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Black Hammer: O Evento Vol. 2 – Mantendo o bom ritmo!

A narrativa se mantém nos trilhos em Black Hammer Vol. 2

Uma coisa parece certa. Quem gostou do primeiro volume de Black Hammer, da editora Intrínseca, tem uma chance enorme de curtir o segundo, pois Jeff Lemire (O Soldador Subaquático e Nada a Perder) pode ser tudo, menos um roteirista ruim. Eis o grande trunfo de uma história que não traz grandes novidades e, na humilde opinião deste escriba, não merece toda a badalação que tem recebido. Pelo menos até aqui, pois a maior parte do que vimos é mais uma desconstrução dos arquétipos super-heroicos, que já não são novidade há três décadas. Porém, Lemire comprova sua destreza como escritor em Black Hammer Vol. 2.

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Resenha de Black Hammer Vol 2

Independente dos conceitos que compõem essa trama, publicada nos EUA pela Dark Horse, com referências direcionadas exclusivamente aos bem versados em HQ’s de super-heróis através das décadas, a construção do roteiro é que nos prende a essas páginas e garante a diversão. A cadência dos acontecimentos, apresentando novos detalhes e revelando camadas aos poucos, é muito bem pensada, criando um ritmo que valoriza demais o universo criado pelo roteirista e o desenhista Dean Ormston.

Continuando a partir da chegada inesperada de Lucy Weber, filha do Black Hammer, à fazenda em Rockwood, o mistério se intensifica enquanto heróis tomam atitudes inexplicáveis. Depois de dez anos, encontrar o grupo que acompanhou seu pai na última missão não abala sua veia investigativa de repórter, embora ela esteja em desvantagem na busca pela verdade.

Enquanto Lucy segue investigando, a história segue não apenas aprofundando o mistério e preparando o terreno para grandes revelações, mas também nos dando mais vislumbres sobre o passado de Abraham Slam, Barbalien, Menina de Ouro, Madame Libélula, Coronel Weird e o próprio Black Hammer, que tem sua origem finalmente revelada no meio de uma clara homenagem às criações de Jack Kirby. Os momentos cruciais que antecedem a batalha dos heróis contra o Antideus, evento que já sabíamos ter culminado com seu súbito desaparecimento e exílio, também são explorados.

Para quem sentiu-se ansioso ao terminar de ler o primeiro, Black Hammer Vol. 2 não decepciona. Jeff Lemire não perde o pique na quantidade de informações que solta nos seis números seguintes que compõem o encadernado, saciando seus leitores na mesma proporção em que os deixa no escuro e aguardando a próxima edição. Levando em consideração pessoas que podem não ter muita familiaridade com Quadrinhos de super-heróis, o texto bem escrito é o único apelo e o gancho para mantê-las lendo. Tanto melhor, já que isso vale mais do que uma grande ideia desperdiçada em um roteiro mal ajambrado.

Black Hammer, além de um bom desenvolvimento narrativo, também se vale de uma arte que a diferencia em um mercado dominado pelo genérico. Dean Ormston, com sua estilização que pesa bastante no preto e o aproxima de Mike Mignola em algumas cenas, dá uma contribuição forte para tirar essa história do lugar comum e marcar os leitores. Em termos de diagramação, aquela jogada de emular outros momentos históricos dos Quadrinhos se mantém, formando assim uma espécie de marca registrada da série.

Resenha de Black Hammer Vol 2

Tem pouco a dizer, mas é feito com competência

Muito do que eu mesmo havia escrito na resenha do anterior continua valendo. Depois de mais de uma dezena de capítulos, Black Hammer Vol. 2 comprova que, em termos conceituais, não vai muito além do que já apresentou. Divertido e bem executado? Com absoluta certeza, mas não justifica toda carga de premiações e o barulho que tem feito. Sobre seu estilo e pegada distantes das picaretagens de um Mark Millar da vida, algo que também já havia comentado, talvez seja o momento de repensar essa impressão.

No momento em que esse texto vai ao ar, um filme e série de TV de Black Hammer já foram anunciados, com envolvimento direto do próprio Jeff Lemire. Se vai ser bom ou não, pouco ou muito fiel, veremos, mas isso é o que menos importa nesta discussão.

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