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Elektra Vol. 1 – Linhagem Assassina

Elektra Vol. 1 - Panini

Alguém discorda que é difícil –ou impossível – encontrar boas histórias da ninja assassina da Marvel, exceto aquelas escritas pelo seu próprio criador? Quando Frank Miller, no auge da criatividade, criou Elektra como coadjuvante do Demolidor, no distante ano de 1981, a personagem já roubou a cena. Entre 86 e 87, Miller escreveu a minissérie Elektra Assassina, com arte de Bill Sienkiewicz, criando outro clássico da Marvel.  O que veio depois nem vale o comentário.

Em 2014, a Casa das Ideias promove mais uma de suas jogadas editoriais e temos a Nova Marvel, trazendo um reinício de série para a personagem. Nada demais até aí. Elektra Vol. 1 – Linhagem Assassina (Bloodlines), que junta as edições 01 a 05 da revista original, tem roteiro de W. Haden Blackman, cuja experiência envolve desenvolvimento de games na Lucasarts, além de quadrinhos de Star Wars. Também passou pela DC, escrevendo a série da Batwoman. Aqui, a trama é a seguinte: a mercenária é contratada para encontrar o lendário assassino conhecido como Corvo Encapuzado, percebendo no meio do caminho que a coisa não estava tão bem explicada. Esbarra em um monte de vilões no caminho, percebendo que existe alguém atrás de seu alvo que é mais mortífero do que ela poderia imaginar.

Elektra Vol. 1 - Panini

Neste momento, talvez tenha passado um “só isso?” pela sua cabeça. Compreensível, já que, em linhas gerais, a história é isso mesmo, do começo até o fechamento do arco na própria edição. Agora pode ser que sua dúvida seja “são cinco edições esticando esse fiapo narrativo?”, então a resposta seria que existe um ou outro acréscimo no recheio da trama, mas nada muito além do que já foi dito. Só de ler a resenha até aqui, você já sabe que ela vai resolver a parada e que o tal grande vilão tem dois destinos possíveis. Sumir e deixar o gancho para reaparecer quando algum editor gaiato quiser, ou morrer mesmo no final, mas como isso não significa nada em HQ de super-herói, dá na mesma. Desanimador, eu sei, mas não desista e continue lendo…

Elektra Vol. 1 - Panini

Se existe um motivo que justifica a aquisição deste encadernado, ele se chama Michael Del Mundo. Dizer que o ilustrador filipino deu um show é pouco. Os belos quadros pintados em uma narrativa mais tradicional já valeriam a experiência, mas ele mescla isso com belas páginas duplas que, além da qualidade das imagens isoladas, conferem toda a sensação de movimento e graça, fazendo com que a fluidez das cenas de ação seja uma alusão à movimentação corporal de Elektra. Literalmente, um balé gráfico.

O recurso, apesar de esteticamente irretocável e funcional em termo de narrativa, poderia cansar em algum momento, mas o artista foi sábio na utilização de seu repertório. Existem outras sequencias de ação – evidentemente, a razão de ser de uma HQ como essa – que alternam o quadro aberto e fechado, simplesmente, mas a escolha dos planos é fantasticamente bem pensada e nos faz cair no clichê quando somos obrigados a dizer que se trata de uma história em quadrinhos cinematográfica. Mais ainda,  acerta na mosca na ambientação e no clima evocado pelas cores, principalmente quando a história entra na paisagem mental dos personagens.

Elektra Vol. 1 - Panini

Não bastando toda essa inventividade e talento esbanjado nas páginas, as tradicionais capas originais que compõem o encadernado são, cada uma delas, algo que você poderia pendurar em sua parede com orgulho. As capas variantes, assinadas por artistas variados, cada um com seu estilo, também são boas, mas Del Mundo realmente se destaca entre eles e marca mais um ponto a favor do conjunto da obra.

Tudo bem, não há como dizer que o roteiro em Elektra Vol. 1 – Linhagem Assassina é um primor. Bem previsível, isso é fato, o que tira pontos de uma classificação final, mas não ofende a inteligência de ninguém e é sustentado pela maravilhosa embalagem da arte, verdadeiramente diferenciada para esse universo de super-heróis. Já é muito, mas muito mais do que se costuma receber mês a mês de Marvel e DC. Com capa cartonada, papel LWC e 116 páginas, além de tudo que já comentei, não dói nada gastar R$ 19,90 do preço de capa.

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