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The Beatles: Yellow Submarine – Agradável psicodelia!

Yellow Submarine, a animação dos Beatles adaptada para os Quadrinhos

Claro que alguns podem ter passado os olhos pelo título e pensado: “Putz, não sou fã dos caras! Não me interessa!”. Normal. Mas, independente das preferências musicais de cada um, The Beatles: Yellow Submarine é uma HQ que delicia quem curte narrativas lisérgicas e a psicodelia sessentista. Consegui sua atenção? Continue lendo e descubra os méritos deste trabalho singular.

Compre clicando na imagem!Resenha da HQ The Beatles: Yellow Submarine

Indiscutivelmente um marco, o longa-metragem Yellow Submarine completou cinquenta anos em 2018. Brian Epstein, empresário dos Beatles, foi uma peça fundamental para esse sucesso, pois seu entusiasmo pelo projeto foi maior que o dos próprios músicos, que nem dublaram seus personagens. Naquele momento, passados dois filmes de sucesso onde interpretavam a si mesmos, a transição conceitual e visual do grupo era evidente. Hora apropriada para a ideia da King Features Syndicate: uma animação baseada no compacto Yellow Submarine.

A empresa só queria o aval e a autorização para o uso das músicas, mas Epstein fez sua parte para que os quatro trouxessem novas canções para o evento. São elas: “Only A Northern Song”, “All Together Now”, “Hey Bulldog” e “It’s All Too Much”. O surrealismo na parte visual, quebrando o padrão “certinho” que a Disney já havia popularizado, foi cortesia do desenhista alemão Heinz Edelmann e do diretor George Dunning. É preciso admitir que roteiro não é um primor, com cinco escritores adaptando a letra em um longa de 90 minutos, mas isso importa menos aqui por conta de uma realização estética de porte.

O aniversário de cinco décadas da obra foi a deixa para que a Titan Comics publicasse sua adaptação em quadrinhos, com roteiro e desenhos de Bill Morrison. Atual editor da revista Mad e cofundador da Bongo Comics, Morrison seguiu à risca o estilo inesquecível do filme, algo que já agrada de ara os fãs mais próximos dos Beatles ou mesmo os que só apreciam o cinema de animação.

(Já que falamos de Beatles, confira também a resenha da HQ biográfica Lennon. Na mesma pegada, acesse também os textos dos álbuns Coltrane e Blues For Lady Day. Sobre a junção entre Quadrinhos e Música, conheça o trabalho Tubarões Voadores)

Publicado no Brasil pela DarkSide Books, a HQ, evidentemente, cobre a mesma história da invasão da idílica Pepperland pelos Malvados Azuis, que odeiam música e tudo que o local representa. O recém-nomeado Almirante Fred embarca no Submarino Amarelo atrás de ajuda, recrutando Ringo, John, George e Paul, que voltam com ele para livrar aquela terra do domínio dos autoritários Azuis.

Talvez seja muito tentador para algumas pessoas buscar relações entre esta premissa simples e o mundo real de hoje em dia, mas o grande apelo da versão em Quadrinhos de Yellow Submarine está na contramão deste raciocínio. A graça é justamente deixar-se levar sem muito compromisso, aproveitando o visual coloridíssimo chapado, com efeitos de brilho pontuais e sutis. Impossível não se deixar levar depois de ler as primeiras páginas, o que já diz muito sobre a obra como um todo, já que as imagens são a razão de ser deste trabalho.

Resenha da HQ The Beatles: Yellow Submarine

Diagramando o longa-metragem

Nem seria necessário comentar as diferenças entre as linguagens Cinema e Quadrinhos. Porém, com isso em mente, é possível imaginar as dificuldades de Bill Morrison nesta adaptação. Afinal, ele já tinha nas mãos um material original fora do lugar comum, cuja recepção pelo seu público tem fortes doses de subjetividade. Como levar isso às páginas impressas, já que não envolve apenas seguir o estilo da arte, mas também criar um ritmo narrativo próprio?

Sucesso na tarefa. Se era preciso seguir uma padrão já estabelecido no estilo dos personagens, em termos de narrativa visual ele teve liberdade para soltar-se e aproveitou o espaço. As páginas são diagramadas de um modo dinâmico, utilizando bem recursos metalinguísticos e requadros com formato criativo, sinuosos ou emulando bolhas, entre outros exemplos. Em 112 páginas, são raríssimas as que se utilizam de uma estrutura mais convencional, criando uma experiência diferente para os leitores.

Como se trata de uma adaptação/homenagem, The Beatles: Yellow Submarine não teria como se destacar no fator surpresa ou originalidade. Ainda que seja impossível ignorar esse detalhe, dada sua proposta clara, é perdoável e pesa pouco em uma avaliação final. O passeio no Submarino Amarelo, mesmo depois de cinquenta anos, ainda vale a pena, seja animado ou impresso.

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