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The Witcher 3 | Blood and Wine

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A polonesa CD Projekt Red é uma empresa que muda o jogo, literalmente. Assim como o mercado. Colocando para trás companhias de políticas torpes como Activision e EA Games que vendem lançamentos, em sua maioria, contando apenas com “meio” jogo em vez de fornecer uma experiência completa para o jogador. Apostam nas chamadas DLCs – downloadable content, para complementar seus jogos. O último caso dessa polêmica prática de negócios foi com Star Wars: Battlefront que em seu lançamento contava com poucos modos de jogo, cenários, heróis, além da ausência gritante do modo campanha.

Porém, há empresas como CD Projekt e a Bethesda que mudam o conceito de DLCs oferecendo muito mais do que apenas complementos de jogo. No último lançamento da empresa polonesa, The Witcher 3, forneceram por dezesseis semanas contínuas diversas atualizações e conteúdos totalmente gratuitos recompensando o dinheiro investido que o jogador gastou para adquirir o game no lançamento.

Poucos meses depois, ainda em 2015, lançaram a primeira expansão do jogo – Hearts of Stone. Já ali era possível notar que não estavam brincando em serviço. Prometendo dez horas adicionais de gameplay, a expansão trouxe missões e histórias que batiam vinte horas totais de jogo. Ao anunciar Blood and Wine, a desenvolvedora prometeu mundos e fundos. Porém, com a CD Projekt Red é assim: promessa é dívida.

Revolucionando a política do conteúdo adicional, a segunda expansão das aventuras de Geralt traz trinta horas extras oferecendo elementos brilhantes para concluir de vez a saga do bruxo que finalmente encontra sua merecida aposentadoria.

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A narrativa da expansão é tão intrigante e elaborada quanto o cerne da história original de The Witcher 3. Após reencontrar velhos amigos do distante condado de Toussaint, Geralt é invocado pela duquesa para solucionar os monstruosos casos de violentos assassinatos que assolam as terras mediterrâneas ensolaradas do condado. Honrando ao chamado, o bruxo parte para esse território inédito até então na franquia de sucesso. Chegando lá, percebe que se trata de algo muito mais perigoso do que uma simples fera para eliminar. As bestas que assolam a paz do condado são vampiros superiores. Essa investigação levará o bruxo para banquetes ornamentados, novos romances e, principalmente, intrigas envolvendo a família real.

Nada supera essa nova expansão que a CD Projekt Red trouxe para nós. A quest principal é consideravelmente longa contando com diversas cenas de diálogos inteligentes, afiados e mágicos que marcam a rica história de Geralt. Como Toussaint se trata de um território totalmente novo, a equipe teve a oportunidade de fazer algumas melhorias na mecânica e no motor gráfico do jogo.

Inspirada nas belas vinícolas italianas, Toussaint exclama essa atmosfera mediterrânea de beleza monumental. As cores pulsam na tela graças à predominância do tempo ensolarado, da vegetação exuberante e até mesmo da sua reação à física do vento. As texturas dos objetos e do cenário também foram aprimoradas. Novos modelos de personagens foram criados com figurinos e armaduras dignos das melhores produções hollywoodianas para adaptações de contos de fada. Aliás, esse tema guia a trama inteira da quest principal.

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Temos casos de amor, vingança, ódio, manipulação que podem levar a um final feliz ou à uma desgraça completa dependendo das ações do jogador. Até mesmo o dialeto local foge do inglês normal predominante em Teméria – terreno base do jogo. Em Toussaint, seus habitantes falam com dialetos pomposos, já um tanto arcaicos de sotaque refinadíssimo e ligeiramente pedante.

Inclusive, novos personagens que já figuraram nos contos e romances de Andrzej Sapkowski – autor da saga de livros que deu origem aos jogos, aparecem na aventura como o simpático vampiro Regis. Esse núcleo com o ser imortal é um dos mais importantes oferecendo histórias sobre o que de fato Geralt pensa e um pouco de seu passado já que o personagem é uma grande incógnita em muitas situações. Até mesmo núcleos dramáticos remontam à contos vistos no primeiro da saga, O Último Desejo, sobre princesas que nasceram em luas de sangue e, portanto, condenadas a viver amaldiçoadas – seja pela lenda ou pelas ações das pessoas que as temem. Essa atenção especial em entrelaçar a última aventura de Geralt com uma de suas primeiras apresentadas nos livros confere um tom cíclico charmoso, além de apostar no desfecho diretamente inspirado, conectando com outros contos de fada como João e Maria, Alice no País das Maravilhas, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, entre outros.

Além de contarmos com a ótima aventura principal, a desenvolvedora caprichou nas quests secundárias criando diversas das missões mais divertidas do jogo. Para não citar muitas, apenas destaco duas: uma na qual a paciência de Geralt é testada ao experimentar os serviços públicos de Toussaint e outra onde tem que encontrar os “bagos” de uma estátua afrodisíaca.

Até mesmo a mecânica do game foi levemente alterada. Na nova expansão, há uma missão secundária importante a se fazer, pois ela libera uma nova roda de habilidades para o bruxo. Após concluir a quest, Geralt tem suas mutações intensificadas dando origem à essa nova árvore de habilidades que certamente valem a pena conferir. Todas, de certa forma, deixam o game mais violento e frenético, já que os novos poderes realmente são apelações. Mas de forma alguma isso deixa o game fácil já que a curva de desafio sempre aumenta conforme progredimos na história.

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Além de todas as melhorias já citadas, a CD Projekt ganhou pontos no quesito cinematográfico dos enquadramentos escolhidos durante as conversas ou cutscenes. Quem jogou o game base sabe como as cenas eram simplórias com linguagem visual muito próxima de telenovelas apostando somente no clássico jogo de campo/contracampo. Raríssimas eram as vezes que tínhamos movimentos de câmera ou enquadramentos mais interessantes em sua composição.

Em Blood and Wine, isso melhora muito se comparado com o game base, porém ainda se trata de um trabalho apenas mediano na linguagem visual. Porém, isso apresenta que a desenvolvedora está atenta a esses detalhes tentando deixar seus jogos com roupagens mais cinematográficas. Exemplos de RPGs que andam abusando da linguagem importada do cinema ainda virão por aí como no caso do novo God Of War.

Para quem ainda não comprou a expansão, recomendo em alto e bom tom que compre. É um dinheiro muito bem investido que traz horas de jogatinas suficientes para ganhar de muito jogo completo vendido por R$ 250,00. De nada adiantaria também se o game fosse longo e ruim, o que claramente não é o caso. A expansão Blood and Wine é uma das melhores que tive o prazer de jogar dentre todos os que já joguei em minha vida. Manter um vinhedo, matar monstros novos, se surpreender com a excelente história do game e, principalmente, se emocionar com a discreta olhadela de despedida que Geralt nos dá são coisas que não tem preço. A CD Projekt Red encerrou com dignidade sua franquia tão querida contribuindo muito para a forma de tornar jogos verdadeiras obras de arte.

Pontos positivos

Valorização do dinheiro do consumidor, melhorias gráficas, novas habilidades, novos monstros, história espetacular, manter um vinhedo é algo muito divertido, ótimas quests secundárias, muitas horas de gameplay, Toussaint é um dos melhores terrenos disponíveis no jogo, final emocionante para a saga do carniceiro de Blaviken.

Pontos negativos

Alguns problemas de movimentação do personagem que poderiam ter sido corrigidos, o término definitivo da saga.

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