Dívida de Honra (The Homesman) é o filme que traz Tommy Lee Jones de volta às telas como diretor, depois de sua experiência em Três Enterros e em Sunset Limited, este feito para HBO. Jones, que como diretor não tem uma carreira extensa, procura neste novo longa empregar um conceito que podemos chamar de “western road movie”, e é exatamente nesse ponto que encontra-se a grande falha do filme, claro que não pela tentativa de empregar tal conceito, mas pela forma errônea como foi utilizado.
A trama acontece em 1854, e conta a história de Mary Bee (Hilary Swank), uma fazendeira de gênio forte e independente, mas que no fundo é solitária. Certo dia, ela se propõe a levar três mulheres, que supostamente enlouqueceram, até Iowa para receber o tratamento adequado. No caminho ela conhece o desastrado criminoso George Briggs (Tommy Lee Jones), que tem sua vida salva por ela, e em troca a acompanha em sua missão.
O bom elenco do filme, e sua ambientação, certamente são seus pontos fortes. Jones constrói um personagem sério, porém atrapalhado, que aos poucos se mostra um homem de compaixão. Do outro lado, Hilary Swank cria uma Mary Bee forte, decidida, mas que apesar de tudo tem suas fragilidades. Quanto à ambientação, Jones faz bom uso da fotografia e do som, criando um Velho Oeste crível.
Com o espectador imerso nesta dramaturgia, as falhas do filme começam a se sobressair. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, falha gravemente ao tentar abordar aspectos pouco comuns ao gênero. Existem momentos, por exemplo, em que estando as mulheres enlouquecidas em cena, o filme dá a impressão de que vai pender para um lado “sobrenatural”, deixando totalmente de lado sua ideia inicial.
Outro problema – maior ainda – é a completa falta de ritmo do filme. Bons filmes de estrada devem ter um boa cadência (seja ela crescente ou não) para que o espectador evolua na jornada junto com os personagens. Em Dívida de Honra, a incapacidade de prender o espectador na trama por meio desse ritmo é gritante. A fórmula é a seguinte: Bee e Briggs põem o pé na estrada, avançam pouco em sua jornada, param, algo de pouca relevância acontece; avançam mais um pouco, param, algo de pouca relevância acontece. Sendo assim, o desenvolvimento do filme é lento e desinteressante.
Em suma, é um filme com uma boa história e bom elenco, mas que falha em pontos cruciais devido a escolhas erradas de um diretor que já mostrou competência anteriormente, mas aqui deixa a impressão de estar realizando algo apenas para incrementar o currículo. Infelizmente, ganhou só na quantidade.
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