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Turma da Mônica: Laços – Ponto para o bairro do Limoeiro!

Live-action com roteiro inteligente, Turma da Mônica: Laços diverte e emociona

As experiências mais recentes de adaptações live-action no cinema são bastante assustadoras. Levar ao pé da letra as versões animadas, assim como tentar pequenas inovações nos personagens já se provou um erro. Por conta dessas decepções, muita gente já foi torcendo o nariz antes mesmo de Turma da Mônica: Laços estrear. A ideia de ver na tela grande os personagens que fizeram parte da infância de toda uma geração, retratados de forma caricata ou seguindo muito à risca as características que garantiram seu sucesso (que sabemos que nem sempre funcionam no cinema) era tão assustadora quanto qualquer live-action até então. O diretor Daniel Rezende parece ter pensado em tudo isso antes de entrar no set. E o resultado está em cada plano do filme.

Crítica do filme Turma da Mônica: Laços

Turma da Mônica: Laços já começa sua lista de acertos com o roteiro. Inspirado na HQ escrita pela dupla Vitor e Lu Cafaggi, dentro do projeto Graphic MSP*, a produção tem uma história que preza pela simplicidade para garantir que todos os personagens tenham seus momentos de destaque. Floquinho sumiu, e agora? Essa é a deixa para uma série de situações onde cada um terá que lidar com as diferenças e também as próprias dúvidas típicas do fim da infância. Cascão (Gabriel Moreira), Magali (Laura Rauseo), Cebolinha (Kevin Vechiatto) e, é claro, Mônica (Giulia Benitte) aparecem em proporções semelhantes ao longo da exibição, conquistando a simpatia do espectador para, no ápice da trama, funcionarem todos juntos. Afinal, se há uma coisa que aprendemos com as criações de Maurício de Sousa é que, mesmo com coelhadas pelo caminho, a amizade é o que mais importa.

*Confira o Formiga na Tela sobre Chico Bento: Arvorada!

Claro que não havia como fugir das características marcantes de cada um dos integrantes da turma, mas a apresentação delas não soa, em nenhum momento, didática. Daniel Rezende se preocupou em dirigir todo o elenco levando em consideração que são jovens atores e, por isso mesmo, ainda estão formando seu estilo de interpretação. E o quarteto central faz jus aos seis meses de processo de escolha, acompanhado de perto por Maurício de Sousa. Eles mantem o espírito das crianças dos quadrinhos, mas trazem algo de si para os personagens. São, antes de tudo, pequenos que podem morar na mesma rua que a gente.

Participações especiais e visual nostálgico

Visualizar o bairro do Limoeiro, que tantas vezes esteve diante dos leitores dos gibis, na telona, é um prazer. Os ares de anos 50 casa com perfeição com o figurino intimista, porém marcante (quem esquece aquele vestido vermelho?), funcionando tanto nas cenas iniciais como nas de ação mais intensa, caso das sequências na floresta. É nelas, aliás, que a fotografia assinada por Azul Serra se destaca. Todas as cores são possíveis naquele universo, dizendo a quem assiste que a vida tem um quê de história em quadrinhos. É um retrato de como as crianças enxergam o mundo. Pelo menos as crianças que deram os primeiros passos nas letras com as aventuras da garotinha dentuça e valente.

Participações especiais. Óbvio que elas não poderiam faltar e o grande destaque, desde que foram divulgadas as primeiras fotos, é Rodrigo Santoro no papel de Louco. Provando mais uma vez sua veia lúdica como ator, ele encanta não apenas pela semelhança física (ponto extra para a equipe de caracterização!), mas por transmitir todo o nonsense do personagem. E o que dizer do Velho do Saco, interpretado por Ravel Cabral? Os mais grandinhos devem ter sentido um arrepio.

Crítica do filme Turma da Mônica: Laços

Ainda tem Jeremias, Xaveco, o Seu Cebola…a turma quase toda. Ao final da sessão, é impossível não ficar nostálgico. Esta que vos escreve deve muito as histórias da Turma da Mônica, facilitadora na entrada na Nona Arte, que acontece, infelizmente, de forma tardia. Mas se esquecermos todas as referências, toda uma história de idas ao cinema para assistir A Princesa e o Robô ou Mônica e a Sereia do Rio, e forcarmos num novo público, cercado de telas de todos os tamanhos e com informações ao alcance de um clique, percebemos o grande feito de Daniel Rezende, que já tinha mostrado à que veio como diretor em Bingo: O Rei das Manhãs: contar uma história respeitando a inteligência das crianças e fortalecer a ideia de que não há nada de mal em ser baixinho, ou ter um cabelo de cebola, ou mesmo ter dificuldade para tomar banho. A complacência que os quatro amigos demonstram um pelo outro, adaptando a aventura para que sigam juntos, é impressa no filme sem que seja preciso apelas para o pieguismo ou frases feitas.

Turma da Mônica: Laços apresenta para uma nova geração, sem deixar de acalentar o coração da anterior, que podemos ser donos da rua. Juntos.

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