Animação inspirada em George Pérez é simples, porém relevante
Desde os tempos em que era um projeto, a ideia de um longa-metragem dedicado a princesa amazona da DC Comics já rendia assunto. E não apenas entre os fãs da Mulher-Maravilha dos primórdios, que guardam seus quadrinhos longe da poeira e de mãos não muito cuidadosas. TODOS estavam comentando como seria a chegada da heroína às telonas.
Primeiro, por ser mulher e tornar-se representativa para milhares de meninas que tinham que se contentar em ver a cidade ser salva pelo Batman e um avião detido em pleno ar pelo Superman. Era chegada a hora de se divertirem com o que uma garota é capaz de fazer. Acabar com uma guerra, no caso. Coisa simples.
Porém, muito antes do filme dirigido por Patty Jenkins virar realidade, a Mulher-Maravilha já havia feito a alegria de algumas moçoilas (e moços também, né?) numa animação. Em 2009, a Warner Bros Animation lançou a série Universo Animado DC, composto por quatro longas protagonizados por seus principais heróis.
Com pouco mais de uma hora de duração e lançado diretamente no mercado de vídeo, Mulher-Maravilha (Wonder Woman) – curiosamente lançado sem qualquer subtítulo – tem direção de Lauren Montgomery e sua trama é levemente inspirada na reformulação pelo qual a personagem passou nos anos 80, pelas mãos do artista George Pérez – mais precisamente, o arco Wonder Woman: Gods and Mortals. (Que já ganhou republicação no Brasil, inclusive)
Contar a história da princesa Diana, que deixa a ilha de Themyscira ao lado do piloto Steve Trevor para salvar o mundo da fúria do deus Ares, em pouco tempo e sem grandes técnicas de animação (não espere algo nos níveis de produtoras como Pixar e Dreamworks), parece uma roubada, mas o filme consegue divertir até quem conhece pouco da vida da amazona nos quadrinhos.
Desde os primeiros minutos, com a batalha das amazonas contra o exército de Ares correndo solta, a força feminina dá o seu recado. Por mais habilidosas que sejam as guerreiras lideradas pela rainha Hipólita, o bom e velho chute entre as pernas dos rapazes continua uma arma eficiente. A própria Diana, inclusive, vai se valer dele mais de uma vez ao longo do filme.
Feminismo sutil
Steve, como representante dos homens, não deixa o clima cair nunca, chamando Diana de “anjo”, “gracinha” e outras criatividades que só quem nasceu com o cromossomo Y é capaz de achar divertido. Há várias amostras do feminismo da personagem, apesar do beijo apaixonado entre ela e Steve, reforçando a ideia de desentendimento que disfarça tensão sexual, algo que Hollywood, com suas comédias românticas, tanto gosta.
Porém, o romance faz parte da história e não afeta o intuito de dar uma ideia de quem é a Mulher-Maravilha e qual sua função. A surpresa fica por conta da aparição da Mulher-Leopardo e no seu embate com Diana, próximo do fim da aventura.
Mulher-Maravilha, a animação, não é nenhuma obra-prima, assim como os outros exemplares de Universo Animado DC. Mas pode ser mais uma opção para garantir a nova geração um motivo a mais para entrar no universo dos quadrinhos, se é que já não forem iniciadas. Não que seja preciso uma heroína para fazer as meninas lerem HQ’s. Bastam boas histórias. Ter uma protagonista mulher só melhora as coisas. Afinal, vamos onde quisermos. E ai de quem fechar os nossos caminhos. Basta ver as primeiras cenas da animação. Estão avisados.
Curtiu o tema? Não deixe de acompanhar o nosso Especial Mulher Maravilha, que já conta com artigos sobre Lynda Carter, a personagem na série da Liga da Justiça e sua atuação na Sociedade de Justiça, além da crítica do filme, com nosso tradicional Na Cabine.