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Justiceiro MAX: Frank – Piloto automático!

Justiceiro MAX - Frank

A proposta de criar uma série do Justiceiro para o selo adulto MAX foi uma bela sacada, já que é difícil mesmo encaixá-lo em um universo de vigilantes super-poderosos coloridos. Isso já meio que acontecia na fase de Garth Ennis e Steve Dillon, entre 2000 e 2001 no selo Marvel Knights, mas a diferença é que aquele era o personagem vivendo no Universo Marvel regular, mesmo que nenhum outro herói desse as caras por lá, a não ser, é claro, o Demolidor. A verdade é que o arco de Ennis foi um sucesso tal que moldou o anti-herói para os próximos roteiristas… Para o bem e para o mal.

A fase MAX começou em 2010, contando uma história sem compromisso com as outras, em um ambiente (bem) mais violento e reformulando as origens dos inimigos. Além disso, também há espaço para um aprofundamento psicológico maior do protagonista. Quem assumiu a bronca de substituir o popular Garth Ennis foi Jason Aaron, já conhecido por Escalpo (Vertigo) naquele momento, contando com o mesmo Steve Dillon na arte.

Justiceiro MAX - Frank

O terceiro encadernado da Panini com a série Justiceiro MAX traz as edições 12 a 16 de Punisher MAX. O arco Frank continua a história que se desenrolou nos álbuns anteriores, Rei do Crime, onde a escalada de Wilson Fisk é narrada, e Mercenário, onde uma versão muito mais insana de um dos maiores psicopatas da Marvel foi apresentada. Ao final do arco anterior, Frank Castle estava quase morto quando foi cercado pela polícia. Aqui, a história se inicia com ele preso e em péssimas condições físicas, enquanto tenta imaginar uma forma de sobreviver ali dentro, ao mesmo tempo em que relembra algo de sua passagem pelo Vietnã e o difícil retorno ao lar.

Em seus arcos anteriores, Justiceiro MAX já tinha seus problemas. Um deles é a dificuldade em enxergar o verdadeiro Jason Aaron aqui, que já havia provado sua competência naquele momento, e o que acabamos vendo é alguém imitando Ennis. O lápis de Dillon só aumenta essa sensação e,aliás, o desenhista parece menos esforçado neste terceiro arco. Se nunca foi ousado na diagramação ou detalhista nos personagens e ambientes, aqui a pressa parece ter dominado e prejudicou um pouco o conjunto. Procurando ser justo, as duas observações anteriores nem devem ser culpa do roteirista ou do artista, já que o primeiro pode estar apenas seguindo as diretrizes de seu editor e o segundo deve ter trabalhado sob algum prazo inumano.

Justiceiro MAX - Frank

Além dos arroubos violentos que sempre esperamos no selo MAX, em Frank, Aaron seguiu carregando no intuito de chocar o leitor. Em Rei do Crime tivemos Wilson Fisk sofrendo um estupro coletivo na cadeia e em Mercenário vimos o próprio com uma arma oculta no canal retal (tão profundamente escondida que não foi detectada nem com uma revista bem cuidadosa). O segundo caso, por sinal, é algo que sacrifica a suposta verossimilhança que a HQ propõe, em troca de um humor negro que tenta emular o cinema de Quentin Tarantino.

Aqui também existe a cota dos eventos exageradamente desnecessários, mas existe uma ligação interessante com a minissérie Nascido Para Matar (2003), escrita por Garth Ennis e desenhada por Darick Robertson, onde o passado de Frank Castle no Vietnã é mostrado como o verdadeiro início do trauma que daria origem ao Justiceiro.  A partir das neuroses da guerra que o impedem de levar uma vida normal em família, Aaron mostra outro lado do personagem antes da tragédia com sua família no Central Park, com um pano de fundo que faz mais sentido do que imaginar que Frank era só um cara bonzinho até sua família morrer. Seguindo a cartilha, a maldade de alguns tipos que circulam e as conveniências para alguns acontecimentos fazem a trama patinar um pouco. No entanto, o leitor mais próximo do cinema vai pescar uma referência divertida ao filme A Outra face da Violência (Rolling Thunder, 1977), não por acaso, um dos preferidos de Tarantino.

Justiceiro MAX - Frank

Apesar de tudo, a HQ tem, pelo menos, o mérito de manter a coesão com as anteriores e também passa rápido. O acabamento da edição em capa dura e seu preço, R$ 26,90, também ajudam, trazendo a tradicional galeria de capas, contando aqui com a arte exuberante de Dave Johnson. A diversão é garantida para quem curte as pirações características de Garth Ennis e os excessos do selo MAX, mas Jason Aaron é um roteirista bem mais competente e versátil do que é demonstrado aqui. Quem não acreditar, pode conferir O Carniceiro dos Deuses e Bomba Divina.

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