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Shade, O Homem Mutável: Vol. 2 – O Limite da Visão

Shade, O Homem Mutável: Vol. 2 - O Limite da Visão

Continuando a viagem psicodélica ao âmago apodrecido dos EUA, iniciada em O Grito Americano, Shade, O Homem Mutável – O Limite da Visão é o encadernado que traz as edições 07 a 13 de Shade, The Changing Man, ainda com roteiros de Peter Milligan e arte de Chris Bachalo, exceto pelo #10, que tem como artista convidado Bill Jaaska. Se você ainda não foi apresentado ao mundo deste personagem reformulado ao estilo Vertigo, recomendo que clique no link acima e leia a resenha do volume anterior antes de prosseguir.

Permanecendo fiel à proposta que inaugurou esta nova fase do personagem, Milligan, como bom britânico, seguiu cutucando feridas sociais norte-americanas. Guardadas as devidas proporções, lembra um pouco o que Denny O’Neil e Neal Adams faziam na clássica série com Lanterna e Arqueiro Verde (outro assunto que rendeu um podcast nosso). As aventuras de Shade, até aqui, vêm se desenrolando em cima de tópicos que, de uma forma ou de outra, representam o lado menos glorioso da terra do Tio Sam, o que pode tornar-se um problema mais à frente, já que é uma fórmula repetitiva. Poderia ter se tornado um problema também no caso do Lanterna e Arqueiro, mas a fase teve vida curta e encerrou-se antes do cansaço.

Shade, O Homem Mutável: Vol. 2 - O Limite da Visão

Abrindo o volume com Os Inominados, o roteirista mostra o protagonista seguindo a trilha do fluxo da loucura, que desta vez envolve o drama de alguém que buscou o sucesso e acabou na sarjeta. O problema dos moradores de rua é sentido, literalmente, na pele de Shade e Kathy, com uma história de apelo comovente, dando a deixa para entrarmos de cabeça no movimento Flower Power em Love & Haight, que se desdobra em Profetamina.

A necessidade da história evocar o psicodelismo hippie é um prato cheio para a narrativa visual de Chris Bachalo, além das capas de Brendan McCarthy, perfeitamente em sintonia com a ironia mordaz do texto. Nem a utopia “paz e amor” é poupada quando Shade encontra novamente o Grito Americano e, então, chegamos a Vampiros de Normas, esta desenhada por Bill Jaaska. Sem grandes arroubos visuais como as duas anteriores, infelizmente, mas com uma ideia interessante, referência explícita ao clássico de Don Siegel, Vampiros de Almas (Invasion of The Body Snatchers, 1956). Aqui, o casal de protagonistas encontra uma cidadezinha assolada pela paranoia macarthista, onde a insanidade de um cidadão traumatizado é canalizada pelo fluxo da loucura, elevando o conceito de caça às bruxas a um nível muito além do que já conhecemos da vida real.

Shade, O Homem Mutável: Vol. 2 - O Limite da Visão

Chegando às três partes que compõem o arco que dá nome à edição, O Limite da Visão, encontramos um roteiro mais psicologicamente intrincado, ainda que seja bastante confuso para o leitor acompanhar, o que esperamos que tenha sido intencional.  Trabalhando com o misterioso Sr. Stringer, já apresentado bem antes na série, Shade se depara novamente com o assassino serial Troy Grenzer, aquele que matou os pais de Kathy e de quem havia se apossado do corpo na primeira história do primeiro encadernado. O mais interessante é onde esse reencontro e – consequentemente – confronto acontecem. O problema maior não é a facilidade de perder-se entre tantas reviravoltas criadas por Milligan, mas a personagem Lenny, apresentada em Love & Haight e mantida como coadjuvante recorrente, sem muito para fazer por ali e esboçando algumas reações que não convencem.

Shade, O Homem Mutável: Vol. 2 - O Limite da Visão

As capas de Brendan McCarthy dão o tom exato do que encontramos na série!

No geral, em Shade, O Homem Mutável – O Limite da Visão o pique anterior se manteve e trouxe algumas novidades para quem se sentiu atraído pela série. Se houve um ou outro problema, estes são de menos perto da qualidade geral.  Aguardando para conferir quais caminhos foram trilhados depois, mas até aqui tem valido a pena encarar o fluxo da loucura.

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