Com Miracleman, Alan Moore fez a primeira grande desconstrução do super-herói
Antes da Invasão Britânica na DC, um dos trabalhos que chamou atenção do mundo para o potencial dos roteiristas do outro lado do Atlântico foi Marvelman, que seria rebatizado Miracleman nos EUA. Alan Moore se propôs a revirar um personagem ingênuo, um mero plágio do Capitão Marvel da DC feito na Inglaterra, colocando-o em um cenário que todos nós conhecemos muito bem. O mundo real, é claro, o que, naquele momento, era uma grande novidade. Mesmo hoje, depois de tantas iniciativas como essa, Miracleman continua brilhante e mantendo sua relevância.
Prestes a ganhar uma nova edição pela Panini, a história mostra um envelhecido Mick Moran recobrando sua memória como super-herói, acionando novamente seus poderes ao lembrar da palavra “kimota”. A partir daí, a busca pela verdade sobre aquelas aventuras mais ingênuas vai revelar uma trama muito mais sombria, além do destino do sidekick Kid Miracleman. Tudo isso lidando com as consequências de super poderes na conjuntura da vida real.
Metalinguístico de uma forma sutil, Miracleman provoca muitas reflexões sobre o que aconteceria com a imagem dos super-heróis nos anos seguintes. Mais do que necessário para entender o caminho deste mercado e do arquétipo, o arco de Alan Moore se basta. A fase de Neil Gaiman, inacabada, acabou tornando-se apenas um apêndice curioso que não acrescenta muito para o conjunto. Confira mais esse programa sobre uma obra fundamental dos quadrinhos mundiais, além de uma contundente discussão sobre poderes e responsabilidade que vai muito além daquela proposta nas histórias do Homem-Aranha.
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