada em nós.

Chucky – No meu caso, fica difícil até correr, né, bróder?

Leatherface – Depois que deram cabo da minha família, eu perdi as esperanças e me tranquei no porão. Só saía pra rangar. De mais a mais, ninguém deu falta de mim na delega! Minha prima foi me visitar. No início me estranhou, depois se afeiçoou a mim. Queria ter a minha guarda como tutora, mas o juiz não aceitou a apelação e vim parar aqui.

vilões do terror

(Heather Miller, logo após uma discussão com o primo.)

Freddy – Ghostbuster é foda, né, cumpádi?! Bastou bater um fio pro Egon e cia. e aqui tô eu.

Formiga Elétrica – Segundo consta, há possibilidade de reabilitação. Vocês concordam em se adequar novamente à sociedade?

vilões do terror

Freddy, Jason e Myers arrumados para a terapia em grupo. Segundo Doutor Samson, a indumentária visa adequar os detentos à reabilitação. As máscaras os auxiliam para que não seja muito abrupta.

Leatherface – Nunca me adequei à sociedade. A única que eu cogitei foi a dos Poetas Mortos. Se fosse eu quem os matasse.

Chucky – Vou fazer o quê nesse corpo de boneco, parceiro? Trabalhar de boneco de ventríloquo? Vou ficar no colinho de ninguém não!

Jason Voorhees – E eu, vou fazer o quê? Trabalhar em açougue? Ou de Crash Test Dummie?

Michael Myers – Tem gente que acredita em reabilitação. E em ex-cadáver, você acredita?

Freddy – Cara, eu vivo de pesadelo. E aqui nesse lugar tenho muita matéria-prima pra trabalhar. Sair daqui pra quê?


Colaboraram com a reportagem, o psiquiatra Leonard Samson e o telepata Charles Xavier. O Formiga Elétrica assegura que o repórter Claudio Siqueira não foi ferido durante as gravações. Ainda.

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