Netflix deixa fãs de Castlevania em polvorosa com anúncio da série
Pois bem, a Netflix decidiu explodir nossas mentes ontem anunciando uma série original baseada em um dos maiores clássicos dos games, Castlevania. Embora as informações sobre a totalidade da equipe envolvida ainda não tenham sido divulgadas, alguns nomes já surgiram na linha de fogo, sugerindo aos amigos leitores uma ideia do tom que a série pode seguir – e é aqui que algumas dúvidas começam a surgir.
A primeira dúvida é exclusiva para quem nasceu nos anos 2000 – ou então morou numa caverna pelos últimos quarenta anos: do que se trata Castlevania? Castlevania é uma série prestes a completar seus 30 aninhos, tendo sido lançada em 86 – e tem um dos recordes de durabilidade entre os games, pois nunca passou mais do que alguns anos sem ter um título novo lançado, o último – Lords of Shadow 2 – sendo lançado em 2014.
Seu primeiro jogo foi para o clássico Famicon, mas ganhou notabilidade internacional quando chegou a maior plataforma de games que já existiu (não nos importamos se você discorda) – o Nintendo Entertaiment System, carinhosamente conhecido como NES, chegando assim aos mercados europeu e americano.
A história segue a guerra entre a família Belmont, um lendário clã de caçadores, fadado enternamente a perseguir o rei dos vampiros em pessoa, o Conde Drácula. A cada cem anos, o velho mocergo ressuscita e cabe a um mebro da família dar cabo dele antes que ele possa dominar o mundo. Com o passar do tempo, a história foi introduzindo novos elementos, como servos ressuscitando Drácula antes do período correto, além da introdução de novos protagonistas não diretamente relacionados ao Belmont, como Alucard, Soma Cruz e Shanoa.
Embora siga apenas muito vagamente os eventos do livro de Bram Stoker, o romance está incluso na cronologia oficial da série, com Castlevania: Bloodlines ocorrendo logo após os eventos da obra.
O que esperar?
O que nós sabemos até agora é que a série contará com o último sobrevivente dos Belmont, o que colocaria Julius Belmont na linha. O que condiz – em tese – com a mitologia do jogo, já que Julius é vastamente conhecido por ser aquele que finalmente dá cabo do Dragão de Sangue de uma vez por todas no jogo Castlevania: Aria of Sorrow. Ou seja, o protagonista perfeito para uma série de TV que não pretende se estender pelos mesmos 30 anos que o jogo.
O que não impede em nada a utilização de outros elementos da série. Afinal, estamos falando de uma cronologia interna que se estende por centenas de anos e envolve uma dúzia de protagonistas que certamente farão parte da série – como co-protagonistas, ou fazendo a alegria do fandom dos jogos enchendo a série de easter eggs.
O que é um fato é que não poderia haver escolha melhor para uma série de TV. Castlevania possui uma vasta mitologia e personagens carismáticos. A história esteria praticamente escrita – se os produtores quisessem. Mas aí nós entramos em um outro problema, e é justamente esse que nos deixa com uma pulga atrás da orelha – nunca houve uma adaptação de games que realmente prestasse.
Ou, ao menos, que merecesse um lugar entre os clássicos de outras mídias – como a boa adaptação Street Fighter Victory, que não era necessariamente ruim, mas lembrava apenas vagamente o jogo. E Castlevania? Qual o prognóstico para a série?
Os responsáveis pela criança
A parte mais interessante é que os nomes envolvidos no projeto ao mesmo tempo que animam, também provocam sérias dúvidas. O co-produtor da série será Adi Shankar, que possui um cúrriculo… elusivo. Embora ele seja bastante jovem, já tem uma carga de experiência razoável. Mas essa carga não é necessariamente boa – ele é mais conhecido pela produção de Dredd, com Karl Urban, e A Perseguição, com Liam Neeson, ambos de qualidade questionável.
O que poderíamos tirar disso é que Castlevania seria uma série com muita ação brutal, o que poderia ser ao menos um alento se a série não fosse tão boa. Mas aí vem os outros nomes.
O estúdio que detém os direitos de Castlevania é o Frederator, do produtor executivo Fred Seibert. E o grande nome produzido pelo estúdio foi a animação A Hora da Aventura. Embora o desenho já seja admirado como um clássico cult, o seu tom não poderia ser mais diametralmente oposto a ideia de uma série que envolve violência brutal com um caçador de vampiros.
Não se questiona a capacidade de Seibert e do Frederator de fazer uma boa animação, mas será que Castlevania é a praia deles? Seria preciso alguém com a mente muito aberta, criativa e ligeiramente insana para dar conta de um espectro tão grande.
E os caras foram atrás de um insano profissional – quem escreveu a primeira temporada da série foi ninguém menos que Warren Ellis. Autor de alguns clássicos modernos como Transmetropolitan, Planetary e Frequência Global, o britânico é uma melhores e mais loucas mentes dos quadrinhos atuais. Mas, assim como os outros, seu nome tanto pode animar, quanto pode piorar a dúvida.
Pois Ellis, apesar de ser o autor dessas ótimas HQ’s citadas, tem uma profunda tendência a divagação. Embora as características brutais e meio insanas o deixem alinhado a nome relacionados a Dredd e Hora de Aventura, suas obras também são conhecidas por extrapolarem limites, o que pode ser um pouco over numa série que é basicamente sobre um clássico caçador vs. monstro.
(Quer mais Warren Ellis? Não deixe de conferir nossas resenhas de livros e quadrinhos dele!
O Veredicto
É claro que não vamos dar um veredicto. Não é a cara do Formiga ficar atestando coisas sobre o que ainda não viu. O que nós podemos dizer, entretanto, é que a série tem potencial. Os nomes envolvidos garantem – ao menos em expectativa – que nós talvez vejamos algo sui generis. Para bem ou para mal.
E, mais importante, se a empreitada for bem sucedida, ela pode abrir as portas para outras séries – e a Konami, dona de Castlevania e de inúmeras outras séries clássicas, já deixou claro que tem muito interesse em transpôr outras de suas propriedades em outras mídias.
Se Castlevania não for tão surpreendente quanto pode ser, ao menos ela pode ser aporta de entrada para outra séries melhores – quiçá, uma adaptação de games que realmente possamos vir a chamar de clássico (se você pensou em Metal Gear Solid, pensamos juntos, amigo leitor).
E se quiser saber sobre vampiros, não deixe de conferir todo o material que temos sobre o tema (e é bastante!)