Antes de conferir nossos comentários sobre Cavaleiro das Trevas III: Livro 5, confira os textos sobre os volumes anteriores: Livro 1 Livro 2 Livro 3 Livro 4
Chegamos ao quinto capítulo de Cavaleiro das Trevas III – A Raça Superior. A essa altura, você já deve saber que a minissérie de oito edições vai atrasar nos EUA, afetando o lançamento aqui por conta da rapidez com a qual a Panini tem publicado. Se ainda não sabia, entenda melhor a situação com esta notícia que publicamos há pouco.
Como o sexto número só sai lá fora na segunda quinzena de outubro, acho que vai demorar uma pouco para continuarmos nossas resenhas número a número. Paciência… pelas anteriores, não parece algo que vá tirar o sono de muita gente.
Não custa avisar mais uma vez: SPOILERS para todos os lados!
Leu o texto do capítulo anterior? Comentei que era estranho que Quar, com seu exército kryptoniano, ordenasse ao povo da Terra que entregasse o Batman, pela óbvias capacidades que eles têm para resolver isso em um segundo. Bom, essa atitude foi explicada, felizmente. Não é lá grande coisa, já que é mais um caso manjado de vilão megalômano que se ferra pela sua auto-confiança excessiva, mas é melhor que deixar jogado.
Passamos da metade desta história e esse formato de 36 páginas por capítulo parece ter atrapalhado Brian Azzarello – e Frank Miller, dependendo do quanto você imagina que ele participou de verdade. As subtramas vão se desenrolando em conta-gotas, como o envolvimento da Mulher-Maravilha, que vem sendo mostrada fora dos eventos principais. O problema é que, quando ela aparece, soa apenas como se fosse para nos lembrar que ela existe e que em algum momento entrará de verdade na jogada. Nenhuma construção de tensão ou qualquer situação que nos faça torcer pela participação dela, algo que também acontece com a comissária Yindel, aparecendo de novo de passagem e confirmando a aliança com o Morcego, preparada no número anterior.
Superman nem demorou muito para ser libertado, o que significa que nem deu tempo de sentir a falta dele. Que Lara tinha um irmãozinho já estava claro, outro detalhe que poderia ser um ponto de virada importante, mas sabe-se lá por qual motivo resolveram mostrá-lo logo no começo, carregado pela Mulher-Maravilha. Quando Lara revela isso a Quar, a novidade é somente para o personagem isso é surpresa. A meu ver, uma oportunidade perdida de surpreender – um pouco, pelo menos – o leitor.
Juntando a turma que sobrou da Liga da Justiça, além do Aquaman, Flash também apareceu no livro 4, apenas para ter suas pernas quebradas, impedido de correr. Claro que o Batman encontraria outra tarefa importante para ele, mas essa não é a questão. O leitor mais velho da DC vai lembrar que essa ideia já foi usada em um futuro alternativo dos heróis. Em Super Seven, publicado nos EUA em Adventures of Superman Vol 1 #6 (1994), tínhamos um Wally West mutilado e incapacitado, exatamente como esse Barry Allen. A HQ saiu por aqui em Superboy #5, formatinho da Editora Abril, no ano seguinte.
Voltando ao azulão, agora todo mundo é amigo e o clima é “vamos juntos resolver essa ameaça”. Um problema apocalíptico já indicava que o Batman teria que fazer uma mágica e tanto para fazer frente aos kryptonianos fanáticos. E faz! A chuva de kryptonita é um deus ex machina bem descarado e essa expressão, que designa atalhos de roteiro para resolver o que parece insolúvel, nunca pareceu tão adequada. A isso, incluímos o Superman de armadura ajudando o amigão no finalzinho.
Sobre os desenhos, pela primeira vez, a arte-final parece pesar. Klaus Janson se esforça para assemelhar o traço de Andy Kubert ao Cavaleiro das Trevas original, mas, em alguns momentos, o nanquim não parece casar com o lápis. Não é o maior dos problemas, levando em conta o dinamismo narrativo. Ruim mesmo é a mini revista da vez, com Frank Miller sem um arte-finalista bom para passar um pano ali. A capa já diz muito, mas dentro é pior, com um roteiro que não acrescenta nada à linha principal, que se contenta em mostrar Lara brigando com um namoradinho esquentado.
Saldo final da edição: tudo tão morno que dá impressão de que poderia terminar no próximo. Ainda faltam três e vai demorar, conforme já dissemos. Se esse atraso for por causa da agenda de Andy Kubert, é compreensível. Sobre o roteiro, Brian Azzarello já mostrou que tem capacidade para algo bem melhor do que isso e o texto que vem apresentando não justifica o atraso. Será que é a presença de Frank Miller que estraga tudo no final das contas? Bom, especulações à parte, o que importa é o resultado impresso.