A Panini lançou o encadernado com as edições que lidam com os eventos subsequentes à morte de Darkseid, mostrando como os personagens principais da DC estão se virando com os poderes dos Novos Deuses. Você não curtiu essa ideia da editora, afetando diretamente seus principais heróis? Passe longe… Confesso que também não me sinto muito animado a acompanhar esses desdobramentos, mas tentei ler Liga da Justiça: A Guerra de Darkseid – Especial deixando de lado qualquer julgamento prévio e procurando verificar a qualidade geral da parada e – evidentemente – o fator diversão.
Alguém pode achar que é birra, mas a nota já deixou clara a impressão geral desta edição. Aliás, difícil classificar um encadernado que não conta uma mesma história, mas traz várias HQ’s, cada uma tirada do título original de cada membro da Liga. Já que estamos falando de vários títulos interligados, óbvio que temos várias equipes criativas, cada uma dando seu toque ao personagem em questão.
A ideia aqui foi juntar os primeiros números das revistas Justice League: Darkseid War, que começaram a ser publicada lá fora em dezembro de 2015. O titulo da saga vinha antes do nome do herói, e aqui temos Batman, Flash, Lex Luthor (não é herói, mas seria complicado explicar agora), Lanterna Verde, Shazam e Superman, cada um deles na estreia de suas novas “caras”, por assim dizer. Conforme eu já disse, são várias pequenas histórias retiradas de vários gibis regulares, cujos roteiros vão absolutamente do nada para lugar algum. Quando muito, provocam alguma curiosidade, como é o caso do recorte do Homem-Morcego.
Abrindo a edição, encontramos Batman se valendo bastante de sua condição divina com a poltrona Mobius. Agora ele é o vigilante perfeito e tem todas as respostas, o que parece até interessante, mas é possível dissociar o personagem da sua condição humana, já que isso é grande parte do seu apelo? Já que agora ele é capaz de qualquer coisa, adivinhem de quem ele foi atrás? Óbvio. Ele encara o assassino de seus pais. O roteiro de Peter J. Tomasi é o único que talvez tenha algum atrativo real, no máximo, mas já sabemos onde isso termina. A arte de Fernando Pasarin também é a melhor do encadernado.
Com o Flash, o roteiro de Rob Williams lida com a resistência do velocista em unir-se ao Corredor Negro, personificação da morte. A arte de Jesús Merino serve bem ao personagem, com uma narrativa visual bem dinâmica. Já deve ter ficado claro que quem não é bem versado no Universo DC não vai entender nada, não é?
Não há muito o que comentar sobre os segmentos posteriores. Cortesia de Francis Manapul, Lex Luthor adquire o poder maligno (novidade?) de Darkseid em uma história que depende muito dos acontecimentos anteriores, deixando o leitor ocasional mais perdido que filho de meretriz no Dia dos Pais – e a arte de Bong Dazo não ajuda. Lanterna Verde, escrito por Tom King, tem a solução mais Deus Ex Machina (aquele tipo de atalho de roteiro muito do cara-de-pau) dos últimos tempos para o seu problema, ainda que os desenhos de Doc Shaner sejam interessantes.
Chegamos aos dois últimos. O insípido Shazam de Steve Orlando, escritor que tem feito algum sucesso, com desenhos de um Scott Kolins que já foi melhor. A trama serve para trocar as divindades que concedem os poderes ao herói. Sobrou o Superman, com a mesma dupla da HQ do Luthor, onde o Homem de Aço retorna à Terra carregado com as energias solares de Apokolips e corrompido por isso. Também é uma situação que qualquer leitor mais velho já viu. Tem seus bons momentos de pancadaria com uma narrativa legal, mas é só.
Liga da Justiça: A Guerra de Darkseid – Especial não tem capa cartonada, mas seu miolo é de papel LWC. São 140 páginas por R$ 17,50. Quem vem acompanhando com afinco a DC destes últimos tempos não vai querer perder. Para qualquer outro menos dedicado, é melhor nem arriscar.