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A maravilhosa da TV: Lynda Carter e a série da Mulher-Maravilha!

Lynda Carter e a representatividade das garotas

Casinha, fogãozinho, panelinha. É disso que muitos pais (e mães, o que é pior!) ainda ensinam suas filhas a brincar. Didáticas à parte, já está mais do que comprovado que nascer mulher não destina você a ter apenas como opções de vida o cuidado da casa e dos filhos. Se hoje pode não causar tanto espanto uma menina brincar de carrinho ou um menino embalar uma boneca, por que uma super-heroína ainda causa tanta discussão? Como filme-solo da Mulher-Maravilha está chegando (já viu o último trailer?), o Formiga Elétrica decidiu dar um girozinho (daquele bem ao estilo da personagem) e voltar um pouco no tempo para lembrar de quando a Amazona da DC Comics não tinha apenas um filme, mas um seriado para chamar de seu, vivida pela inesquecível Lynda Carter.

(Confira também esta homenagem aos 75 anos da heroína e um momento polêmico das HQ’s!)

Lynda Carter, a eterna Mulher-Maravilha da TV

Antes de entrarmos nos méritos desta figura marcante da história televisiva, dois adendos interessantes sobre a Mulher-Maravilha na telinha. Em 1967, um certo homem-morcego fazia muito sucesso na TV na pele de Adam West, entre onomatopéias e diálogos jocosos. O produtor William Dozier tentou colocar outro ícone da DC no ar, escolhendo a Princesa Amazona. Assim, naquele mesmo ano, o curta Wonder Woman: Who’s Afraid of Diana Prince? foi realizado como teste para um novo seriado, que investiria ainda mais na comédia do que Batman. Estrelado por Ellie Wood Walker, atriz que apareceu em Sem Destino, dois anos depois, o projeto não vingou por motivos óbvios que você confere abaixo:

Em 1974, uma nova chance para a adaptação da Mulher-Maravilha. Desta vez, encarnada por Cathy Lee Crosby, tenista profissional que virou atriz,um longa para a TV – intitulado simplesmente Wonder Woman – foi exibido em 12 de março daquele ano, apresentando uma versão bem diferente da original, a começar pelo tipo físico de Cathy e o uniforme. Como Diana havia perdido os poderes nos quadrinhos da época, é possível que os produtores tenham tentado trazer algo de sua fase como agente secreta. Ironicamente, enquanto o telefilme era produzido pela Warner, ela voltou ao normal nas HQ’s. Uma confusão que se justifica pelo fato do conglomerado ainda não ser proprietário da DC naquele momento. Confira abaixo uma amostra do piloto que não deu em nada.

Agora sim chegamos ao que interessa, com  mais um longa-metragem que serviria como um teste para a personagem. Fiel à primeira história protagonizada pela Mulher-Maravilha nos quadrinhos, The New Original Wonder Woman foi a empreitada bem sucedida da heroína na TV, que reinaria bem feliz em episódios semanais de 1975 até 1979. Lynda Carter, a desconhecida que havia perdido o papel para Cathy Lee Crosby no piloto anterior, da noite para o dia, virou o rosto e o corpo da Princesa Amazona. E por falar em corpo, ele sempre chegava primeiro que a bravura em algumas conversas sobre a série.

A polêmica em torno do visual

Isto porque, por mais que fique claro desde o primeiro momento que a amazona escolhida para salvar a humanidade é um símbolo da igualdade de gênero, já que não possui nenhum tutor masculino nem conta com a ajuda de qualquer homem para executar suas tarefas, o fato de seu uniforme deixar à mostra suas pernas e marcar suas curvas, não agradou algumas moças. O argumento de muitas era que, ao despir-se do visual mais discreto de sua identidade secreta Diana Prince, a Mulher-Maravilha assume um visual sexy para exercer seus poderes.

Esta que vos escreve acredita que as mulheres que acreditam nesta ideia são as mesmas que lutam por igualdade, mas desde que esta seja destinada a apenas um seleto grupo de mulheres ditas “merecedoras”. Sabe aquela sua amiga que se diz feminista mas olha torto quando vê outra garota de saia curta ou mesmo com uma atitude considerada “não feminina”? Pois é, ela está exercendo a mesma opressão do homem que acha que as mulheres “pedem” para ser assediadas quando usam determinado tipo de roupa.

Lynda Carter, a eterna Mulher-Maravilha da TV

Diane Price foi criada num universo onde só mulheres existem e elas tomam conta de suas vidas sem nenhum problema, obrigada! A Mulher-Maravilha é livre para usar a roupa que bem entender e também quer o seu direito de não ser incomodada. Óbvio que o fato da personagem ter sido desenhada por homens ao longo de sua existência, fez com que suas formas fossem adaptadas ao que o olhar masculino considera um “padrão” de beleza. Mas quem usa um pouco a massa cinzenta sabe que belo é algo muito difícil de ser definido, mudando de cultura para cultura. Logo, Lynda Carter seguiu com seu figurino por 59 episódios, nunca se preocupando se alguém estava observando seu decote. O sonho de todas nós, aliás.

A própria atriz, que teria sugerido o famoso giro transformador, imprimiu na Mulher-Maravilha a mulher que todas queriam ser naquela década de 1970. Dona do próprio corpo, do próprio desejo e capaz de derrotar inimigos sem que ninguém precise abrir portas ou puxar cadeiras durante seus combates. Uma mulher que encara os inimigos com a ajuda do Cinturão do Poder, dos Braceletes Protetores e do Laço Mágico Dourado, que faz com que as pessoas por ele envolvidas digam a verdade. Quem colocava a culpa das confissões nas curvas de Diana Prince estava muito enganado.

Lynda Carter, a eterna Mulher-Maravilha da TV, ganhou até versão em HQ

A encarnação de Lynda Carter como Mulher-Maravilha é tão icônica que até virou HQ recentemente!

Vale lembrar que a Mulher Maravilha é criação de um homem ativista da igualdade de gêneros. O psicólogo William Moulton Marston, com a ajuda da esposa, Elizabeth Holloway Marston, e o artista H. G. Peter, trouxe ao mundo a primeira referência de super-heroína que nossas mães tiveram. Para o bem ou para o mal, continua sendo uma das poucas e, após um período em que se afastou de suas propostas iniciais, agora se vê em período de desconstrução para agradar uma nova geração que não quer continuar ouvindo assobios na rua ou temendo cada esquina ao andar sozinha pela cidade.

Lynda Carter voltou para a telinha encarnando a presidente dos Estados Unidos (!!!!) na série Supergirl, cuja protagonista está presente, ao lado de Lynda, num dos vídeos de divulgação do longa protagonizado pela israelense Gal Gadot. Algo simbólico, já que o feminismo deve ser uma luta coletiva, da qual os homens devem se aproximarem antes de julgarem. Queremos ouvi-los e precisamos da sua atenção sobre nossas reivindicações. Se o único modo de persuadir alguns de vocês é um macacão justo, paciência. As maravilhosas de verdade têm mais opções de figurino e tanto a ser salvo quanto Diane Prince. Olhe em volta. Tem várias perto de vocês.

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