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10 capas de Hq’s que são um show à parte!

As capas das Hq’s dizem muito (quando o artista é bom, é claro)

Em qualquer indústria com grande oferta de produtos, é certo que o investimento em uma embalagem chamativa faz grande diferença. Nos quadrinhos não poderia ser diferente, ainda mais em um mercado gigante e voraz como o dos EUA, onde o sucesso de qualquer coisa é pautado pelo retorno rápido nas vendas. Evidentemente, a capas das Hq’s são sua embalagem, que tem a função de, além de encantar o seu leitor fiel, atrair mais público iniciado ou não na leitura regular. Claro que hoje, com a internet, existem outras formas de divulgação e venda que facilitam o encontro do artigo com seu público, mesmo com o mercado não sendo o mesmo de 30 anos atrás. É evidente que esse tipo de expediente agiliza o contato, mas dificilmente forma novos leitores.

Agora, em um exercício de pura curiosidade e talvez nostalgia, pense em uma época em que as únicas formas de descobrir novidades em quadrinhos eram a publicidade dentro das próprias Hq’s, o boca-a-boca e, principalmente, visitar os locais de venda. Imagine o poder de uma capa para cativar ou afastar alguém, independente da qualidade do conteúdo.

Pensando nisso, resolvi organizar esta lista que DE FORMA ALGUMA pretende ser algo definitivo como AS MELHORES CAPAS DE HQ’s TODOS OS TEMPOS e bla bla bla. São apenas dez escolhas pessoais entre milhares de grandes exemplos, mas levando em consideração critérios qualitativos como composição, criatividade e impacto visual dentro do contexto da época. Aliás, só separei trabalhos da década de 1980 para trás, então talvez o futuro traga outra lista com exemplos mais recentes.

Confira!

10 capas de Hq's que são um show à parte!

10 – UNCANNY X-MEN #142 (1981)

“O quê? O Wolverine morre?” Algumas pessoas com certeza tiveram um choque com essa imagem, afinal, as editoras na época ainda não haviam esgotado a paciência dos leitores com o morre-e-ressuscita de hoje em dia. Logan torrado em primeiro plano, Tempestade inerte na mão do Sentinela, cujo tamanho e ameaça são evidenciados pela posição e enquadramento, que cobre um pouco do logo da revista. Como se não bastasse, a frase “TODO MUNDO MORRE!”. Morreram mesmo? Sim, mas era em um futuro alternativo.  O fantástico arte-finalista Terry Austin também foi o responsável pelo lápis. Aproveite e leia também a resenha da saga Dias de Um Futuro Esquecido.

 

10 capas de Hq's que são um show à parte!

9 – PETER PARKER, THE SPECTACULAR SPIDER-MAN #101 (1984)

John Byrne (tema de um FormigaCast, inclusive) no auge da forma! Jogo de claro e escuro em alto contraste, aproveitando a nova fase do uniforme negro do Aranha. O ângulo da cena e a posição proporcionam uma sensação de movimento orgânico e leveza que tem tudo a ver com o personagem. Você pode até argumentar que aqui o cabeça-de-teia parece um vigilante sombrio, o que ele de fato não é, mas esse estranhamento também contribui para gerar um interesse imediato.

 

10 capas de Hq's que são um show à parte!

8 – CRIME SUSPENSTORIES #22 (1954)

Um dos gibis que fomentou a caça às bruxas nos quadrinhos e fez com que pais e educadores vomitassem verdades absolutas sobre o quanto os quadrinhos seriam nocivos na formação da juventude. Pura balela sensacionalista, claro, porém, vamos admitir que essa capa é bem assustadora para a época, em se tratando de um produto consumido por crianças. O desenhista Johnny Craig soube muito bem o que mostrar e o que ocultar, e a limitação do projeto gráfico característico das revistas da EC Comics (cujo time fantástico de artistas mereceu um mini documentário), com uma tarja colorida atrás do logo, não foi obstáculo para a criatividade do artista.

 

10 capas de Hq's que são um show à parte!

7 – DAREDEVIL #184 (1982)

Um personagem conhecido agindo de forma inusitada já chama atenção. Uma Magnum 44 na mão de um herói que não mata, uma perspectiva forçada que destaca o cano da arma, expressão facial irada e o melhor é que até abrir a revista você não sabe para quem ele está apontando. Muita influência do cinema policial dos anos 1970, neste caso, mais precisamente dos filmes da série Dirty Harry, foi a grande sacada dos quadrinhos de Frank Miller(outro que foi tema de um FormigaCast), que em sua passagem pelo Demolidor também assinava as capas.

10 capas de Hq's que são um show à parte!

6 – ZAP #0 (1967)

Robert Crumb (cuja parceria com Harvey Pekar rendeu um Formiga na Tela) acertou em cheio criando essa imagem icônica dos quadrinhos underground, sinalizando o início de uma revolução contra-cultural. Se apenas falar sobre choque elétrico em partes íntimas já causa certo incômodo, quando isso se traduz visualmente, ainda que num traço cartunesco, é difícil ficar indiferente. Os leitores automaticamente souberam que ali havia alguma coisa diferente do que estavam acostumados.

 

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5 – GREEN LANTERN #85 (1971)

Pessoalmente, não gosto muito de capas com balões, pois acho que isso facilita muito a tarefa de transmitir o tipo de história ali contida. Imagino a capa de um gibi como o pôster de um filme, mas tudo tem sua exceção! O conceito desta capa já era absolutamente explosivo, pois estremecia o cânone dos super-heróis. O outrora parceiro juvenil, agora um viciado pego em flagrante, numa imagem que não dá margem para outras interpretações. A arte realista de Neal Adams dá muita consistência à cena, principalmente pelas expressões faciais e outros pequenos detalhes. Sobre os diálogos, é certo que os balões são elementos de composição. Talvez as falas sejam dispensáveis pela força da imagem, mas é inegável que no fim elas trazem um ar de tabloide, de manchete urgente que contribui muito para fisgar o leitor. Essa fase da dupla Lanterna e Arqueiro deu o tom de um FormigaCast.

 

10 capas de Hq's que são um show à parte!

4 – BATMAN: THE DARK KNIGHT RETURNS # 1 (1986)

Mais Frank Miller, diretamente de uma época em que ele esbanjava talento. A cor feita por Lynn Varley, então sua esposa, desempenha um papel importante no conjunto, que acabou se tornando uma das capas mais conhecidas dos quadrinhos de todos os tempos e ajudou a mudar a forma como as pessoas viam o Batman e os super-heróis e Hq’s em geral. Aqui, definitivamente, menos é mais. A HQ foi comentada em um Formiga na Tela.

 

10 capas de Hq's que são um show à parte!

3 – CHALLENGERS OF THE UNKNOWN #64 (1968)

Não há como negar. A corda em primeiríssimo plano confere um peso psicológico à forca, onde a sensação é a de que não há como escapar dela. A ideia é potencializada ao situar os personagens mais próximos do cadafalso no espaço interior, usando a corda também como limite de enquadramento. As expressões corporais e faciais fazem com que a marcha pareça inevitável, enquanto as sombras dispostas de maneira lúgubre e o ângulo levemente inclinado à direita trazem algo de expressionista a esta bela capa. Tudo bem, qualquer leitor saberia que os Desafiadores não merecem esse destino e que se salvarão no final, mas Joe Kubert conseguiu aqui criar um suspense e uma tensão que fazem com que a revista já valha o preço pela sua capa.

 

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2 – SANDMAN #1 (1989)

O trabalho de Dave McKean é um caso em que a “embalagem” ganhou vida própria, a ponto de serem publicados volumes apenas com suas capas. Sandman alcançou um público não leitor de gibis também graças a essa contribuição visual, que mostrou que Hq’s poderiam ser tudo, mas não limitadas, e que os quadrinhos poderiam se beneficiar também da fotografia e artes plásticas. É fato que ele já havia feito alguns trabalhos fantásticos nas HQ’s, assim como ainda faria muitos outros, mas aqui vale o marco zero de uma série que já começou com sucesso, em parte graças a essa estonteante imagem impressionista numa diagramação ousada.

 

10 capas de Hq's que são um show à parte!

1 – NICK FURY, AGENT OF SHIELD #7 (1968)

Entre as dez selecionadas, a minha preferida. Na esteira surrealista da série televisiva de espionagem britânica O Prisioneiro (também tema de um artigo e um Formiga na Tela), concluída em 1968, esta capa é extraordinária por ter sido concebida cerca de 20 anos antes das Hq’s mainstream começarem a chamar atenção da imprensa como algo sério e com potencial artístico. Com uma evidente inspiração de Salvador Dalí, Jim Steranko criou uma cena em que a confusão causada pelo cenário onírico é adicionada à sensação de perigo que o personagem corre, prestes a cair da borda. É bom lembrar que este título era de uma temática menos fantasiosa, portanto, a curiosidade era automaticamente aguçada pela ambientação fantástica, estranha ao universo do espião Nick Fury.

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