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Barry, da HBO – Entre tiros e improvisos!

Série Barry nos responde o que acontece com o psicológico de um assassino

Barry estreia sua terceira temporada neste mês e já está mais  do que na hora de falarmos sobre esta incrível série da HBO que acumula prêmios e que, em seus 30 minutos de duração, nos entrega uma história tão densa e rica sobre transtorno pós-traumático e realização de sonhos que se mostra uma novidade do tão exaustivo tema de assassinos de aluguel. Categorizada como “tragicomédia”, a série utiliza a ironia da vida sobre o imprevisível.

Resenha da série Barry da HBO

A série foi criada pelo experiente Alec Berg, produtor executivo de Curb Your Enthusiasm e Silicon Valley, e pelo ex-SNL Bill Hader (It: Capítulo 2), que além de dar a vida ao personagem, também é  diretor e roteirista. O espectador acompanha a trajetória de Barry Berkman, um ex-fuzileiro e agora assassino de aluguel, orientado por Fuches (Stephen Root) que encarna uma representação de mentor e figura paterna importante na vida do protagonista a partir do momento em que ele recebe a dispensa do exército. A vida de Barry muda quando ele precisa cumprir uma missão em Los Angeles, ao ser contratado pela máfia Chechênia. Já sem esperança ou prospecção de mudança, Barry se vê na cidade dos sonhos obrigado a matar um ator amador que o confunde com um estudante da trupe de teatro e leva Barry até a aula de Gene Cousineau (vivido por Henry Winkler) onde Barry descobre sonhos que acreditava não ter mais.

Começa então uma luta interna de Barry, que, surpreendido pela vontade de se tornar livre e feliz como  ator, se encontra preocupado em para proteger sua identidade e daqueles com os quais ele se importa. É quando ele escolhe para si o nome artístico de Barry Block e, com a ajuda de Gene, Sally e até mesmo do checheno Noho, vai se moldando e criando um novo homem. Porém, a situação o coloca  em dívida com a máfia Chechênia, causando uma fragilidade na perigosa relação entre ele e Fuches.

Bill Harder demonstra uma atuação madura ao demonstrar a dualidade existente no personagem que balança entre os horrores da guerra e as mortes recorrentes que ele deve cometer como assassino, levantando questões sobre como readaptar os veteranos após grandes eventos ocorridos, não somente com seu personagem pois logo na segunda temporada conhecemos outros de seus companheiros ex-militares e descobrimos como cada um se adaptou à nova realidade longe da guerra. A perda de propósito que a guerra proporciona aos soldados, os pesadelos, a convivência em uma sociedade que não os entende.

Resenha da série Barry da HBO

A violência não é glorificada e sim, representada de forma automática e distante

Suas ações como assassino tem consequências que o assombram com o passar dos episódios. Não somente de forma psicológica, mas também através de decisões que devem ser mantidas. Neste momento, outros personagens vão ganhando sua própria voz como uma detetive, a sua amiga e depois namorada Sally e em especial um dos capangas Chechenos chamado Noho Hank (Anthony Carrigan), um animado e otimista incorrigível que rouba a cena a cada aparição. Sua gangue, a partir da segunda temporada, ganha mais tempo de tela, chegando a ter suas próprias aventuras, enquanto almejam expandir os negócios contratando Barry para treiná-los. Mas, ainda assim, seu arco consegue dar um toque de leveza a intensidade que a série traz.

Mas vamos falar de um pouco sobre o que faz  Barry realmente se diferenciar das outras séries ou filmes que tem cenas de luta: a edição e a coreografia. Todos os movimentos em uma luta real têm consequências, principalmente os golpes perdidos, pois a quantidade de energia localizada para se acertar é uma mini explosão. Então, em uma luta onde os personagens começam a brigar com ódio e não se acertam, a sua respiração começa a ficar mais ofegante, os golpes mais lentos e imprecisos, beirando o absurdo. E isso é demonstrado com muita maestria em Barry. Um soco tem sua consequência a longo prazo, a arma tem seu peso, o desespero tem sua imprevisibilidade, e tudo isso é bem coreografado a ponto de esquecermos que não estamos vendo um cara em que a carreira não foi pautada em ação. Há sim seus absurdos em alguns episódios, mas isso não diminui o cuidado feito nos episódios onde a violência faz parte da narrativa como um terceiro personagem.

O mercado está saturado de filmes e séries sobre assassinos, mercenários ou vingança. este meio, Barry consegue trazer ares de originalidade, entregando histórias sobre pessoas que não encontram mais seu lugar no mundo, seja por traumas de guerra ou relacionamentos abusivos enquanto buscam por sua redenção. E em seu clima introvertido, pessoal e intimidador, onde o silêncio tem sua própria característica, Barry se mostra uma das séries que merece atenção.

 

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