A beleza dos jogos de tabuleiro não está propriamente dita em seus componentes, no material de que é feito ou qualquer outra coisa que seja tangível. Claro, existem verdadeiros trabalhos artísticos envolvidos na concepção destes itens. Uma caixa caprichada, ilustrações chamativas, miniaturas, dados e iconografia elegante ditam a identidade visual do jogo e fazem os olhos se encherem com um tabuleiro que explode numa profusão de cores e informações. Mas tudo isso tem pouco a ver com o que há de belo nesse passatempo.
Essen Spiel’15 (Feira Mundial de Jogos de Tabuleiro, na Alemanha)
Por se tratar de um jogo, leva-se a pensar que o objetivo principal é a vitória. Acredita-se que o grau máximo de satisfação seja o “xeque-mate”, o “bati” ou qualquer coisa que o valha. Dada a atual ascensão na popularidade desses jogos, para muitos ainda se tem a impressão que o real prazer é ser o proprietário de uma ludoteca pomposa, recheada de jogos raros, lançamentos ou aquelas edições especiais, com cópias limitadíssimas.
“Ah, jogo de tabuleiro! É tipo xadrez?”
Reunindo os amigos!
Na opinião daquele que vos escreve, e acredito não estar sozinho nisso, o verdadeiro deleite deste hobby é a diversão coletiva daqueles em volta da mesa. O encontro entre pessoas que apreciam as presenças mútuas para se entreterem com estratagemas fictícios e golpes de sorte é, em si, o momento mais vibrante. Tudo o que permeia essas horas de companhia torna-se agradável. O jogo acaba sendo uma excelente desculpa para estarmos na presença de amigos.
Versão gigante do jogo “Shadows over Normandie” na Feira Mundial de Jogos de Tabuleiro, Alemanha
Há muitos que torcem o nariz para essa mania de rolar dados. “Coisa de nerd”, eles dizem. Vejamos: participar desses jogos não é nada mais que estar sentado num ambiente agradável com amigos, conversando, se entretendo de maneira saudável e inteligente e rindo uns dos outros É isso. Pessoas que gostam de estarem próximas, interagindo. Parece muito sociável, não é? Aliás, soa exatamente o contrário de nerd. Há quem se reúna para conversar sobre futebol, discutindo sobre jogadores de outro continente, ou aquela decisão histórica de 1962. Tem gente que adora trocar ideias sobre moda; quais serão as cores e peças tendências da próxima estação. Em Londres.
Nada contra, mas, bem, a gente prefere rolar dados. Agora me deem licença, que é minha vez.
Artigo originalmente publicado AQUI!
