Cults of Prax e Cults of Terror são ressuscitados pela Chaosium
O pessoal da Chaosium está trazendo de volta a vida mais um pouco da linha Runequest Classic. O que o público vai ter o imenso prazer de ver dessa vez serão Cults of Prax e Cults of Terror, ambos em PDF (com versões impressas ainda por virem). Com essas reimpressões, a linha Runequest Classic está prestes a ser completada.
Cada um desses livros expande ainda mais o mundo de Glorantha e sua cosmologia, além de oferecer novas magias e habilidades para os seus personagens. É sabido que nesse cenário, a presença dos deuses – ao contrário de outros conhecidos, onde os deuses são quase apenas um complemento de background – é extremamente importante, e afeta diretamente os jogadores, tornando o sumplemento tão importante quanto.
Cults of Prax saiu pela primeira vez em 1978, ainda nos primórdios do RPG, e Cults of Terror apareceu em 81. Para se ter uma base de comparação, Chainmail, o RPG original de Gary Gygax, é de 1971. Ou seja, estamos falando aqui de clássico dos RPG’s equivalente a um Viagem à Lua dos cinemas. E a Chaosium anuncia isso somente alguns dias depois que já havíamos trazido a informação de que DCC – Dungeon Crawl Classics e Conan: Adventures in an Age Undreamed Of estão prestes a chegar às mesas. É uma overdose de espada e magia!
Em Cults of Prax nós temos 15 deuses e suas respectivas religiões. Em Cults of Terror, mais 9 deuses e suas religiões. Existem três “deuses básicos” e seus cultos na regra básica de Runequest Classic, sendo que dois deles (Orlanth e Kyger Litor) são vistos em Cults of Prax. Não existem novas – ou expandidas – informações sobre as definições desses deuses em Cults of Prax, e, ao que parece, ele foram foram colocados ali por puro preciosismo.
Novamente, os jogadores de Runequest Classic de primeira viagem devem entender que essa não é uma visão típica de deuses e suas religiões no estilo de Dungeons and Dragons, ou análogos como Pathfinder. Um exemplo claro disso é que você não verá nem nesses livros, nem nas regras básicas de Runequest Classic, nenhum atributo de jogo de nenhum desses deuses.
O jogo não assume que ele são oponentes de nível épico a serem enfrentados eventualmente, mas sim que são seres primevos, parte de uma cosmogonia muito além das capacidades dos mortais. Embora no próprio Runequest Classic isso não seja absolutamente desenvolvido, em outros jogos clássicos no cenário de Glorantha – como HeroQuest – nós podemos ver essas ideias em ação com mais clareza.
Assim, tanto Cults of Prax como Cults of Terror são suplementos extremamente importantes para Runequest Classic, pois eles não apenas expandem o mundo de Glorantha, como também oferecem novas opções para os personagens. The cult of Storm Bull, por exemplo, oferece algumas Rune Spells relevantes para os personagens que lutam contra o Chaos; Cult of Humakt dá acesso a poderes para quem for lutar com espíritos e mortos-vivos; já o cult of Seven Mothers te ajudará contra criaturas elementais.
Cada culto tem seu próprio saborzinho especial, trazendo cores especiais para o jogo. Mesmo que Cults of Terror lide, obviamente, com a galerinha do mal – e nós sabemos que você, amigo leitor sociopata, não vai estragar o jogo de todo mundo só porque você quer – ainda assim também é um suplemento interessante, pois contribui para os desafios aos personagens.
E, mesmo que Runequest Classic não fosse tudo isso – e para um velho jogador de AD&D como eu, é o mais puro creme do milho – ainda assim é ótimo saber que esses velhos jogos estão voltando aos olhos do público e, principalmente, das empresas. Ver editoras como a Chaosium – ou mesmo a Wizards of the Coast – se preocupando em celebrar os jogadores veterenos é um alento, nesses tempos em que outras mídias – como a dos quadrinhos – parecem simplesmente ter abandonado seus velhos leitores.
Mesmo que esses livros venham em PDF. Não importa. Afinal, o bom jogadore de RPG sempre precisou de somente uma – sua imaginação.