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Batman/ Superman: Dois Mundos – Metade presta!

Batman/Superman: Dois Mundos

Muitos fãs da DC torcem o nariz quando o assunto é Novos 52, a polêmica reformulação editorial da casa iniciada há cinco anos. No geral, é difícil tirar a razão de quem reclama, pois não é só uma questão do que mudou ou não nos personagens, mas o nível das histórias também não vinha agradando. Os roteiristas culpam os editores, a empresa mudou seu estilo de administrativo e outros embrulhos do mundo corporativo aparecem no meio das desculpas. Falando em qualidade (baixa) de roteiro, isso é o que mais incomoda em Batman/Superman: Dois Mundos, edição em capa dura da Panini, reunindo as edições de Batman/Superman 01 a 07, publicadas nos EUA entre 2013 e 2014.

Batman/Superman: Dois Mundos

Na sua estante ficará lindo, com certeza. Além da capa dura, temos uma bela reserva de verniz no logo e na figura dos dois protagonistas, tudo isso por R$ 32,90. Com os inevitáveis descontos pela internet, parece muito atrativo, não? Depende. As quatro primeiras histórias do encadernado, com o arco Dois Mundos, tem uma trama absolutamente banal, promovendo o encontro de Batman e Superman em início de carreira, com suas versões mais velhas e experientes da Terra-2. O roteirista Greg Pak não parece ter se esforçado muito para justificar o evento, limitando-se à velha fórmula do vilão que coloca todo mundo para brigar, mas no final eles se aliam e fica tudo certo. Só precisou criar uma entidade demoníaca com o poder de possuir os outros, envolvida de alguma forma com Darkseid, e pronto.

Batman/Superman: Dois Mundos

Mas eu disse “depende” no parágrafo anterior. Se você aprecia a bela arte de Jae Lee, então deve mesmo comprar a edição. O artista confere alguma sensibilidade a uma história pouco inspirada, dando um ar europeu ao visual. Não apenas pelos quadros ou figuras isoladas, mas existem algumas jogadas narrativas absolutamente fantásticas nestes primeiros capítulos. Infelizmente, enfiaram algumas sequências de flashback no meio, feitas por outro artista (Yildiray Cinar), procedimento que mostra como os editores mudam de ideia no meio do caminho. Lamentavelmente, isso atrapalha muito o andamento da narrativa. Ben Oliver também assina algumas páginas, mas seu estilo tem mais a ver e não quebra muito o ritmo. No entanto, o que se pode elogiar de verdade é o trabalho de Lee.

Batman/Superman: Dois Mundos

A arte de Ben Oliver funciona no conjunto!

Terminado o primeiro arco, temos mais três capítulos abrangendo uma história completa e fechando a edição. Não melhora a partir daí, muito pelo contrário. Pak continua, agora com o lápis de Brett Booth, o que nos leva em uma viagem muito pouco agradável à década de 1990. Não estamos falando que os personagens voltam no tempo, mas o roteiro e a arte lembram aquele estilo Image que a indústria abraçou na época. Ou seja, o exagero de uma narrativa visual poluída, porém querendo ser estilosa, ainda mais pelas páginas pensadas para serem lidas na posição “paisagem”. Quem costuma ler em ônibus ou metrô tem mais um motivo para não gostar.

Batman/Superman: Dois Mundos

Arte de Yildiray Cinar, deslocada dentro da edição!

Se na primeira metade da edição tínhamos um fiapo de história belamente ilustrado, aqui temos uma história pretensamente mais profunda, com uma arte datada e cansativa. O Mestre dos Brinquedos, aqui um jovem magnata dos videogames, testa um novo jogo revolucionário criado por sua funcionária, onde interage com super-heróis, ou mesmo os controla. O problema é que o que ele pensa ser um jogo é na verdade o controle direto da pessoa real, colocando Batman, energizado com algum recurso milagroso, para brigar com Superman. Sim, existe um vilão conhecido por trás da tramoia e, através do jogo, ele tenta canalizar o ódio intrínseco da espécie humana e… bom, só essa explicação já estava sonífera até aqui. Creio que já deu para entender.

Batman/Superman: Dois Mundos

Brett Booth e o resgate de uma época ruim para a indústria!

Mais um argumento para os detratores da fase Novos 52, Batman/Superman: Dois Mundos é uma espécie de testemunho do que há de errado com essa indústria. Com todo respeito a Yildiray Cinar, que não é ruim, mas está completamente deslocado aqui, se não fosse a arte de Jae Lee, tanto nas páginas como nas capas, cujas versões em preto e branco também foram incluídas, não valeria o papel no qual foi impresso. Ben Oliver também mandou bem, mas é chato ver um artista como ele preenchendo as lacunas no trabalho de outro. De qualquer forma, a nota atribuída fica pelo belo trabalho de Lee.

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