Richard McGuire realiza uma interessante suspensão do tempo em Aqui
O tempo nos Quadrinhos é um assunto complexo. Afinal de contas, estamos falando de uma mídia sem som e sem movimento, o que acaba complicando bastante algumas construções narrativas. Se o artista e/ou roteirista não estiver consciente desta importância, corre o risco de comprometer a experiência do seu leitor. Neste campo da análise estrutural das Histórias em Quadrinhos, o norte-americano Richard McGuire conseguiu um feito e tando com Aqui (Here), álbum onde o tempo é decomposto através do enfoque de um único e imutável espaço geográfico através das eras.
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Com elementos autobiográficos, o autor ambienta sua história em um ponto que, por acaso, é o espaço da sala de estar de uma lar comum norte-americano através das décadas. A decomposição e desconstrução do tempo é sobreposta em uma mesma página, mostrando o que ali existia há pouco e há muito tempo. Ou o que ainda existirá em um futuro distante. Confuso? Um pouco, mas McGuire sabia que estava criando algo que precisa ser experimentado antes de ser explicado.
Lançado no Brasil pelo selo Quadrinhos na Cia., Aqui é uma narrativa derivada e estendida de um pequeno projeto que o artista desenvolveu no fim dos anos 1980, que acabou nas páginas da revista RAW, de Art Spiegelman. (Maus). Expandindo seu conceito em escalas difíceis de imaginar, ele consegue provocar nos leitores uma sensação que desafia a noção de tempo no sentido tradicional, trazendo várias reflexões sobre a arte e o próprio tempo como conceito.
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