2081, um curta que vale a pena conferir
Para quem ainda não conhece, existe um curta-metragem chamado 2081 que é uma bela produção americana pouco divulgada, mas disponível e legendado (neste caso, infelizmente, apenas em espanhol) no YouTube. Se está com preguiça de entrar lá e procurar, não se preocupe, estamos disponibilizando o acesso ao final desta singela matéria.
O curta é baseado em um conto chamado Harrison Bergeron de Kurt Vonnegut, que teve uma primeira versão em 1996, mais romanceada e feita para TV, com Sean Astin (Goonies e Senhor dos Anéis).
Vonnegut é um escritor de ficção que provavelmente teve sua mais famosa adaptação para as telas com Matadouro 5, dirigido por George Roy Hill. Ele segue a linha de Philip K. Dick* , com livros de ficção associados a críticas sociais. O que o difere de Dick, que teve inúmeras obras transpostas para o cinema como Vingador do Futuro e Blade Runner, talvez seja o foco maior na crítica, deixando a questão científica para segundo plano.
*(Sobre PKD, leia também a resenha sobre sua biografia, a coletânea de contos Realidade Adaptadas e ouça o podcast sobre o mesmo tema)
Na história, ou conto, estamos no ano de 2081, quando algumas leis entram em vigor e determinam que os cidadãos devam ser, obrigatoriamente, iguais em todos os sentidos. Os mais fortes usam pesos para serem equiparados aos mais fracos, os mais belos usam máscaras e os mais inteligentes são vetados através de um alarme/choque quando têm boas ideias. É uma época em que a população é nivelada em todas as formas e a igualdade chegou ao seu extremo.
O filme não chega a ter 30 minutos e esse é o tempo que o diretor tentará passar mensagens subjetivas de forma convincente. É pouco, porque a premissa é tão interessante e o tema tão rico que o próprio tempo é seu inimigo. Você vai querer mais ao final e suas perguntas serão infinitamente superiores as suas respostas.
Em poucas palavras (afinal é um curta!), a adaptação do conto de Vonnegut é uma produção caprichadíssima e seu teor é uma crítica feroz à cultura de massa. Simbolismos que mostram um futuro sombrio de uma sociedade conformada e presa ao ser medíocre. É claro que o futuro de 2081, transposto na tela, está longe de ser realista e nem o mais pessimista poderia prever uma realidade tão exagerada, mas a ideia não é ser real, afinal estamos falando de uma história de ficção científica. O que fica é o choque e o subjetivo é muito mais interessante, afinal faz você pensar. E essa é a intenção do escritor, certamente.
Enfim, tire suas conclusões da história, faça suas conexões políticas, critique a sociedade, o governo, os veículos de comunicação, o ser humano acomodado… Entenda e faça a sua interpretação da forma que quiser. A certeza é que 2081 é muito mais do que uma história comum de ficção científica.
Confira!