Coração de Aço se assume como uma espécie de blockbuster
Tudo começou quando uma estrela vermelha misteriosa surgiu no céu. Com ela, alguns seres humanos ganharam superpoderes (os chamados Épicos), mas, junto com seus poderes, um caráter terrível que os fez utilizar seus poderes para subjugar os seres humanos comuns, arrasando cidades e impondo seu domínio através do medo e destruição. O protagonista é o jovem David, que se une a um grupo de humanos, aparentemente comuns, chamados de Executores (que são especialistas em matar Épicos), com o objetivo de vingar a morte de seu pai, morto pelo épico Coração de Aço (Steelheart), que também dá título ao livro de Brandon Sanderson (eis uma sinopse que agrada os fãs de Wild Cards, não?).
Brandon Sanderson é um experiente escritor de fantasia e ficção científica, mais conhecido por suas trilogias Elantris e Mistborn. Teve parte de sua obra publicada no Brasil pelas editoras Leya e Benvirá e também finalizou a série A Roda do Tempo após o falecimento de seu autor, Robert Jordan.
A história, por sua premissa, é bem simples e o autor também não se importa em utilizar velhas fórmulas e clichês, que dão à trama uma atmosfera típica de um blockbuster, inclusive com o autor admitindo, ao final do livro, que procura transformar sua saga em um filme hollywoodiano. Os elementos estão todos lá: o protagonista que se apaixona à primeira vista, um par romântico que alimenta suas diferenças, a motivação por vingança da morte paterna, o fortão, o mestre tutor com cara de poucos amigos, o bonachão… e claro, os Épicos, vilões com superpoderes que também, como todo super-herói, possuem fraquezas que permitem que seres humanos comuns possam detê-los.
Premissa simples, mas funcional
Apesar dessa premissa aparentemente boba, o livro funciona – com o perdão do trocadilho – super bem. Embora exista a clara intenção em converter a história para outra mídia, ela é muito bem escrita, sendo um belo exemplar de literatura Young Adult. Sanderson consegue amarrar bem e conduzir o leitor através de cada capítulo de forma instigante. As cenas de ação são bem descritas e conseguem transmitir a tensão do ambiente. Mesmo que todas as missões tenham um plano bem detalhado, sempre há alguma coisa que sai fora do script e força os personagens a improvisar e usar aquilo que eles têm de melhor.
Mesmo estereotipados, os personagens são muito bem construídos e cada um tem um papel importante na história. Também não há aquelas coincidências bobas que ajudam os protagonistas, culminando nos chamados deus ex machina. Ao contrário, o caminho dos heróis é permeado por dificuldades, o que torna a história ainda mais interessante. E além disso, existem alívios cômicos, sobretudo sobre a incapacidade de David de fazer metáforas minimamente coerentes.
Ressalvas? Sim, principalmente sobre alguns elementos que aparecem no final da história, mas comentá-los traria spoilers. Todavia se você, assim como eu, gostar deste livro, terá ainda que esperar a Aleph publicar os outros dois livros da trilogia chamada Os Executores. A aventura continuará em Tormenta de Fogo, o próximo a ser publicado, e encerrada com Calamidade, que deve sair entre o final desse ano e início do ano que vem.
Que tal um trailer da edição britânica de Coração de Aço?