Velozes e Furiosos 8… mesma fórmula e continua divertido!
Com a chegada de Velozes e Furiosos 8 (The Fate of The Furious), é interessante observar a trajetória desta franquia. O primeiro filme era um remake mal disfarçado de Caçadores de Emoção (cujo remake recente é bem… qualquer coisa), que mostrava o policial Brian O’Connor (Paul Walker) entrando em um mundo de corridas ilegais, dominado por Dominic Toretto (Vin Diesel), por conta de assaltos em caminhões que transportavam aparelhos de DVD. Fez seu sucesso e virou uma série de filmes que, mesmo dando seu retorno financeiro, ninguém se importava muito.
A partir do quinto filme, Operação Rio, o grande público abraçou as aventuras com a “família”. O principal motivo foi a mudança de foco: ao invés de ser sobre corridas ilegais, estava se tornando uma espécie de Os Mercenários, onde a equipe de Dom tem missões cada vez mais inverossímeis, com cenas de ação cada vez mais forçadas. A partir dali, como cada filme começou a arrecadar cerca de 700 milhões em bilheteria e o sétimo (leia a crítica) ultrapassou um bilhão de dólares, era óbvio que iriam continuar, mesmo com a morte de Walker em 2013. E agora chega esse oitavo exemplar, que mostra que não se mexe em time que está ganhando.
Durante a sua lua de mel com Letty (Michelle Rodríguez), Dom é encontrado pela ciberterrorista Cipher (Charlize Theron) e obrigado a trabalhar para ela por motivos desconhecidos. Para impedir que ambos roubem dispositivos que podem ser usados para criar uma guerra nuclear, Hobbs (Dwayne Johnson) decide unir a equipe de Dom para descobrir o que aconteceu antes que seja tarde demais. Para isso, precisará da ajuda do burocrata Sr. Ninguém (Kurt Russel) e do terrorista Deckard Shawn (Jason Statham).
Não, caro leitor, você não leu errado. Essa é a sinopse de Velozes e Furiosos 8. Mas se você viu os outros filmes da franquia – cujos roteiros também são assinados por Chris Morgan -, não deveria estar surpreso. O lado bom é que a trama tem noção que é estúpida, mas funciona, assim como nos outros exemplares, que assumiam que a história não era o que realmente interessava. O roteiro é coeso em boa parte e consegue fazer uma ligação interessante com os anteriores, além de criar ótimas frases de efeito.
Engate a marcha e aperte o cinto de segurança!
Como de praxe, o que Velozes e Furiosos 8 tem a oferecer ao espectador é ação desenfreada. Mesmo que seja inverossímil em boa parte, ela é bem executada. A direção agora ficou por conta F. Gary Gray (Straight Outta Compton e Uma Saída de Mestre), que – seguindo as regras de direção estabelecidas pelos seus antecessores, Justin Lin e James Wan – faz um bom trabalho nas cenas de carros. Além de Gray demonstrar criatividade e competência para filmar, ele consegue fazer com que as sequências mais inverossímeis fiquem tensas. E deixa claro para o espectador o que está acontecendo e onde, além de fazer um bom uso de efeitos digitais e práticos, que são maioria na produção.
Infelizmente, Gray falha nas cenas de luta corpo a corpo, cometendo o mesmo erro de quase todos os diretores de ação atuais: excesso de cortes e movimentos de câmeras rápidos, atrapalhando o entendimento do espectador. As que são por conta de Jason Statham e Dwayne Johnson são melhores, já que ambos utilizam poucos dublês. Mas, no geral, o diretor faz um bom trabalho e cria uma diversão bem honesta com o material dado.
Já que mencionei ambos, deve se destacar a ótima química entre Statham e Johnson. Como o resto do elenco, eles estão claramente se divertindo, jogando provocações um ao outro e fazendo referências às carreiras de ambos. Todos continuam fazendo bem cada papel: Vin Diesel consegue fazer com que a sua falta de expressão seja algo comum de Dom, mostrando a sua introspecção e seu código com a família no momentos em que explode; Michelle Rodriguez continua deixando Letty com a mesma personalidade forte, apesar de não dar conta de momentos mais dramáticos; Ludacris e Tyrese Gibson se mostram como bons alívios cômicos em momentos pontuais; e Kurt Russel se mostra muito a vontade como o burocrata que sempre tem uma carta na manga.
Mas e a oscarizada Charlize Theron? Como ela se comporta como antagonista em uma franquia como essa? Sua Cipher tem muita personalidade. A composição da atriz, com uma fala pausada, olhar fixo e expressão fria fazem dela uma vilã ameaçadora. Mesmo em diálogos de efeito, que só servem para mostrar a sua vilania, ela consegue consegue valorizar suas falas. Nada incrível, mas é um bom trabalho e Cipher pode ser mais desenvolvida mais à frente.
Velozes e Furiosos 8 continua com a mesma qualidade dos anteriores: uma diversão estúpida. Por mais que as cenas de ação não sejam tão boas quanto as do filme anterior, o resultado final é positivo. Vamos ver como a gasolina da franquia vai acabar quando chegar ao décimo filme, um sonho de Vin Diesel. Será que o próximo será no espaço? Não duvido de nada…