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Virando a Página – Mesma história repaginada!

Virando a Página

Quantas vezes podemos assistir a mesma história e continuarmos interessados? Inúmeras, se esta for bem contada. Parece que essa é a proposta e desafio de Virando a Página (The Rewrite), nova comédia de Marc Lawrence, novamente com seu parceiro habitual, Hugh Grant. Usando uma trama extremamente batida e convencional, o diretor e roteirista aposta no charme de seu astro e coadjuvantes, além de sacadas divertidas e espirituosas do roteiro para retirar algo mais dessa história e entregar um filme que, apesar de previsível e por demais familiar, ainda mantém o espectador entretido e interessado.

Virando a Página

Na famigerada trama, um roteirista que teve um único sucesso, há muito tempo, o famoso “one hit wonder”, e que agora se encontra numa fase de vacas magras, sem trabalho e sem família, recebe uma proposta para lecionar num curso de escrita criativa numa universidade em uma cidadezinha interiorana dos EUA. Sem opção e bastante relutante, ele acaba aceitando a oferta, mas acostumado com o luxo de Hollywood, considera o lugar o fim do mundo e não vê a hora de sair de lá. Além disso, em sua arrogância, acredita que talento não pode ser ensinado e que, portanto, aulas de escrita são inúteis, tratando assim os alunos e o curso com desdém e causando diversos problemas. Porém, é claro que os sujeitos doces e excêntricos da pequena cidade vão aos poucos conquistá-lo, assim como a magia do ensino e o poder de fazer a diferença na vida de alguém vai abrir seus olhos, transformá-lo e lhe dar uma chance de redenção.

Virando a Página

O diretor aqui arrisca pouco e coloca suas fichas em fórmulas seguras:

1 – Hugh Grant no papel do esnobe mulherengo e sarcástico, mas de bom coração.

2 – Personagem com passado triste e que tem que fazer as pazes com ele.

3 – Magistério transformando a vida do professor e professor transformando a de alunos.

4 – Conflito com superiora rígida e solitária.

5 – Mulher encantadora que muda a visão de mundo do protagonista.

6 – Coadjuvantes estereotipados, mas carismáticos.

O lado positivo é que essas fórmulas são tão usadas por um motivo. Se aplicadas da maneira correta, como é o caso nesse filme, elas funcionam. O lado negativo é que arriscando tão pouco, também não se consegue ir muito longe e acrescentar grandes coisas ao gênero.

Virando a Página

Um dos méritos do filme que o deixa acima da média é o bom elenco, que além de Grant, numa boa, ainda que repetida performance, conta com Marisa Tomei, Allison Janney, Bella Heathcote e J.K.Simmons, todos bastante à vontade em seus papéis. Aliás, é interessante e divertido ver Simmons num papel que é praticamente o oposto do que fez em Whiplash, que lhe rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante esse ano. O outro mérito são as ótimas piadas sobre a indústria cinematográfica americana e as dificuldades da vida de um roteirista dentro dela. Com certeza Lawrence usou de suas próprias experiências e angústias nessa indústria, visto que é um roteirista bastante experiente em Hollywood.

No fim das contas, Virando a Página é um longa que utiliza bem seus elementos, ainda que limitados. Um “feel good movie” agradável e fácil de assistir, porém igualmente fácil de esquecer.

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